Isso não é diferente no mundo psi. Há psicanalistas, psicólogos, psiquiatras, terapeutas de outras linhas, que acham que somente seus conhecimentos resolvem os infinitos, subjetivos e individuais processos de trajetórias pessoais.

Nas últimos décadas, cada vez que surge uma “nova” técnica para tratamentos psicoterapêuticos, muitas vezes é uma brigalhada danada envolvendo os pares do segmento. As formações, geralmente caras, são disputadas por muitas e muitos em frequências muito mais mercadológicas que de avanços para a ciência que tragam benefícios para o coletivo.

Várias e vários profissionais da área mergulharam em formações, todas excelentes, a exemplo de Constelações Familiares, Barras de Access, etc e tal, e passaram a professar essas possibilidades como as únicas salvadoras da psique. Como se essas e outras que existiam antes, outras que existem, as que existirão, não fossem somente adequadas aos processos afins, às individuações, aos vínculos estabelecidos entre a pessoa atendida e a “pessoa profissional”.

Creio que é preciso parar de nutrir esse equívoco atávico da existência humana de acharmos que conhecimentos são uma propriedade nossa e que os atendimentos ficam paralisados nessa ou naquela formação, naquela técnica.

Como diria Jean-Yves Leloup, ninguém “cura” ninguém, ninguém se “cura” sozinha (sozinho), o ser humano “cura-se” no encontro.

E os encontros são pessoais, intransferíveis, não há empáfia intelectual e competição predadora que possam sobreviver a isso.

(Maria Prado de Oliveira escreve quando quer, é atriz bissexta, tem uma formação em Filosofia e pós em Filosofia Clínica, abandonou Comunicação Social – Cinema e Jornalismo/ Letras com Francês/Museologia, é produtora artística, trafega em utopias)