Sade – Uma fantasia sobre o polêmico Marquês

O aristocrata cujo nome deu origem ao termo sadismo será encarnado pelo premiado ator Carlos Betão, que dividirá o palco ao lado dos também premiados atores Marcelo Praddo e Wanderley Meira, todos vencedores do Prêmio Braskem de Teatro, além das atrizes Fafá Menezes e Márcia Andrade. Fruto da pesquisa no mestrado, feita por Gil Vicente Tavares sobre os fatos e passagens memoráveis de sua vida, a peça se configura como uma grande fantasia autobiográfica do marquês, recheada de discussões sobre política, erotismo, moral cristã e bons costumes. A peça ganhou o Prêmio Fapex de Teatro, em 2010, e foi publicada pela EDUFBA, junto a mais duas obras.
Sade celebra a parceria bem sucedida do Teatro NU com a produtora cultural Fernanda Bezerra, diretora da Maré Produções, com quem já realizou as montagens Os javalis, Sargento Getúlio, Quarteto, Caymmi – Da Rádio para o Mundo e agora Sade. Teatro NU e Maré estabelecem uma relação de construção em que a produção integra o próprio grupo, fortalecendo as condições de produção da obra. Neste trabalho, produção e encenador optaram por promover uma ação de formação de plateia, empregando um valor de ingresso popular R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada), a fim de estimular que o público de Salvador frequente o teatro.
O Espetáculo – Para encarnar os vários personagens que aparecem na história, os atores se desdobram num constante jogo de trocas e metalinguagem. Todos são parte das fantasias de Sade, cuja escrita cruzou as fronteiras daquilo que se evita falar: a sexualidade não-convencional, a violência, a loucura, a homossexualidade, a cultura do estupro, além de diversos questionamentos políticos sobre o período histórico conturbado que Sade viveu. Por tratar de temas que acabaram por incomodar a sociedade de sua época, Sade foi preso diversas vezes, até, ao final da vida, ser conduzido a um manicômio, onde passou os últimos dias de sua vida, entre encenações com os detentos e uma saúde fragilizada.
Na encenação, o cenário busca essa atmosfera de sala de tortura e de sanatório, hospital, tentando metaforizar esses ambientes frios, de sofrimento, dor, trazendo referências à ditadura militar, à inquisição, a uma sala de tratamento de loucos, com seus choques elétricos, injeções, amarras. Mais do simplesmente revelar a vida de um personagem célebre da história e da literatura, a peça Sade vai tocar em temas ainda atuais como o poder, a decadência e a própria sexualidade, que extrapola os convencionalismos.
A cenografia é assinada por Eduardo Tudella, reafirmando a longa parceria com
o diretor. O figurino, assinado por Rino Carvalho, emprega renda e couro, explorando dois materiais amplamente usados no mercado erótico e na alta costura, referências que ao mesmo tempo evocam a época em que Sade viveu e figurinos de moda e de lojas de sexo. A maquiagem proposta por Anna Oliveira agrega glamour e uma atmosfera de capa de Revista, esse palco contemporâneo das vaidades.
O texto de Gil Vicente Tavares, que também assina a direção musical do espetáculo, explora os recursos da palavra, tal qual é empregada na obra de Marquês de Sade, que sempre se ampara nas possibilidades de alterar uma cena e um contexto pelo jogo com os termos. Mais do que contar a história de um homem, a montagem pretende provocar reflexões sobre as relações humanas, seus jogos de poder e sexualidade.
Informações adicionais
Valor - R$ 10 (meia) R$ 20 (inteira)
Contato -