Aldeia Nagô
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Como lidar com o fim do relacionamento? por Maria Cristina Capobianco*

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

O fim de uma relação é um momento muito delicado que exige cuidados pois freqüentemente envolve tristeza e sofrimento.


Para alguns este sofrimento se deve ao sentimento de perda de um ser
muito significativo e para outros esta perda representa um alivio.
Quando a relação em si é conflitiva, por vezes sentida como destrutiva
a separação significa uma libertação deste sofrimento.

Neste sentido o término de uma relação precisa ser visto como um
momento de um processo, que precisa ser delicadamente cuidado; exige
reflexão e análise para que possa acontecer a partir dela uma
transformação, uma renovação das pessoas.

É comum perceber que algumas pessoas, imediatamente após a separação
mergulham em outros relacionamentos ou no trabalho ou na academia, como
forma de amenizar a dor, o vazio. Outras caem em um desânimo profundo,
a vida perde o sentido e sentir só torna-se insuportável. Especialmente
na adolescência, período de grande vulnerabilidade e impulsividade, as
tentativas de suicídio são freqüentes.

Essa vontade de querer fazer tudo ao mesmo tempo para esquecer o ex,
nem sempre é bom. No primeiro caso, o alivio da sensação de peso que o
relacionamento despertava faz a pessoa pensar que ter ‘descartado’ a
relação foi uma atitude mais saudável. Em muitos casos, a separação é
necessária e aponta para a ampliação dos modos de viver a vida.

Porém, se a pessoa não tenta compreender como foi entrando e
permanecendo numa relação que se tornou destrutiva, ela poderá
eventualmente continuar escolhendo este tipo de relação e repeti-la com
outras pessoas. Aparecem em muitos casos outras ‘dependências’, de
álcool, do trabalho, da tirania da imagem de um corpo esbelto, potente.

As pessoas, que pelo contrário, passam por períodos de sofrimento
profundo, depressão, tristeza, também precisam de cuidados intensos,
ressalta a terapeuta. Provavelmente esta pessoa se sente abandonada,
sua autoestima despenca e perde a confiança no seu potencial e desejo
de seguir vivendo.

Nestes casos, o que houve provavelmente foi que a relação era o que
denominamos de um tipo ‘simbiótico’; similar aquela que acontece entre
uma mãe e um recém nascido. O bebê não tem recursos próprios para
sobreviver, ele não discrimina quem é quem, mãe e bebê se fundem numa
única pessoa.

Quando pessoas adultas mantêm este tipo de relação, na qual existe uma
indiscriminação intensa entre quem é quem, quando acontece a separação,
ela é vivida como se perdesse uma parte de si próprio ao se desligar do
outro. A pessoa se confundiu tanto com seu parceiro, que ao se separar
dele, perde seus próprios recursos e sente-se um bebê sem a proteção da
mãe.

Após a separação, o período de luto pela perda do ser amado varia e é
comum chegar a nove, dez ou doze meses. É importante ter paciência e
não tentar acelerar o processo. As pessoas têm o costume de olhar de
maneira negativa para as experiências de sofrimento.

Porém é fundamental respeitar o ritmo que cada um precisa para elaborar
este momento e poder se abrir para novas experiências. Homens e
mulheres variam muito na sua forma de vivenciar este momento. Os homens
sofrem sozinhos; enquanto as mulheres se apóiam uma nas outras, eles,
por razões culturais, se fazem de durões.

 

Maria Cristina Capobianco é Mestre em Psicologia Clínica pela
PUC-SP,fez especialização em Psicanálise de adultos e crianças no
Instituto Sedes Sapientes, SP. Trabalhou nos Hospitais, São Paulo,
Hospital do Câncer A.C. Camargo, Hospital Municipal Infantil Darcy
Vargas e Hospital Umberto I trabalhando os aspectos emocionais de
crianças com enfermidades nas áreas de gastropediatria, neoplasias,
pneumologia, nutrição hepatologia entre outras e as doenças
psicossomáticas. Desenvolveu o trabalho clínico com famílias de
trabalhadores para atender os efeitos do trabalho dos pais nas relações
familiares. No consultório, utiliza atividades artísticas como um meio
de abordar os conflitos das crianças.Escreveu o livro, "O Corpo em
OFF", Editora Liberdade, 1998

Artigo publicado originalmente em: http://itodas.uol.com.br

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