É cada vez mais evidente que o bolsonarismo catalisa o que há de mais degradado e degradante na natureza humana, e a força que ele tem hoje é produto, por um

lado, da força do substrato escravista da sociedade brasileira e, por outro lado, dos tempos tenebrosos a que a hegemonia de 40 anos do neoliberalismo conduziu o mundo.

Bolsonaro não é nada mais do que uma cara desforme (como não poderia deixar de ser) de um conjunto de forças do atraso, da intolerância, do obscurantismo e do retrocesso, liberadas pelo “fim da história” capitalista, e amplificadas pelo universo escravista brasileiro.

O futuro do Brasil, bem como da humanidade, e do próprio planeta, dependerá da possibilidade de se superar a hegemonia absoluta do projeto capitalista, em sua versão neoliberal, que transformou a política e a economia nas artes do cinismo e da degradação.

O grande problema é que a revolução tecnológica produziu uma concentração absurda de poder a serviço da voracidade insana do capitalismo.

Destruir essa gigantesca máquina de moer sonhos, dignidade, natureza e gentes é o grande desafio que o futuro reserva para a humanidade e para a própria Terra.

Dante Lucchesi é Sociolinguista e autor do Livro Língua e Sociedade Partidas (Contexto, 2015).