Aldeia Nagô
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Candidatos e partidos devem se responsabilizar pelos impactos ambientais das campanhas políticas, defende especialista em sustentabilidade

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A campanha para as eleições de 2024 ainda não começou oficialmente, mas os impactos ambientais gerados nesse período já são velhos conhecidos.

Um levantamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral apontou que o resíduo produzido pelo material impresso da propaganda eleitoral de 2012 poderia ser utilizado para a publicação de 40 milhões de livros escolares.

Somente em Salvador, após as eleições de 2016, mais de 100 toneladas de resíduos – majoritariamente, santinhos e panfletos de candidatos – foram retiradas das ruas.

Para a mestre e consultora em Sustentabilidade, Leide Laje, esse e outros danos causados ao meio ambiente pelas campanhas políticas podem ser mitigados. Para isso, ela defende a necessidade de ações interdisciplinares e integradas. “É preciso minimizar o uso de recursos naturais, promover a economia circular e a conscientização ambiental dentro dos partidos, coligações e com os eleitores”, explica.

Nesse sentido, Leide aponta que a inclusão socioambiental das cooperativas de catadores de materiais recicláveis é um diferencial para as campanhas políticas. Além de garantir a destinação adequada e reaproveitamento de resíduos, a iniciativa gera renda para os trabalhadores. “A adoção dessas práticas traz benefícios imediatos e posiciona a campanha como um exemplo de responsabilidade e inovação, alinhando discursos e projetos políticos com a campanha em execução nas ruas”, avalia.

Leide avalia que muitas candidaturas costumam abordar pautas ligadas à sustentabilidade, como racismo ambiental, mudanças climáticas, emissão de carbono, acessibilidade, vulnerabilidade social e diversidade. “No entanto, quando analisamos os eventos, as logísticas e todo o material produzido  não percebemos essa mesma preocupação. É fundamental campanhas ambientalmente responsáveis alinhadas aos projetos políticos em pauta”, critica.

Ainda pouco discutido no Brasil, o conceito de “eleições verdes” engloba a incorporação de práticas sustentáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente engajadas nas campanhas eleitorais. Exemplos dessa prática já foram registrados em países como Alemanha, Canadá, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia. No Brasil, os Tribunais Regionais Eleitorais têm desenvolvido ações de conscientização para estimular partidos, candidatos e eleitores a contribuírem para uma eleição mais limpa e sustentável.

Apesar de reconhecer a importância das campanhas, Leide Laje adverte para o risco de pouca efetividade se não houver um planejamento baseado nas especificidades de cada partido, coligação, candidato e, principalmente, do município onde ocorrerão as eleições. “No exterior, nós temos exemplos de uso de energia renovável e materiais recicláveis, além de campanhas digitais, que reduziram o uso de papel. Mas é preciso analisar a realidade de cada uma das cidades brasileiras para pensar alternativas possíveis de serem adotadas”, pondera.

Para auxiliar candidatos, partidos e coligações a incorporar práticas sustentáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente engajadas nas campanhas, a Laje Sustentável vai prestar consultoria durante as eleições de 2024. A empresa vai utilizar a expertise adquirida com os trabalhos realizados no Afropunk Bahia e Festival de Verão para aprimorar a eficiência de campanhas e promover um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade.

Sobre Leide Laje

Leide Laje é arquiteta, consultora e mestre em Sustentabilidade pela USP.  Além disso, através de agências, produz conteúdos de sustentabilidade para campanhas e eventos em São Paulo. Foi a primeira estudante brasileira certificadora do selo PROCEL Edificações e atuou como analista de eficiência energética da NEOENERGIA. Nos últimos anos, participou de capacitações voltadas para diversas frentes de sustentabilidade e criou a empresa Laje Sustentável.

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