Desculpem, mas eu não consigo mais…Por Carlos D’Incao
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de futebol… a primeira vez que não consegui dormir em minha vida foi no dia em que a seleção brasileira perdeu de 3 x 2 da Itália em 1982…
Sempre fui um fiel torcedor do Brasil e do Palmeiras (não necessariamente nessa ordem). Até mesmo em 2014, fiquei com raiva da seleção na derrota contra a Alemanha, mas fiquei também com dó…
Agora… depois de 2016 e do golpe, eu não consigo mais torcer pela seleção brasileira, ou melhor, pela seleção da CBF.
Vestir aquela camisa amarela com aquele brasão… nem pensar… essas são apenas algumas das feridas dessa tragédia nacional que retirou uma presidente eleita para colocar em seu lugar uma corja de bandidos que destruíram os direitos mais fundamentais do povo brasileiro…
A multidão reacionária que andava “vomitada” de verde amarelo pelas ruas aos brados de “Fora Dilma”, “Fora PT” e de que “o vermelho nunca será nossa bandeira”, me deixaram com uma náusea por aquela camisa que parece não ter fim.
Quando Tite foi colocado na comissão técnica até que me animei um pouco… mas depois da convocação veio a confirmação daquilo que todos nós sabemos e que não queremos admitir: a CBF é uma entidade a serviço dos clubes europeus em detrimento dos clubes nacionais. E Tite se tornou no comandante dessa lógica na atual conjuntura…
Nenhum dos poucos jogadores que atuam nos clubes brasileiros foi convocado pra ser titular. Teremos uma seleção de “estrangeiros”… Nossos campeonatos nacionais e estaduais nada valem…
Hoje vejo com tristeza crianças brasileiras que se dividem entre torcedores do Barcelona e do Real Madrid. Regredimos como nunca e a culpa é dessa elite entreguista e vira-lata cujo a CBF é sua maior representante.
Afinal, uma entidade esportiva que nada faz para manter nossos principais atletas no Brasil, não merece respeito.
Caso houvesse um regramento impedindo a saída de nossas maiores estrelas tão precocemente, o mundo inteiro transmitiria nossos campeonatos e o dinheiro viria para cá. Os salários e os clubes se valorizariam e o Brasil ocuparia merecidamente o centro do mundo futebolístico.
Mas o futebol mais uma vez imita a vida… Entregamos nossas riquezas materiais para os estrangeiros de forma displicente e barata, tal como hoje entregamos nossos melhores talentos do futebol para o primeiro mundo… A única seleção pentacampeã se apequenou perante o dinheiro fácil e a delinquência dos nossos dirigentes…
O golpe pariu um novo país: pútrido, artificial e sem alma. E dele temos, entre outras coisas, essa seleção da CBF, convocada pelo mercado futebolístico e por um técnico que se vendeu no meio do caminho… Tite hoje se tornou no personagem central da rede Globo que quer fazer dessa Copa o ópio do nosso povo.
O Brasil certamente não vai ganhar nada. As vendas de camisetas do Brasil despencaram e o verde amarelo não tomou conta das cidades como ocorria a menos de um mês da Copa.
No fim, a elite brasileira conseguiu destruir tudo. Esvaziou nosso amor pelo futebol, prendeu Lula, o nosso líder mais popular e impôs um golpe de Estado através de um Parlamento corrupto e uma farsa jurídica chamada Lava-Jato.
E fez tudo isso com a camisa da seleção da CBF, entidade mais corrupta do mundo esportista.
Desculpem, mas eu não consigo torcer mais para essa seleção… com grande esforço ainda consigo torcer para o Palmeiras, que hoje é financiado por um dos bancos mais chicaneiro do Brasil, a Crefisa… e a sua dona (vascaína) quer comprar o clube e provavelmente terá êxito… e esse será o momento no qual deixarei de ser palmeirense…
Mais uma vez peço desculpas, mas eu não consigo mais ignorar essa realidade. A consciência parece uma maldição… mas na verdade não é… ela é apenas a dor necessária que nos faz diariamente lutar por uma outra realidade. E espero que ela venha logo…
Mas, por hora, dessa vez não torcerei pela seleção da CBF. Faço isso em nome do povo brasileiro e em respeito a tudo o que se perdeu nos últimos anos. E tenho a certeza de que, diferentemente da seleção de 70 – composta por uma maioria de jogadores humildes – a nossa torcida por essa seleção é absolutamente irrelevante.
Nenhum dos jogadores da CBF tem qualquer vínculo com o povo brasileiro. São apenas os “milionários mascotes” das elites europeias que depois, quando velhos, terão suas carcaças cuspidas de volta para o Brasil…
E aqui terão suas decadentes despedidas do futebol, clamando – quando for época de eleição – em bom e alto som: “Agora é Aécio!” para a alegria dos boçais das classes dirigentes.