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Observações meio soltas sobre a esquerda e o segundo turno. Por Luis Felipe Miguel
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Comportamento
Ter, 01 de Dezembro de 2020 00:04
Luis_Felipe_Miguel1) Desculpem os triunfalistas, mas uma conclusão se impõe: fomos derrotados no segundo turno. Não apenas porque a esquerda ganhou poucas prefeituras, mas porque fez menos votos do que se esperava em quase todas elas.
A diferença de Covas sobre Boulos, por exemplo, foi o dobro do projetado. Também no Recife, em Porto Alegre, em Vitória etc. Em Belém, Edmilson conseguiu uma vitória muito apertada, concorrendo - é bom não esquecer - contra um candidato tosco e desqualificado. Só em Juiz de Fora houve uma vantagem um pouco mais dilatada.
2) Por que isso ocorreu? Uma parte importante da explicação passa pela união da direita em todas essas cidades. Os "limpinhos" e os asquerosos, bolsonaristas e não-bolsonaristas somaram esforços para que os candidatos do PT, PSOL e PCdoB fossem derrotados. Como em 2018, essa junção - de dinheiro e de máquina pública, de redes de clientela e de compra de votos, de empresas de mídia, púlpitos das igrejas e redes de desinformação no zap - mostrou-se poderosa. Ainda precisamos descobrir como lidar com ela.
3) A derrota no segundo turno significa que as esperanças que alimentamos de 15 de novembro até ontem foram frustradas, mas não muda o diagnóstico geral sobre as eleições deste ano: a esquerda respira. Ampliou ligeiramente sua votação total e aumentou o número de mandatos de vereadores e prefeitos nos maiores centros urbanos. Depois de anos de perseguição sem trégua, não é pouca coisa.
4) Entre os três principais partidos da esquerda, o PT demonstrou resiliência e o PSOL cresceu graças à vitória de Belém e à bela campanha de Boulos. Convém, no entanto, ir devagar com o andor: o dirigente do MTST arejou o discurso e mostrou estatura como liderança da esquerda, mas seu desempenho contado em votos não foi excepcional. Covas ganhou mais votos do que ele entre o primeiro e o segundo turnos. E a votação total que Boulos obteve ficou 250 mil votos abaixo do que Haddad conseguiu na cidade de São Paulo no segundo turno da eleição presidencial de 2018.
5) O PCdoB, por sua vez, saiu derrotado - perdeu votos e perdeu mandatos. Flávio Dino apanhou muito no Maranhão e sua opção pela "frente ampla", com parceria prioritária com a esquerda "moderada" (PSB e PDT), fracassou - serviu apenas para tornar seu partido cúmplice da campanha bolsonarista contra Marília Arraes no Recife. Mesmo derrotada em Porto Alegre, Manuela d'Ávila sai fortalecida, encarnando uma linha pecedobista que favorece o diálogo à esquerda. Dino, aliás, percebeu bem isso e o sinalizou ao votar, ontem, com uma camiseta de "Lula livre". Seja como for, a situação do partido é dramática e parece pouco provável que ele consiga superar a cláusula de barreira de 2022.
6) O segundo grupo da esquerda, de partidos com maior heterogeneidade regional e que tiveram postura conivente com o golpe de 2016 ou vacilante no enfrentamento da candidatura Bolsonaro, saiu derrotado das eleições deste ano, com redução significativa no seu estoque de votos. A Rede parece que não será capaz de se consolidar como partido. E as vitórias sofridas que PSB e PDT obtiveram no Recife e em Fortaleza não mudam substancialmente o quadro. Com o malogro da estratégia da "frente ampla" e a permanência de um vácuo absoluto no "centro" ao qual eles pretendiam acenar, esse partidos enfrentam dificuldade para encontrar uma estratégia promissora.
7) O diálogo entre o PT, com maior capilaridade nacional e maior enraizamento na classe trabalhadora, e o PSOL, que é quem renova o apelo da esquerda para as juventudes urbanas, é fundamental para a esquerda brasileira - o que exige deixar de lado hegemonismos, ressentimentos e purismos.
8) Durante o período em que o PT ingressou no terreno da política tradicional, contando com o controle de fatias cada vez maiores do Estado e com a simpatia de parcelas do capital, o sucesso eleitoral da esquerda descolou-se de sua capacidade de mobilização social. Agora não é mais assim. As urnas estão espelhando, cada vez mais, essa capacidade. A luta contra o retrocesso tem que ser feita a cada dia, palmo a palmo. O foco não é, não poder ser, a disputa de 2022. Os votos de 2022 virão na medida da luta de todos os dias.

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