Cine Kurumin leva programação com oficinas e mostra de cinema para três comunidades indígenas da Bahia
A programação inclui debates, exibição de filmes e oficinas para os territórios Payayá (Chapada Diamantina), Pataxó (Costa do Descobrimento) e Tupinambá (Litoral Sul da Bahia).
Depois do sucesso da 9ª edição do Cine Kurumin – Festival de Cinema Indígena realizada em Salvador, a programação segue com atividades ampliadas para os territórios indígenas Payayá (Chapada Diamantina), de 15 a 17 de novembro, Pataxó (Costa do Descobrimento), de 15 a 17 de dezembro e Tupinambá (Litoral Sul da Bahia), de 19 a 21 de dezembro. Confira a programação completa no site https://cinekurumin.com.br/.
Na programação, o Cine Kurumin apresenta, além dos filmes selecionados para a Mostra Competitiva, Mostras Especiais como “Minérios são lascas de céu”, com filmes de realização Yanomami, que serão exibidos na Chapada Diamantina, local que historicamente impactado pela mineração.
“Para nós da comunidade Payayá, o audiovisual é uma arte que impulsionou nossas atividades e o Cine Kurumin vem para complementar as nossas conquistas”, afirma o cacique Juvenal Payayá.
Outra atividade prevista,a Oficina de produção audiovisual de animação “Minha Aldeia Animada”, acontece entre 15 a 17 de dezembro, ampliando as ações do festival na Escola Indígena de Aldeia Velha.
O Cine Kurumin encerra as atividades desta edição Território Tupinambá de Olivença, destacando a volta do Assojaba na Abertura com o debate “Retomando narrativas: a volta do Manto Tupinambá”, protagonizado por lideranças indígenas.
O Cine Kurumin é uma janela para a produção audiovisual indígena, destacando a potência ancestral dessas imagens em suas expressões da diversidade artística, cultural, cosmopolítica e multiétnica.
No Brasil, onde há uma grande diversidade de povos indígenas e muitas produções audiovisuais desses povos, o Cine Kurumin é o principal festival dedicado à exibição e formação de público para o cinema indígena. O festival é apoiado nos princípios de autodeterminação e autonomia dos povos indígenas, ética e diálogo intercultural, além de respeitar os direitos autorais coletivos e propriedade intelectual indígena.
A expressão temática e conceitual desta edição do Festival Cine Kurumin reflete os territórios indígenas e suas cosmologias de cuidado e preservação das florestas e da biodiversidade. Os recorrentes processos invasivos provocados pela exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em Terras Indígenas apresentam-se como contraponto, estabelecendo contradições e impactos diretos ao modo de vida dos povos originários. Diante desse confronto de mundos, somos conduzidos pela impactante cosmologia Yanomami, apresentada pelo xamã Davi Kopenawa que nos inquieta ao afirmar “o que os brancos chamam de minério são as lascas do céu, da lua, do sol e das estrelas que caíram no primeiro tempo”.
“Uma janela para as imagens de povos originários, o Cine Kurumin também possibilita o diálogo intercultural com os cineastas indígenas, provocando debates sobre os filmes e as questões indígenas contemporâneas. Esse encontro intercultural cria aproximações com a realidade atual dos mais de 200 povos que vivem no país, somando cerca de 1,7 milhões de pessoas”, afirma Thais Brito, diretora e curadora do Cine Kurumin.
O percurso das narrativas audiovisuais indígenas apresentadas pela equipe curatorial do Cine Kurumin leva a imaginar futuros possíveis, futuros ancestrais, nas palavras de Ailton Krenak. Apontar para a demarcação dos Territórios Indígenas como esse futuro, uma reserva de futuros.
“O Cine Kurumin vem sendo a maior janela de exibição e de culminância das produções cinematográficas indígenas e seus realizadores. Um evento que consegue reunir e representar tantas linguagens, culturas e biomas, um espaço múltiplo e plural, como nossos povos originários. Que seja um grande encontro de realidades diversas e de imaginários possíveis”, destaca Bia Pankararu, uma das curadoras do festival.
O Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena tem patrocínio do Banco do Nordeste, através da Lei de Incentivo à Cultura, Lei Rouanet. Realização Ministério da Cultura, Governo Federal.
Cine Kurumin
O Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena é um dos mais importantes festivais dedicados à exibição de produções audiovisuais indígenas no Brasil. O festival acontece desde 2011, com edições realizadas na cidade de Salvador e em territórios dos povos, Tupinambá de Olivença, Pataxó, Tumbalalá, Tupinambá da Serra do Padeiro e Kiriri, na Bahia. Uma das edições foi realizada em formato itinerante no Parque Indígena do Xingu, na Aldeia Yawalapiti. Em 2020 e 2021, o festival aconteceu nas redes, com programação online.
Diversos realizadores marcaram presença no Cine Kurumin desde que o festival foi lançado, como Ailton Krenak, Jaider Esbell, Takumã Kuikuro, Kamikia Kisêdjê, Ariel Ortega, Zezinho Yube, Isael Maxakali, Dário Kopenawa Yanomami, Patrícia Ferreira, Graci Guarani, Alexandre Pankararu, Alberto Alvarez, Olinda Muniz, Suely Maxakali, Amália Córdova, além de Vincent Carelli, idealizador do Vídeo nas Aldeias. Nesta edição, estarão presentes os (as) seguintes realizadores (as): Andressa Apinajé, Bia Pankararu, Ana Carvalho, Alberto Alvares, Eder Santos, Edivan Guajajara, Bih Kezo, Marcelo Cuhexê Krahô, Morzaniel Yanomami, Olinda Muniz, Otávio Kaxixó, Renan Khisetje, Txira Hunikuin, Juvenal Payayá e Ziel Karapotó.
Serviço
Evento – 9० Cine Kurumin – Festival de Cinema Indígena
Terra Indígena Payayá (Chapada Diamantina), de 15 a 17 de novembro. Utinga, BA
Terra Indígena Pataxó (Costa do Descobrimento), de 15 a 17 de dezembro. Porto Seguro, BA
Terra Indígena Tupinambá (Litoral Sul da Bahia), de 19 a 21 de dezembro. Ilhéus, BA
Programação completa no site https://cinekurumin.com.br
Acesso gratuito.
Foto: Purki