O bom pastor. Por Ailton Ferreira
O mundo do respeito, o mundo da fraternidade, o mundo da justiça, perderam hoje o Reverendo Pastor Djalma Torres. Um teólogo militante a serviço da vida e da justiça.
Com o Pastor Djalma Torres caminhamos nas igrejas evangélicas, participamos de conversas na Igreja Batista Nazaré, fomos nas missas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e participamos das celebrações no Centro de Umbanda com o Pai Raimundo de Xangô e na Casa de Oxumarê, onde ele costumava deixar o seu carro na Vasco da Gama, somente para subir e descer as escadas do Terreiro.
O Pastor Djalma Torres prestigiava o meu caruru e eu ficava feliz com a sua presença. Ele era mais que um Teólogo e Pastor Ecumênico, ele era um amigo que transcendia os limites das organizações religiosas.
Pastor Djalma era um homem protestante, cristão, que respeitava e rezava junto com os cristãos católicos e com o povo de Candomblé. Era o nosso ícone necessário quando o assunto era o combate à Intolerância religiosa.
Certa vez numa Assembleia do Conselho Estadual da Comunidade Negra – CDCN, enquanto eu presidia a reunião, o Pastor Djalma pediu a Mãe Helenice: – “mãe Helenice, cante aquela música de Oxalá, eu gosto tanto!”
Este é o Pastor Djalma que eu conheci. Um homem pleno de amor, um anjo das liberdades, o Teólogo que ousou dizer que a Bíblia não esgota todas as possibilidades do amor divino.
O Pastor Djalma Torres era carinhosamente chamado de Djalma de Ogum e é provável que ele esteja já nos céus, pode ser no Orum, pode ser no Reino da Glória, não sei direito onde localizar um homem tão pleno e belo.
A gratidão ao Pastor Djalma Torres, o bom pastor.
Não sei se lhe digo
Amém, Saravá, Axé, Aweto, Aleluia, Assim Seja ou Shalon!
O Senhor pode ser tudo isso e muito mais. O Senhor virou o símbolo do Diálogo Interreligioso, da Justiça e da Paz.
O nosso recente evento foi no Tororó, num Seminário sobre a Guerra de Canudos, foi muito bom, reencontramos velhos amigos. Só não fiquei para o feijão que seria servido a
seguir.
Meu bom Pastor Djalma, que o Deus Javé, Cristo, Olorum, Tupã, Buda e todas as infinitas possibilidades de Deus, lhe conduzam e lhe recebam.
E pra matar a saudade: “Oní Sáà wúre
Sáà wúr àse .
Obrigado, meu bom Pastor, alguns homens são essenciais, o Senhor é um deles.
Ailton Ferreira
