Democracia americana unipolar se desmanca no tiro de Thomas Mattew para matar Trump. Por César Fonseca
A propaganda da democracia americana que tanto direita e esquerda liberal proclamam como suprassumo civilizatório recebe tiro na cabeça com a violência do atentado contra candidato do partido republicano.
Não tem nada de democrático cidadão anônimo, articulado a grupos ou atuando individualmente, solitariamente, como parece ser o caso do jovem que tentou matar Donald Trump, buscar fazer justiça com as próprias mãos.
O Estado americano profundo, que cria pessoas como o atirador solitário Thomas Matttew Crooks, revela-se produtor do individualismo, característica essencial do capitalismo, que abomina, radicalmente, qualquer espírito coletivo, que respeita o semelhante como a si mesmo, como princípio cristão.
A tentativa de matar Trump, como no passado aconteceu com Kennedy e outros, denuncia o Estado anti-cristão, profundamente, bárbaro, o oposto de construção de humanidade global multipolar, fraterna, ideal, verdadeiramente cristã.
A luta política democrática na América é o puro faroeste, criado pela imaginação da indústria armamentista que seduz a onipotência dos loucos.
A América dos proclamados líderes americanos não tem nada de espírito de solidariedade humana, quando a violência se expressa como o normal no comportamento da cidadania na maior potência econômica da terra, em estado de aflição decadente.
O poder está na loja da esquina na qual se compra com cartão de crédito um rifle de última geração, alvo do consumo do doido pronto a aprontar a mais profunda barbaridade, como se fosse brinquedo de criança.
Sociedade da banalidade.
O melhor é matar o assassino, como fizeram os agentes de segurança, para não ter que investigá-lo diretamente, mas, sim, por terceiras interpretações que não chegam aparentemente a lugar algum, senão a uma totalidade de ignorância e loucura, de modo a descobrir o óbvio: a essência de uma sociedade que não sabe o que realmente quer, a não ser mostrar sua soberania vazia e sem sentido, conferida por um estado militarista gerador de assassinos genéticos.
O atentado, nos Estados Unidos, virou variação do horror de cidadãos matadores que entram armados em escolas, igrejas, teatros, cinemas, espaços públicos etc., para exterminar seus semelhantes sem, aparentemente, razão alguma, salvo a de evidenciar a exterioridade espiritual de uma sociedade doente, tremendamente, polarizada, que de democrática só tem o nome.
Povo eleito pelo senhor para comandar o mundo?
REALIDADE INVENTADA PELO DINHEIRO
Essa verdade inventada pelo espírito do capitalismo aventureiro, que se agigantou ao longo da história dos Estados Unidos, é a mãe da arrogância e da prepotência.
Ela alimenta a supremacia hegemônica cujas virtudes somente existem na ansiedade social de construir um reinado na terra sem raízes firmes na fraternidade humana, mas agarrada à exterioridade frágil da propriedade que se desmancha no ar no embate de uma realidade dual que avança no compasso da negatividade dialética.
“Tudo muda, só não muda a lei do movimento segundo a qual tudo muda” (Hegel) – e nesses tempos de velozes comunicações instantâneas, o império construído pela prepotência e arrogância vai se esvaindo e, igualmente, deixando a sociedade dos valores que proclama como verdades já sem sentido.
“O inferno são os Outros”, disse Sartre.
A bala disparada do rifle de jovem louco, que deveria estar ciente da sua sanidade insana tem ou não origem na doença social que ataca os sentidos do império em sua missão de infernizar o mundo pela guerra como o âmago da sua trajetória trágica?
O capitalismo americano, cuja essência materialista histórica dialética é a destruição fantasiada de democracia vendida como virtude, vai para mais uma eleição disputada por dois candidatos insanos:
Um, Trump, fascista, que quer isolar os Estados Unidos com muros de proteção contra invasores imigrantes para que a pureza material eugênica se realize como sonho de loucos: eliminar o inferno encarnado no Outro.
Já, o outro, Joe Biden, senhor das guerras, toca fogo no mundo em nome da democracia americana, na insana vontade de disseminá-la por meio do incêndio exterminador dos que ameaçam o sonho americano de criar o paraíso na terra, que deve ser o inferno de Dante.
Quem vencerá?
INIMIGOS A SEREM EXTERMINADOS
O tormento dos líderes americanos é ver e sentir avançarem os inimigos que já abatem o capitalismo financeiro especulativo que torna o dinheiro o deus exterminador.
A China já ultrapassa o reinado de Tio Sam em produtividade e eficiência, por isso é alvo da reação que se realiza por meio de armações de conflitos bélicos e espaciais, para exterminar o comunismo de Mao Tse Tung.
A Rússia de Putin, cuja imagem, para Tio Sam, é a de Lenin-Trotski em reconstrução histórica, como disse Biden, é o bode expiatório da OTAN armada até os dentes por Washington, em guerras por procuração a partir da sustentação do nazifascismo na Ucrânia.
E o BRICS, que visa a multipolaridade, é a ameaça a ser urgentemente abatida pelos discípulos insanos do império, sub fascistas, como Bolsonaro e Milei, espalhados pela periferia capitalista colonizada, eternamente dependente por determinações dos tripés econômicos neoliberais, construídos e disseminados pelo capitalismo cêntrico, imperialista.
A democracia americana unipolar, enfim, é a farsa global exposta pelo tiro que Thomas Mattew Crooks disparou, quem sabe por um exercício de futilidade, para barrar o anseio geral da multipolaridade sonhada como libertação da humanidade cansada de destruição e guerra.