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Lula é a Terceira Via. Por Marcelo Zero

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Marcelo_Zero

No Brasil de hoje, há duas grandes correntes político-ideológicas que ameaçam a democracia, o desenvolvimento e a soberania do país: o neoliberalismo bolsonarista e o neoliberalismo tardiamente anti-bolsonarista.

A ameaça da primeira corrente, o neofascismo bolsonarista ou neofascismo neoliberal, é clara, direta e iminente.

Bolsonaro, um admirador confesso de ditadores e torturadores, agride diuturnamente as instituições democráticas, a Constituição e qualquer um que dele discorde. Sua estratégia fascista de confronto permanente e difusão de ódio visa gerar instabilidade, motivar seus seguidores fanáticos, enfraquecer as instituições e, em última instância, implantar um regime autoritário com o apoio das polícias, de alguns setores das Forças Armadas, dos grupos religiosos de extrema direita e de segmentos mais atrasados do chamado poder econômico. Para ele, não estaria mal que o Brasil tentasse seguir o exemplo recente da Bolívia.

Já a segunda corrente representa uma ameaça mais sutil e dissimulada, mas, nem por isso, menos perigosa, no médio e longo prazo.

Em primeiro lugar, é preciso considerar que os que hoje se horrorizam com Bolsonaro o estimularam e o apoiaram, mesmo sabendo muito bem quem ele era. Os que hoje se arvoram em defensores da democracia e da Constituição também não tiveram pejo de apoiar um golpe contra uma presidenta honesta, que não havia cometido nenhum crime. Mesmo os mais ferrenhos apoiadores do golpe hoje reconhecem que Dilma Rousseff foi ilegalmente apeada com base na escusa inventada das “pedaladas fiscais”. O golpe foi uma clara “pedalada inconstitucional”, uma pedalada contra a democracia. Assim, o compromisso desses bolsonaristas arrependidos com a democracia não parece ser muito sólido.

Em segundo, o neoliberalismo tardiamente anti-bolsonarista, como todo neoliberalismo, socava os fundamentos econômicos, sociais e políticos de uma verdadeira democracia.

Não é segredo para ninguém que há uma crise geral das democracias e dos sistemas de representação política, fortemente golpeados pelas desigualdades ocasionadas pelas políticas neoliberais. Como fica evidente em obras como a de Piketty, o padrão de acumulação capitalista predominante a partir das décadas de 1970 e 1980 do século XX parece cada vez mais incompatível com a democracia.

A implantação progressiva do chamado modelo neoliberal reverteu, em maior ou menor grau, o progresso social e político feito ao longo do pós-guerra, no qual a socialdemocracia consolidou o Estado do Bem-Estar e produziu crescimento econômico com redução das desigualdades, eliminação da pobreza e oferta de serviços públicos gratuitos.

O grande crescimento das desigualdades, a erosão do Estado de Bem-Estar, a redução da participação dos salários no PIB, a extinção progressiva dos direitos trabalhistas e sociais, o desemprego estrutural, o crescimento das formas de trabalho com baixa proteção, a ausência de oportunidades, a reversão da expectativa de que as novas gerações teriam uma vida melhor que as anteriores etc. minaram as classes médias e os pilares sociais de uma democracia estável e substantiva.

Nas nações desenvolvidas, há uma desconfiança em relação aos partidos tradicionais e às instituições democráticas, o questionamento dos sistemas de representação, a emergência do denominado “populismo de direita”, a exacerbação das diferenças ideológicas e um sentimento mais ou menos generalizado de que a atividade política não cria alternativas para solucionar os problemas dos países e para melhorar a vida da maioria da população.

Muitos autores, como Thomas Piketty, Christian Laval, Noam Chomsky e Joseph E. Stiglitz, só para citar os mais conhecidos, destacam essa relação estreita entre o capitalismo financeirizado e desregulado, o aumento das desigualdades, a erosão dos Estado de Bem-Estar e a crise que atinge em cheio as democracias e a legitimidade dos sistemas de representação política. Obviamente, são esses fatores que explicam também a eclosão de forças de direita e de extrema direita em todo o mundo.

O grande crescimento das desigualdades, a erosão do Estado de Bem-Estar, a redução da participação dos salários no PIB, a extinção progressiva dos direitos trabalhistas e sociais, o desemprego estrutural, o crescimento das formas de trabalho com baixa proteção, a ausência de oportunidades, a reversão da expectativa de que as novas gerações teriam uma vida melhor que as anteriores etc. minaram as classes médias e os pilares sociais de uma democracia estável e substantiva.

Nas nações desenvolvidas, há uma desconfiança em relação aos partidos tradicionais e às instituições democráticas, o questionamento dos sistemas de representação, a emergência do denominado “populismo de direita”, a exacerbação das diferenças ideológicas e um sentimento mais ou menos generalizado de que a atividade política não cria alternativas para solucionar os problemas dos países e para melhorar a vida da maioria da população.

Muitos autores, como Thomas Piketty, Christian Laval, Noam Chomsky e Joseph E. Stiglitz, só para citar os mais conhecidos, destacam essa relação estreita entre o capitalismo financeirizado e desregulado, o aumento das desigualdades, a erosão dos Estado de Bem-Estar e a crise que atinge em cheio as democracias e a legitimidade dos sistemas de representação política. Obviamente, são esses fatores que explicam também a eclosão de forças de direita e de extrema direita em todo o mundo.

Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/blog/lula-e-a-terceira-via

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