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O lugar das mães por Carla Rodrigues
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Comportamento
Seg, 28 de Maio de 2007 06:32
As mães que querem dedicar-se plenamente à educação de seus filhos e ao serviço da família têm de gozar das condições necessárias para poder fazer, com o direito de contar com o apoio do Estado. O papel das mães é fundamental para o futuro da sociedade.

 

A declaração é do papa Bento 16, já no último dia de sua estada no Brasil, e remete a uma velha questão não resolvida sobre o papel da mulher. Afinal, como conciliar o inconciliável, a vida pública e a privada, a carreira e a maternidade? Se de um lado a Igreja Católica bate na velha tecla de que o papel das mães é fundamental para o futuro da sociedade – e os pais? –, de outro o movimento feminista não sabe o que fazer com o legítimo desejo das mulheres de ter filhos. Na França, a historiadora e feminista Yvonne Knibiehler, 84 anos, defende que a verdadeira liberação da mulher passa pela defesa da maternidade.

De fato, se o papel da mulher na sociedade for estritamente valorizado pelo seu lugar no mercado de trabalho, ficará restrito a uma abordagem mercantilista. É a isso, de certa forma, que o papa está criticando quando defende que as mães tenham o apoio do estado. Ou seja, que o papel da que educa e cria os filhos seja valorizado. Em outra ponta, embora por razões distintas, a feminista faz afirmações muito semelhantes quando diz:

A maternindade não é somente uma vaidade pessoal. É, também, uma função social. Estou convencida de que, ignorando esta função social, ignora-se também pelo menos a metade das realidades maternas. O resultado das minhas pesquisas não fizeam nada além de reafirmar essa certeza. O feminismo debe, antes de tudo, repensar a maternidade.

De fato, a recusa do feminismo em pensar a maternidade tem muito a ver com a rejeição de valorização da maternidade como papel “natural” da mulher – o que certamente está presente no discurso do papa. No entanto, para além desta questão, não é possível ignorar que a educação das crianças é uma necessidade social fundamental, na medida em que dela depende a própria idéia de que se formem adultos melhores e mais bem preparados para que, no futuro, homens e mulheres possam desempenhar papéis cada vez menos condicionados por convenções.

Como fazer isso sem aprisionar as mulheres ao âmbito da vida privada, sem negar-lhes a perspectiva de uma carreira profissional? A resposta que a teoria e a militância feminista têm dado para esta pregunta tem sido, na prática, insuficiente. A idéia de que pai e mãe podem compartilhar esta responsabilidade no dia-a-dia, embora óbvia, é pouco aceitável – pelo mercado, que paga aos homens salários maiores do que às mulheres justamente porque espera que eles não faltem ao trabalho por causa da febre do caçula; pelas próprias mães, porque a maioria ainda acha que as crianças serão mais bem cuidadas por mulheres, mesmo que seja a avó ou a empregada, do que por um homem; pelo estado, que concede licenças-maternidade brutalmente diferenciadas para homens e mulheres; pelos filhos, que esperam mais de suas mães do que de seus pais; pelas escolas, que marcam reuniões de pais em horários impossíveis para os homens; e até pelos pediatras, que reforçam no consultório a tese do instinto maternal, dando aos pais papel secundário na vida dos bebês.

Este nó que está longe de se resolver precisa ser repensado à luz de uma nova abordagem. Até aqui, tanto os enfoques que tentaram ou reafirmar a importância biológica da maternidade, como fez o papa, para valorizar as mulheres que querem cuidar dos filhos, tanto as feministas que continuam apenas batendo na velha tecla de que as mulheres têm o direito de trabalhar, se assim o quiserem ou se precisarem. É verdade que a maternidade e a sexualidade sempre foram instrumentos de confinamento das mulheres. Mas é verdade, também, que há pelo menos 30 anos há uma firme e permanente destruição dessa idéia. Trata-se, agora, de saber construir alguma coisa nova para colocar no lugar.

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