Hoje começa o mata-mata da final do campeonato eleitoral. Por Walter Takemoto
Hoje ocorrerá o registro da candidatura do Lula para as eleições presidenciais desse ano. Todas as declarações dos representantes do poder judiciário são de impugnação da candidatura do Lula. A questão que se coloca é: impugnarão a jato, tal e qual ocorreu com o “julgamento” em segunda instância, ou obedecerão os prazos e ritos processuais?
Isso tem uma importância política grande, pois o horário eleitoral começa no dia 31 de agosto. Se os prazos e ritos processuais forem obedecidos, Lula irá aparecer na propaganda eleitoral de TV como candidato do PT e a base social e eleitoral que o apoia irá se ampliar.
Caso o judiciário se mantenha de joelhos para os financiadores do golpe, repetirá o que ocorreu até agora com a sua prisão e poderá impugnar o registro da candidatura, e alguns “analistas” consideram a possibilidade de até mesmo ser impugnada a chapa, visando impedir o PT de ter acesso ao programa eleitoral de TV.
Em tempos de exceção tudo é possível, e os que lutam pela liberdade do Lula e o direito de ser candidato devem se preparar sempre para enfrentar o pior cenário possível na luta contra os inimigos.
Afinal, o golpe nos mostrou que o poder judiciário é parte fundamental do arbítrio e do estado de exceção em vigor.
É correto manter a candidatura Lula e travar nos tribunais a batalha para que possa ser candidato e ser libertado da prisão.
O que nos faltou e nos falta, é trazer essa luta para o espaço que sempre foi nosso.
Grande parte da população, em especial aqui no nordeste e entre os pobres do país, sabe que a prisão do Lula tem como objetivo impedi-lo de ser candidato e aprofundar a retirada de direitos e a exploração.
O incrível é que o PT até hoje não planejou e organizou nacionalmente a luta permanente contra o golpe, a prisão de Lula e pelo direito de ser candidato.
Estamos vendo o MST marchar em Brasília, ocorreram festivais Lula Livre em algumas cidades, trompetaços ocupam locais públicos, grande parte iniciativas de movimentos sociais e grupos políticos e culturais.
Precisamos de mais, muito mais, se queremos vencer esse mata-mata, em que o juiz, os bandeirinhas, o VAR, os comentaristas, jogam todos para garantir que o vencedor seja o time deles.
Hoje e todos os demais dias, precisamos que o PT e os partidos de esquerda e as centrais sindicais, organizem ações permanentes de denuncia do golpe e da defesa do Lula, como candidato ou não, e da chapa que o representa.
Não podemos fazer do centro dessa luta a TV e a propaganda gratuita. Da mesma forma que não podemos fazer dessa luta apenas um apêndice das campanhas eleitorais de candidaturas parlamentares.
Nossa possibilidade de vitória é transformar essas eleições em um movimento de indignação popular contra o golpe e a prisão do Lula, para que a população se mobilize e repita o que foi o segundo turno de 2014, e faça do voto uma arma a nosso favor.
Nós sabemos que votamos no Lula ou em quem ele indicar. Quem precisa ter consciência disso é a população.
Para isso precisamos sair das arquibancadas e invadir o campo, virar o jogo e ganhar esse mata-mata na raça.
