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Estadão faz o jogo do fascismo às vésperas do 8. Por Moisés Mendesde janeiro. Por

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O Estadão botou as unhas de fora na retomada da sabotagem ao inquérito das fake news. Renova-se a tentativa de desqualificar as investigações, para assim atacar a relatoria de Alexandre de Moraes.

São unhas grandes, de mãos peludas, expostas às vésperas do aniversário do 8 de janeiro e do ato que acontecerá no Congresso, por iniciativa de Lula e com a participação de representantes de todos os poderes.

O Estadão diz o que pensa, mas os outros, Folha e Globo, não dizem quase mais nada. Estão quietos sobre o inquérito aberto em marco de 2019 e que passou a abranger gabinete do ódio, atos antidemocráticos na Esplanada, milícias digitais e crimes diversos cometidos por Bolsonaro e sua turma.

O Estadão deprecia o inquérito e seu relator porque a investigação acolhe todos os desmandos de golpistas e de gente graúda do entorno de Bolsonaro e, principalmente, porque mexe com poderosos do meio empresarial, financiadores dos milicianos.

O jornal fala em nome de advogados de criminosos da copa e da cozinha do bolsonarismo, e não de manés em transe que viam marcianos no acampamento no QG do Exército em Brasília.

Só para relembrar, na primeira batida de busca e apreensão, em maio, dois meses depois da abertura do inquérito, a PF derrubou portas de endereços de Roberto Jefferson, Luciano Hang e Sara Winter, de assessores do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), dos blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Kuster e dos empresários Edgard Gomes Corona e Otávio Oscar Kafhoury.

Oito parlamentares passaram a ser investigados: os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Lúcio da Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio do Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP) e os deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP).

Bolsonaro também entrou no inquérito, em agosto de 2021, pelos ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. Sempre incomodou ao Estadão que tanta gente, incluindo Bolsonaro, esteja sob a investigação chefiada por Moraes.

Mas é de se perguntar: por que o Estadão retomou agora a guerra contra o inquérito? Por que Folha e Globo abandonaram a pauta e se recolheram?

Uma resposta sem muito esforço: o Estadão voltou à carga porque todos os investigados estão impunes e os jornalões tratam agora, com a passagem do tempo, de reafirmar essa impunidade.

Fora Sara Winter, que ninguém sabe onde anda, todos os outros desfrutam de todas as liberdades, de Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos, ao véio da Havan, que se declarou passageiro comportado do avião pilotado por Lula.

O Estadão é o jornal dessa gente. Não é mais o jornal que um dia teria sido a voz do conservadorismo brasileiro antes, durante e depois da ditadura.

Estadão, Folha e Globo jogam para a galera da extrema direita e fazem média com os investigados ainda não alcançados pelo sistema de Justiça, estando ou não dentro do mesmo inquérito, como Fábio Wajngarten, Braga Netto, Augusto Heleno, Michelle e os filhos de Bolsonaro.

Às vésperas do 8 de janeiro, o Estadão tenta mandar um aviso a Alexandre de Moraes, para que o inquérito seja implodido e outras investigações não evoluam. É um pedido acintoso demais para ser levado a sério.

O abandono do que se iniciou em março de 2019 significaria a degradação do Ministério Público e do Judiciário, porque nenhum outro inquérito hoje é mais importante do que o que investiga as facções formadas dentro do Planalto e ao redor de Bolsonaro.

O Estadão faz o jogo do fascismo como voz dos advogados dos manezões e camufla as tatuagens escondidas sob os pelos de mãos unhudas.

O Estadão é o jornal da extrema direita e depende de manobras pesadas e sujas e da audiência do leitor bolsonarista para sobreviver.

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

Artigo publicado no Brasil 247

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