Festival Mínimos Óbvios terá participação das premiadas artistas trans Aloma Divina e Verónica Valenttino
Entre arquivos, amores e invenções, o evento a ser realizado entre os dias 26 e 28 de novembro pela ATeliê voadOR em parceria com o NuCuS traça rotas queer no campo das artes e da pesquisa científica-cultural
O Festival Científico-Cultural Mínimos Óbvios, que ocupa a Casa Rosa entre os dias 26 e 28 de novembro, dedica sua quarta edição a uma imersão em “Histórias Dissidentes: Arquivar, Amar, Inventar” — tema que encontra nas experiências trans, travestis, não binárias e outros corpos LGBT+ algumas de suas forças mais vibrantes. Com abertura, mesas e performances marcadas por presenças fundamentais da cultura queer contemporânea, o festival reafirma a centralidade das narrativas trans na construção de arquivos vivos, afetivos e insurgentes.
Um dos momentos mais simbólicos dessa presença acontece logo na abertura, no dia 26, com o lançamento de “A Audácia dos Invertidos”, nova obra do jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, que revisita a cena LGBTQI+ do Rio entre as décadas de 1950 e 1980. Entre as histórias que emergem do livro está a da artista trans Aloma Divina, hoje com 76 anos de idade e 59 anos de carreira artística, cuja trajetória atravessa memórias, apagamentos e reinvenções da cultura queer brasileira — e que estará presente na noite de abertura, marcando o diálogo entre arquivo, vida e resistência trans.
Mesas e Performances
Já no dia 27, às 19h, a programação ganha força com a Long Table “Visíveis, Múltiplos, Indomáveis: Histórias LGBT+ em Cena”, um encontro que investiga interseccionalidade, visibilidade e caminhos de reexistência na cena LGBT+. Entre os destaques está a atriz, cantora e compositora Verónica Valenttino, primeira mulher trans a conquistar o Prêmio Shell de Melhor Atriz, cuja presença simboliza o avanço — e os desafios — das narrativas trans no teatro brasileiro.
A mesa aborda a pluralidade das corporalidades dissidentes, reunindo ainda artistas, pesquisadores e performers que tensionam representações e disputam outros modos de narrar suas próprias experiências. Participam desta long table a diretora de teatro e ópera Ines Bushatsky; o biógrafo e músico Ricardo Santhiago; além de pesquisadorxs e artistas como Kauan Amora Nunes, Taciano Soares, Rainha Loulou, Georgenes Isaac, Rogério Alves e Marcus Assis, ampliando perspectivas sobre visibilidade, memória e resistência LGBT+ no Brasil.
As discussões seguem no dia 28, às 15h, na Long Table “Amar, Contar, Transgredir: Corpos que se Narram”, que convoca artistas e pesquisadores cujas práticas atravessam autobiografia, afetos e política do íntimo. Entre as participações estão Duda Woyda, artista e integrante da ATeliê voadOR, e Wendy Moretti, pesquisadora da UFBA — ambas trazendo ao centro a escrita de si e os modos como pessoas trans e dissidentes criam novas fabulações de amor, desejo e memória.
Carnavalizar
Encerrando a programação, a partir das 21h, a Carnavalização transforma a Casa Rosa em um território de celebração. O público será surpreendido por performances pop-up do multiartista Amós Heber; da drag Mamba di Diego di Mira, os drags Kings Kinn Spada e Tonhão; das cantoras Maira Lins e Roberta Dantas; além do cantores Neto Costa, cada um trazendo estéticas, narrativas e vibrações que amplificam o espírito inventivo da noite.
Ao reunir artistas, pesquisadoras, biógrafas, vivas e múltiplas vozes trans e dissidentes, o Mínimos Óbvios reafirma a urgência de arquivar, amar e inventar outros modos de viver e imaginar o mundo. Em 2025, o festival transforma suas mesas, palestras e encontros em um campo de escuta e visibilidade para presenças queer que, historicamente silenciadas, agora reivindicam seus próprios futuros — e os constroem diante do público.
SERVIÇOS POR ATIVIDADE
O Quê – Festival Mínimos Óbvios – ano IV | Long Table 1 – “Visíveis, múltiplos, indomáveis: histórias LGBT+ em cena”
Quando – 27 de novembro (quarta-feira), às 19h
Onde – Sala Rosa – Casa Rosa, Rio Vermelho
Atividade: Mesa performativa e conversa pública sobre visibilidade, interseccionalidade e resistências na cena LGBT+
Participantes: Verónica Valenttino (atriz e cantora – SP), Kauan Amora Nunes (UFPA/PA), Taciano Soares (UEA/AM – ATeliê 23), Rainha Loulou, Georgenes Isaac (Coletivo das Liliths/BA).
Entrada – Gratuita
O Quê – Festival Mínimos Óbvios – ano IV | Long Table 2 – “Amar, contar, transgredir: corpos que se narram”
Quando – 28 de novembro (quinta-feira), às 15h
Onde – Sala Rosa – Casa Rosa, Rio Vermelho
Atividade: Mesa performativa sobre autobiografia, afeto e política do íntimo nas artes
Participantes: Denni Sales (PPGAC/UFBA), Lígia Souza (UNICAMP/SP), Paulo Cesar Garcia (UNEB), Duda Woyda (ATeliê voadOR/UPM) e Wendy Moretti (UFBA)
Entrada: Gratuita
O Quê – Festival Mínimos Óbvios – ano IV | Palestra de Encerramento – “Modos de vida cuir na América Latina” com César Eduardo Gómez Cañedo (México)
Data: 28 de novembro (quinta-feira), às 19h
Onde – Sala Rosa – Casa Rosa, Rio Vermelho
Atividade: Palestra com o poeta e pesquisador mexicano sobre masculinidades e pedagogias queer na América Latina
Convidado: César Eduardo Gómez Cañedo (UNAM – México)
Entrada: Gratuita
O Quê – Festival Mínimos Óbvios – ano IV | Encerramento e Carnavalização – Festa de encerramento do Festival
Quando – 28 de novembro (quinta-feira), a partir das 21h
Onde – Casa Rosa, Rio Vermelho
Atividade: Carnavalização – performances pop-up, música e improviso
Entrada: Gratuita
Classificação: 18 anos
