Aldeia Nagô
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Em Itapuã, o rito se mantém mesmo sem o mito das escadarias. Por Albenisio Fonseca

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Sobre a emocionante chegada da Ala das Baianas para o ritual da Lavagem 
Foi mesmo emocionante, e carregada de simbolismo, a chegada da Ala das Baianas na praça Dorival Caymmi, em frente à Igreja de N. S. da Conceição de Itapuã.

Todas  vindas em cortejo, desde Piatã, pela Orla, ao som dos alabês e do Afoxé Filhos de Ghandy.

Esse ano, elas adentraram o local, território do ritual da lavagem, e deram a volta em torno do espaço – estigmatizado pela remoção da escadaria do templo católico -como que a cercar ou a assegurar a posse dos limites mais profundos daquela superfície, “puxadas” pelo babalaô Eurico, que anos atrás coordenava a ala das Baianas na organização do cortejo da Lavagem.

Sim, a perfazer uma roda, o Xirê, momento e movimento que abre os rituais a saudar todos os orixás. O círculo demonstrava ali, acontecer como reação à inaceitável intolerância religiosa contra o rito litúrgico (e a um só tempo lúdico) no  mais que centenário festejo comunitário criado pelos pescadores de Itapuã e consagrado pelo Candomblé.

No Xirê, como estipula a liturgia de nações candomblecistas, o que está posto é o fazer “sentir o movimento do universo desde o seu primeiro momento e em um movimento crescente que transcende e nos faz sentir tudo de maneira também imanente”.

Na tradição Angola, a roda é onde o maior e o menor se completam e se juntam. Na roda não tem maior nem menor. Não tem começo nem fim. Todos se protegem.

Sim, uma volta na praça – que homenageia Caymmi – a entoar Emoriô, de Gilberto Gil e João Donato. Emoriô, na realidade, não seria nem mesmo uma palavra, mas uma frase em iorubá “E mo ri O”, que significa Eu Te Vejo, em referência a Oxalá, uma reverência a este Orixá que guarda plena relação com “o sol, a lua e o céu” e está associado à criação do mundo e da própria espécie humana.

Vamos lá! Assista o vídeo!

Segurando o ritmo, dancemos e cantemos juntos:
Ê-EmoriôÊ-EmoriôÊ-EmoriôÊ-EmoriôÊ-EmoriôÊ-EmoriôEmoripaôÊ-EmoriôÊ-Emoriô
Emoriô deve serUma palavra nagôUma palavra de amorUm paladarEmoriô deve serAlguma coisa de láO Sol, a Lua, o céuDe OxaláEmoripaô
Ê-EmoriôÊ-EmoriôEmoripaôÊ-EmoriôÊ-EmoriôEmoripaô!

Albenisio Fonseca é Jornalista

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