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Do assobio ao oboé – como um maestro italiano escreveu a história do cinema. Por Renato Queiróz

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura

Para além das telas, certas melodias se entranham em nossa memória afetiva, formando universos emocionais inapagáveis.

Senta que lá vem História!

Ennio Morricone foi um dos arquitetos supremos dessas paisagens. O compositor e maestro romano, que nos deixou em 2020, nunca se limitou a acompanhar cenas.

Com seu gênio, Morricone respirava vida nas imagens, transformando celulóide ou frame digital em experiência amplamente sensorial.

Sua carreira prodigiosa, um monumento de mais de quinhentos filmes, é um testemunho disso. Basta evocar a nostalgia terna e amarga de “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, ou a ambição desmedida e trágica do clássico de Sergio Leone, “Era Uma Vez na América”.

Em suas mãos, a música deixava de ser fundo para se tornar a própria textura da narrativa – era o nervo exposto de uma cena, seu clima e sua alma.

Esta alquimia está presente desde a espiritualidade profunda de “A Missão”, de Roland Joffé, até a tensão urbana e elegante de “Os Intocáveis”, obra de Brian De Palma.

O reconhecimento, ainda que por vezes tardio, veio em peso. Após um Oscar honorário que celebrava uma vida de contribuições, foi já aos 87 anos que ergueu a cobiçada estatueta por sua partitura minimalista e opressiva para “Os Oito Odiados” de Quentin Tarantino. Era a consagração definitiva de um artista para quem a criatividade nunca conheceu fronteiras etárias ou estilísticas.

Seu eco, contudo, ressoa muito além das salas escuras.

Músicos dos mais diversos universos encontram nas suas partituras uma fonte perene de inspiração.

Morricone provou, de forma definitiva, que a verdadeira emoção, quando moldada por um mestre, não obedece a gêneros ou formatos.

Por isso, hoje, quando o oboé solene de “Gabriel’s Oboe” em “A Missão ” preenche o ar ou reconhecemos aquele assobio icônico e solitário do faroeste, não estamos apenas a ouvir uma melodia. Escutamos um capítulo fundamental da história da cultura, ditado pelo coração e pela mão inigualável de um maestro que se tornou, ele próprio, lenda.

Eis Ennio Morricone.

Ennio Morricone “A Lenda”

2 horas e 38 temas com a Música de Ennio Morricone.

Com links para as músicas na descrição do vídeo

Só SONZAÇO!

Renato Queiroz é professor, compositor, poeta e um apaixonado pela história da música

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