Domingueiras XXXIV – Agosto, mês do desgosto! Por Sérgio Guerra
Todos os dias, semanas, meses ou anos, tem inúmeros acontecimentos, benéficos ou maléficos, que podem ser usados como justificativa para várias interpretações ou classificações de acordo com a vontade do freguês. Por exemplo, o nome “Agosto” foi em homenagem ao imperador romano Octávio Augustus, que realizou grandes feitos, inclusive a conquista do Egito.
Entrementes, dificilmente, se poderá encontrar um mês em que tenha começado as duas Grandes Guerras Mundiais do século XX, como o de agosto.
Assim, rápida e historicamente, podemos lembrar que um grande acontecimento maldito está no dia 24 de agosto de 1572, quando a rainha católica da França, Catarina de Médici, ordenou o “Massacre da noite de São Bartolomeu”, que ceifou milhares de vidas de protestantes. Vale lembrar que na tradição católica, São Bartolomeu é o guardião das portas do inferno e no seu dia ele entra de folga e aí os demônios ficam livres para aprontar suas estripulias com os homens, neste mês do desgosto. Desta maneira, não é à toa que neste dia, ou em seu entorno, que acontecem grandes momentos de nossa história.
Deste modo, vale lembrar que mais de duzentas mil pessoas morreram nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, quando as cidades de Hiroshima e Nagazaki, no Japão foram destruídas pela bomba atômica, soltadas pelos EUA, ao final da II Grande Guerra Mundial, no que se pode considerar como o maior genocídio da história universal. No Brasil, no mesmo dia 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, se suicidou no exercício da presidência da República. Do mesmo modo, “Forças Ocultas” fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência da República no dia 25 de agosto de 1961.
Com o fim do recesso do Judiciário e Legislativo, neste agosto que se inicia, teremos alguns desdobramentos dos processos em andamento pelo “impedimento” do presidente interino “Fora” Temer, que não teve férias em julho, pois está totalmente dedicado a comprar os “171+1” votos, ou mesmo abstenção ou ausência, dos deputados federais que lhe garantirão a continuidade no (des) governo. Assim, como diria o presidente Lula, “nunca antes na história deste país”, se viu um processo tão aberto de “compra de votos”, individual ou coletivamente, tão declarado e descaradamente, em que se divulga até “uma tabela de preços”, explicita e pública.
Enfim, este mês de agosto entrante, deverá se constituir em um novo marco da história política do Brasil, posto que do mesmo modo que a votação da emenda das “Diretas Já”, do falecido deputado Dante de Oliveira, em 1984, que apesar de derrotada, em votação no dia 25 de abril, marcou uma divisão fundamental, entre mais de 80% da população brasileira que era a seu favor e os defensores, envergonhados do regime militar, que foram dizimados nas eleições subsequentes e sobrevivem apenas com as sucessivas mudanças de sigla, pois de Arena, virou PDS, PFL, DEM e …
Deste modo, com a “aprovação” do presidente interino e golpista, beirando e caminhando aceleradamente para o zero, será uma decisão importantíssima para os pretendentes a “representantes do povo” no Congresso Nacional, pois o eleitorado deverá ficar de olho em seus votos que terão de ser manifestado com “declaração nominal e aberta”, sabendo-se desde já que qualquer “ausência” é um apoio à Temer. Assim, esperemos para ver o que acontecerá, pois este agosto promete fortes emoções e quem (sobre?) viver verá!
OBS: Apesar da importância desta frase do presidente Lula, que marca algumas das suas grandes realizações não se constitui em uma “verdade absoluta”, pois as “compras de votos” são uma constante da nossa história e merecem registros para reavivar a memória nacional. Exemplo disto foi o episódio, fartamente noticiado até pela grande mídia, da “compra de votos”, para a “aprovação da reeleição” promovida no e para o governo de FHC, em 1997. Disponível em (https://www.cartacapital.com.br/politica/uma-luz-sobre-o-escandalo-da-reeleicao-de-fhc).
Sérgio Guerra
Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.
Presidente do Instituto Ze Olivio IZO
Cronista do site “Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina”.