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Imprensa e governo: Uma enorme dor de cotovelo por Luciano Martins Costa

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura

Mídia nacional procura esconder o sucesso e a popularidade do presidente Lula


A última pesquisa do Ibope sobre a popularidade do presidente Lula
da Silva e o índice de aprovação do seu governo tem mais destaque na
mídia internacional do que na imprensa brasileira.  A Folha de S.Paulo simplesmente ignorou a informação, enquanto O Estado de S.Paulo
a omite na primeira página e, nas páginas internas, prefere destacar a
expectativa dos brasileiros em relação ao futuro governo de Dilma
Rousseff. O Globo usa o mesmo artifício e deixa em segundo plano o
fenômeno de popularidade do presidente: ele é visto favoravelmente por
87% dos brasileiros.

O Estadão abre a reportagem sobre o assunto afirmando que "os
brasileiros encerram este ano satisfeitos com o presidente Luiz Inácio
da Silva e otimistas em relação ao governo de Dilma Rousseff".

Além da popularidade pessoal do presidente, os números do Ibope mostram
que o atual governo é considerado ótimo e bom por 80% dos
entrevistados. Em outubro, esse número era de 77%. Levando-se em conta
que 16% o consideram regular – o que, na análise do resultado, é
considerado como uma avaliação positiva -, deve-se concluir, em termos
práticos, que 96% aprovam o desempenho de Lula como presidente e apenas
4% consideram seu governo ruim ou péssimo.

Arquivos eletrônicos

Considerando que 44% dos eleitores votaram contra sua candidata na
última eleição, é de se observar também que não apenas o atual governo
se encerra com indicadores históricos e dificilmente superáveis, como o
futuro governo deve nascer sob o signo do otimismo, com 62% de
expectativa favorável.

Com todos os defeitos que se possa atribuir ao presidente, pessoalmente
ou em termos políticos, ignorar esses atributos é demonstração de
profundo desprezo pela essência do jornalismo.

Interessante observar que o resultado da pesquisa havia sido publicado
nas edições eletrônicas da imprensa brasileira, como o UOL, da Folha, e o G1, do Globo, mas é desprezado nas edições de papel.

É como se a imprensa considerasse que jornal, jornal mesmo, é só de
papel, enquanto todo o resto do mundo sabe que, no futuro, os
pesquisadores irão procurar as notícias do nosso tempo nos arquivos
eletrônicos. Vão encontrar o retrato de um fenômeno político e uma
imprensa com dor de cotovelo.

Fonte: Observatório da Imprensa

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