Aldeia Nagô
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Façamos amor, mas façamos Arte! por Alyne Costa:

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura
O contato do ser humano com uma obra de arte, faz emergir um novo ser. Ninguém é intangível à arte em suas diversificadas formas de manifestação.

Não é vista apenas pelo olhar, mas pelos sentidos, captada, ainda que indiscernível, abre fendas, labaredas em todos que com ela se deparam. Cegos, crianças, fanáticos, “loucos”, “mutilados morais”, se o olho vê a arte, vai além.

Segundo o artista plástico Almandrade: “a arte produz efeitos imprevisíveis e é preciso entende-la sem descreve-la”. E quem se atreveria a equacionar o seu alcance? A obra de arte transbora a pré-intenção do artista, reflete no espectador, transformando-o num homem novo. Quantas vezes não mudamos, não alteramos as nossas perspectivas perante relacionamentos e fatos após ouvirmos uma canção? E a mesma canção pode nos trazer leituras diferentes acerca da mesma realidade.

Não pretendendo adentrar no “mito da incompreensibilidade” da arte e sim a necessidade de utiliza-la como fato social propulsor de uma nova ordem: Se o homem muda com a arte, esta transforma o mundo!

O mundo moderno e suas neuroses tem na arte a sua mais sadia forma de profilaxia. Todos nós precisamos de angústias, crises existenciais, temores e fobias. Precisamos tanto que às vezes criamos problemas onde não existem. Precisamos de uma certa dose de loucura para que a vida não se torne morna ou sem sentido. Sem sofrimento qual paixão humana nos afundaria para que aprendêssemos a voltar à superfície novos, experientes, mais ternos e mais humanos?

Assim, amados, consumam menos drogas e mais arte!

“Poetas, seresteiros, cancioneiros, ouvis…”

A arte é a veia aberta da verdadeira revolução. E o artista? É todo aquele que aprendeu que a criatividade, da Ecologia à Bio-Medicina é a grande “sacada” para a nossa convivência “sustentável”.

Segundo Miguel Torga: “De quantos ofícios há no mundo, o mais belo e o mais trágico é o de criar arte. É ele o único onde um dia não pode ser igual ao que passou. O artista tem uma condenação. E o dom de nunca poder automatizar a mão, o gosto, a enxada. Quando deixar de descobrir, de sofrer a dúvida, de caminhar na incerteza e no desespero, está perdido.”
Assim, somos neuróticos, desesperados, sedentos de coisas novas, apavorados, inseguros, mas duvidamos. Sim, duvidamos! E alguém se lembra de que mesmo a dúvida é o preço?

Portanto, amados, não somos canhões, somos canários…

E façamos carinhos com nossos cantos, façamos amor com a intensidade dos nossos desejos, mas façamos arte com nosso suor!

Alyne R. N. Costa
Brumado, 4 de maio de 2006

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