Aldeia Nagô
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Culturas Populares e Identitárias, um Ganho para o Povo Baiano por Fernando Monteiro

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

Recentemente a Secretaria de Cultura da Bahia
(SECULT) foi reestruturada através da reforma administrativa do governo do
Estado aprovada em abril deste ano.



Com isto, mudanças significativas
aconteceram como a criação do Centro de Culturas Populares e Identitárias, um
marco que mostra não só o reconhecimento à cultura popular, sobretudo
relacionada às questões de identidade, mas também por este reconhecimento
apontar para políticas públicas aos que historicamente sempre foram excluídos
desse processo. O governo da Bahia acerta ao fazer isso.

Na Bahia, a cultura popular e nossos símbolos
sempre foram utilizados como produto ao turismo. A priorização deste tipo de
política sem o devido fortalecimento da identidade cultural, aliado a falta de
educação de qualidade, produziu fenômenos como o da falsa baianidade, assim
como outros danos.

É certo afirmar as peculiaridades do povo baiano
como o sorriso fácil de uma gente de fácil amizade, que consegue apesar das
dificuldades ser feliz. Mas também é fácil afirmar que esta forma de ser, quando
passou a ser vendida como produto, sem cuidados necessários de preservação
identitária, ou seja, sem o que é primordial; o cuidado com nossa gente, com
nossa cultura, levou ao imaginário coletivo a idéia da Bahia como terra da
felicidade, omitindo para dentro e para fora de nosso Estado as mazelas
produzidas pela gritante desigualdade social.

A cultura é dinâmica e sofre permanentes
interferências e transformações. É natural que a forma de ser do baiano,
refletida em sua musicalidade, gastronomia, formas de falar, vestir ou fazer
festa se modifique diante do que se rege também na esfera política. O que
importa é qual forma de ser queremos.

Neste contexto, o Centro de Culturas Populares e
Identitárias da SECULT tem grande papel na condução de um novo processo que
viabilizará a importância da identidade como fator determinante na preservação
da cultura seja ela popular ou não.

Longe do pensamento de um Estado paternalista, a
maior função do Centro talvez seja o de proporcionar ao cidadão baiano ser o
que é, aliás, algo complexo se pensarmos que o incentivo do Estado à
espontaneidade, por si só já denota intervenção à cultura de forma a
transformá-la. Porém, no caso em questão, cabe afirmar que apesar da
dificuldade em encontrar qual o limite entre Estado e o espontâneo, fomentar a
diversidade de manifestações culturais, difundir e fortalecer nossa cultura com
conjunto de ações que valorizem este patrimônio identitário é necessário para
autoafirmação e preservação cultural de nossa terra.

É na afirmação da identidade que nos tornamos um
povo singular e com isso atrativo ao mundo. É também nesta afirmação que se
potencializa a originalidade, personalidade, peculiaridade e consciência de
sociedade e, por consequência cidadania.

Portanto, o novo Centro de Culturas Populares e
Identitárias da SECULT é extremamente importante e simboliza novo trato à
cultura de nossa terra. Sem dúvida um grande passo para o desenvolvimento de
nosso Estado.

Fernando Monteiro

Músico e membro da Coordenação do Setorial de
Cultura do PT Bahia

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