XI Panorama Internacional Coisa de Cinema

Nos primeiros anos da década de 90 não havia dinheiro para nada. Para ficar no campo do cinema, quase não produzíamos filmes e as salas de projeção estavam desaparecendo. Das 3.276 salas em 1975, restavam apenas 1.033 em 1995. Naquela época, desejar trabalhar com cinema soava como piada, algo vergonhoso e quase impossível. Na mentalidade geral, os brasileiros não eram bons o suficiente para fazer filmes. Filosofar era com os alemães e fazer cinema com “róliudi”.
O ano de 1995 marca o início da retomada da nossa produção. Nem o mais otimista, naquele momento, poderia imaginar que passados vinte anos o nosso cinema estaria tão diverso e vigoroso. Estamos produzindo como jamais, sendo que uma nova geração de longa-metragistas foi capaz de dar passos largos no sentido de reconquistar tanto o prestígio internacional perdido bem como a crítica do nosso próprio país. O parque exibidor cresceu e já ultrapassa as três mil salas de cinema. Em 2014, 114 filmes nacionais foram lançados comercialmente contra apenas 14 em 1995.
Mas há muito ainda para avançarmos! As salas de cinema precisam sair dos “xópings”, retornar à periferia e ao interior do país. Temos que investir na preservação e difusão da nossa memória e na formação dos nossos realizadores (realizar cinema não se restringe ao diretor, que fique claro).
O nosso maior desafio está em fazer com que o grande público brasileiro se interesse e vá aos cinemas para conferir a nossa belíssima produção. Praticamente não existe no país o chamado “filme médio”, aquele que consegue fazer entre 100 mil e um milhão de espectadores. A verdade é que mais de 70% dos filmes nacionais lançados em 2014 não ultrapassaram a marca dos dez mil espectadores e isso é realmente um problema.
É a maior questão do cinema nacional, hoje. Nenhum passe de mágica será capaz de resolver, pois se trata de algo ligado diretamente ao modelo de educação básica do país, aliado aos altos investimentos dos grandes estúdios que pautam o desejo do público.
Sentimo-nos um ator privilegiado para contar a história desses últimos vinte anos, pois o “Coisa de Cinema” surgiu em 1995 e desde então vem atuando em diversos segmentos do cinema. Da critica para a exibição e realização de filmes. São vinte anos pensando e vivendo de cinema, com muito orgulho e alegria.
Mas, em 2015, há ainda uma data mais importante a ser lembrada: Walter da Silveira completaria 100 anos de idade, caso estivesse vivo. E a ele dedicamos o XI Panorama. Doutor Walter, como era chamado, não foi “apenas” importante para Glauber Rocha, Orlando Senna, Othon Bastos, Helena Ignez e todos os interessados em cinema nos anos 50 e 60 na Bahia. Humanista e apaixonado pelo cinema, Walter da Silveira formou toda uma geração através, sobretudo, do Clube de Cinema da Bahia. Walter da Silveira é um dos pioneiros na elaboração do pensamento em torno do cinema nacional e devemos muito a ele!
Na tradição dos ideais e da paixão de Walter da Silveira pelo cinema, o Panorama desse ano traz retrospectivas, filmes novos do país e do exterior, promove encontros, discussões e debates em torno do cinema. São curtas e longas que reafirmam, como já dito, a excelente fase do cinema no Brasil e no mundo. Será uma grande festa!
Ingressos:
Para o filme: Os ingressos serão distribuídos gratuitamente na bilheteria do cinema, 2h antes do início do filme, a partir das 18h. Salas sujeitas à lotação!
Para a programação musical: O valor dos ingressos será R$15 para quem não assistiu à sessão do XI Panorama e R$10 com a apresentação do ingresso da sessão do dia.
Informações adicionais
Valor - Arry
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