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Aldeia Nagô
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Carta para Fernanda Torres: um Oscar pela democracia.Jamil Chade

3 minutos de leituraModo Leitura
jamil-chade

Querida Fernanda Torres,

A cultura tem tido, ao longo da história, um papel decisivo na transformação de sociedades. Movimentos artísticos criaram a base de uma conscientização popular, poemas mobilizaram a resistência francesa, canções embalaram a onda pacifista no Ocidente.

Hollywood, sem qualquer segredo ou constrangimento, foi uma arma da construção da ideia da “excepcionalidade” americana, com um profundo impacto numa sociedade que foi orientada a acreditar que tem uma suposta missão no planeta. Também foi, com produções extraordinárias, uma plataforma para denunciar o nazismo e outros crimes.

Hoje, a democracia vive uma encruzilhada, com uma parcela do mundo tomada por campanhas que relativizam o estado de direito, sugerem a ideia intervenções militares, o estabelecimento de uma “ditadura só por um dia”, como no caso de Donald Trump, ou o desmonte das conquistas das mulheres em seu longo e absurdo caminho pela emancipação.

Hoje, cabe a cada um de nós uma reavaliação profunda de nossos papéis sociais e assumir que nossa geração será cobrada pela história quando, no futuro, perguntarem onde estavam aquelas pessoas enquanto avanços obtidos ao longo de séculos eram ameaçados.

O teu lugar nós já sabemos qual será: a do Oscar da democracia.

Em “Ainda estou aqui”, você não é apenas nossa história ou a atriz que encarna o papel de uma mulher extraordinária, sem derramar uma só gota de lágrima. Você coloca no centro da sala o debate sobre o que ocorre com uma família quando a arbitrariedade do autoritarismo vinga.

E, hoje, isso dispensa tradução em línguas estrangeiras. Numa das apresentações do filme, em Roma, a atriz italiana Valeria Golino, que abriu as cortinas do teatro, destacou como aquelas cenas de uma família atravessada pela suspensão das garantias mais fundamentais e do direito à vida poderiam ser de “todos nós”.

De fato, elas são.

Num mundo onde a extrema direita avança, onde a desinformação passou a ser um instrumento legítimo de poder e o espaço cívico encolhe, “Ainda estou aqui” é uma declaração de amor à resistência e à construção da democracia por cada um de nós.

Ao percorrer cidades no exterior para a estreia do filme, você e Walter Salles estão mandando uma mensagem poderosa ao mundo de que, numa democracia, a anistia não é o caminho para a paz social. Os criminosos estão vivos, assim como a impunidade. Um dos torturadores chegou a receber 26 medalhas ao longo de sua carreira militar. O outro foi condecorado com a Medalha do Pacificador. Juntos, os responsáveis por aqueles atos custam aos cofres públicos mais de 1 milhão de reais por ano em pensões.

Em cada sessão que serve como uma espécie de antídoto à onda autoritária, vocês estão confrontando populistas, charlatães e vendedores de ilusão do século 21 ao afirmar que a democracia ainda está aqui. E que lutaremos por ela.

A resistência é a insistência de Eunice em fazer com que, diante do fotógrafo, todos estejam sorrindo. Algo insuportável aos movimentos autoritários.

A resistência é nosso intransigente dever de memória, inclusive como homenagem a quem a perdeu.

Saudações democráticas,

Jamil Chade

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