Domingueiras CCCLXXXIV. Por Sérgio Guerra |
Qua, 01 de Junho de 2022 08:06 |
Mais impressionante do que o desmonte do Estado Brasileiro, por meio da omissão sistemática das autoridades federais, ou da desqualificação e rebaixamento das leis existentes, quanto ao seu cumprimento, sejam elas sobre as questões ambientais, sejam as referentes aos direitos humanos ou mesmo sobre as precarizações, quando não da privatização das empresas estatais, e ainda mais de quaisquer outros aspectos da vida brasileira, é a desmoralização do respeito a cidadania, no que se refere ao tratamento que cada um merece. Neste último aspecto, louve-se o aparecimento do celular e as câmeras digitais, de fácil acesso a quase todos, o que se constitui num amplo processo de democratização do acesso e da capacidade de produção automática de registros, que tornam, se não menores as consequências das violências policiais e/ou militares, pelo menos, permitem que as suas gravações sejam publicizadas e que a grande mídia as reproduzam em ampla escala, até mundial, imediatamente. E inviabiliza, pelo menos fisicamente, a sua sistemática negação pelas autoridades, ditas e tidas, responsáveis pela devida apuração e punição destes crimes. Esta semana que se finda está pontuada, provavelmente, como nenhuma outra, anteriormente, em nossa história, pelo registro de violentissimas ações policiais, até da Rodoviária Federal, de espancamento e até mesmo de morte, de cidadãos brasileiros, normalmente, seguindo o terrível preconceito consolidado nos chamados “3 Pês”, respectivamente, de “periférico, pobre e preto”. Independentemente das suas condições psicológicas, que não são sequer consideradas por requerer um tratamento mais cuidadoso. Assim, peço desculpas aos meus caros e parcos leitores, por dedicar este espaço dominical, para tratar destas questões que, mesmo não nos atingindo cotidiana, direta e pessoalmente, afinal de contas, queiramos ou não, gostemos ou não, ainda fazemos parte de uma classe média, teoricamente considerada intelectualizada, porquanto de nível escolar superior, assim, “quase branca”. Entretanto, nunca devemos esquecer que, enquanto seres humanos e cidadãos brasileiros, estamos permanentemente, suscetíveis de perder o nosso bem maior, a vida. Sérgio Guerra
Licenciado, Mestre e Doutor em História Professor Adjunto da UNEB. DCH1 Salvador. Cronista do site "Memórias do Bar Quintal do Raso da Catarina".
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