Domingueiras XLII. Por Sérgio Guerra
“A desmoralização da Política”, com “P” maiúsculo mesmo, deu título a uma brilhante coluna do cientista político, jornalista e político, Emiliano José, em um dos poucos jornais diários de nosso
Estado, trata deste tema que tem assolado as democracias do mundo ocidental, até o ponto de abrir espaços para “oportunistas variados” que tem ganho eleições, por fora, ou mesmo por dentro dos desmoralizados partidos, que fragilizados são tomados de assalto por aventureiros de todas as espécies.
Exemplo destes fenômenos, e que nos dá uma assustadora, impressionante e surpreendente ideia da sua dimensão e intensidade, encontramos em boa parte dos países democráticos com suas variadas formas de legislação, organização e processos eleitorais, como Trump, nos EUA, Macron na França e até mesmo o Dória na Cidade de São Paulo, que dizem ser o 3º maior orçamento do país, ao que parece abaixo apenas da União e do Estado de São Paulo. Tudo isto sem contar que estas “novidades” têm quase sempre, mais ou menos, vieses direitistas, com todos os “ismos” que carregam.
Em nosso caso, tal situação é ainda mais grave se considerarmos o grande momento de desmoralização do governo ilegítimo de “Fora Temer”, grito universal e presente em todos os grandes momentos de concentração de público no Brasil e quiçá em boa parte do mundo, desde que tenha alguns brasileiros presentes, e um pequeno espaço de tempo para que um grito e palavra de ordem possa ser gritada e plenamente acolhida, cantada e endossada pela grande maioria, seja em um grande show, em um estádio de futebol ou mesmo numa concentração pública, por mais diversa que possa parecer.
Neste quadro, cada vez mais próximo do caótico, vem se notando, como demonstração, cada vez maior da incapacidade administrativa e política dos governos civis, uma cada vez maior presença dos militares, seja na execução das obras de Transposição do Rio São Francisco, no Combate à Dengue, na Administração de escolas públicas, mesmo no governo petista, como é o caso da Bahia, ou mesmo no Combate ao Tráfico de Drogas, como é o caso da Rocinha, em especial, e da Cidade e mesmo Estado do Rio de Janeiro, em geral.
Por outro lado, vivemos um avassalador, constante e impressionante crescimento dos índices de popularidade nas pesquisas eleitorais do desequilibrado saudosista do golpe Jair Bolsonaro, que já se apresenta como um provável 2º colocado e, neste caso, apto a disputar um provável 2º turno, posto que Lula, se não for impedido, como parece muito provável que aconteça, em virtude dos crescentes processos que lhes têm denunciado/indiciado/condenado, pela República de Curitiba e outros instancias similares que vem povoando este nosso fragilizado e pouco democrático Brasil.
Por fim, esta última semana que ainda não acabou de passar, aconteceu o episódio da pregação explícita da necessidade de uma intervenção militar, por parte do general Mourão, nome de más lembranças no “golpe de 1º de abril de 1964”, que mesmo estando na ativa e falando em nome do “Alto Comando da Força” que diz representar, não será punido, conforme o Regimento Disciplinar, pois o patético Ministro da Defesa, o civil golpista Raul Jungmann, que não parece dispor de vontade, ou mesmo força para tal.
Vale lembrar que a quebra de hierarquia ou comando entre os militares é considerada o limite institucional que não pode ser ultrapassado, sob pena de quebrar a base de sustentação da estrutura militar, haja à vista o “caso dos cabos de soldados dos marinheiros”, em 1964, que unificou a quase totalidade da tropa contra o governo de Jango e viabilizou internamente o golpe contra a Presidência. Desta forma, vale lembrar a frase que abre este texto: “Já vi este filme antes e não gostei do final!”.
Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.