Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são necessários para ativar os recursos básicos deste site, como fornecer login seguro ou ajustar suas preferências de consentimento. Estes cookies não armazenam quaisquer dados de identificação pessoal.

Não há cookies para exibir.

Os cookies funcionais ajudam a executar determinadas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedback e outros recursos de terceiros.

Não há cookies para exibir.

Os cookies analíticos são utilizados para compreender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas como número de visitantes, taxa de rejeição, origem do tráfego, etc.

Não há cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados ​​para compreender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

Não há cookies para exibir.

Os cookies publicitários são utilizados para fornecer aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitou anteriormente e para analisar a eficácia das campanhas publicitárias.

Não há cookies para exibir.

Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

O crescimento econômico ilimitado é um mito pernicioso que precisa ir para o lixo o quanto antes . Por Reinaldo José Lopes

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura
Reinaldo_Jos_Lopes

Comecei 2021 lendo uma encíclica e um libelo ambientalista ao mesmo tempo —o que acabou fazendo um bocado de sentido, já que as premissas e conclusões de ambas as obras são surpreendentemente similares.

“Laudato Si’”, o primeiro documento “verde” escrito por um pontífice da Igreja Católica, muito provavelmente entrará para a história como o produto mais importante e original do papado do argentino Francisco. Ao colocar no topo de sua agenda o combate à mudança climática causada pelo homem, o papa se uniu a uma série de aliados improváveis, entre os quais a judia secular canadense Naomi Klein, autora de “This Changes Everything” (“Isso Muda Tudo”, livro ainda inédito no Brasil).

Tanto o livro quanto a encíclica vieram a público em meados da década passada (2014 e 2015, respectivamente). Embora os poucos anos que separam o leitor de hoje dessas datas pareçam quase um século, em certo sentido, o diagnóstico presente nas obras continua essencialmente válido. Ambas ressaltam o perigo existencial representado pela crise climática. E ambas, cada qual à sua maneira, colocam o dedo numa ferida que muitos de nós continuamos a ignorar: vivemos num planeta com limites.

A existência de tais limites planetários, tão certa quanto 2 + 2 = 4, revela com clareza, em todos os seus milhares de tons de insensatez, o absurdo por trás do dogma do crescimento econômico ilimitado. Klein diz isso logo no subtítulo de seu livro —“Capitalism vs. The Climate” (O capitalismo contra o clima). Já Francisco, mais sutil mas não menos demolidor, apresenta sua visão de uma “ecologia integral” que não poderia estar mais distante da defesa de um mercado 100% desregulado e de um Estado mínimo que faz a cabeça de alguns católicos conservadores americanos (não por acaso, inimigos ferrenhos do atual papa).

É possível dissecar o que há de lunático no dogma do crescimento sem freios de múltiplas maneiras, mas creio que a mais direta é enxergá-lo de dois jeitos complementares, um político e o outro científico. Do lado político, o fato —e trata-se de um fato difícil de contestar— é que mecanismos “de mercado”, sozinhos, fracassaram de modo retumbante na tentativa de conter a crise do clima.

Os incentivos financeiros para construir economias “limpas” simplesmente não têm como competir com o canto da sereia dos combustíveis fósseis. É simplesmente lucrativo demais continuar inundando o mundo com gasolina e gás natural, sem falar nos custos de modificar a base energética da globalização.

Se a decisão sobre o que fazer ficar nas mãos da entidade “mercado”, estaremos fadados a um aumento de vários graus Celsius até o fim deste século. Não tem como isso dar certo —ao menos para a grande maioria da humanidade.

Tanto Klein quanto o papa receitam um remédio que só parece amargo para aqueles cuja consciência foi embotada pelas últimas décadas de consumismo globalizado: autoabnegação e vida em comunidade são a chave, dizem ambos.

É o apego das comunidades tradicionais do mundo todo à terra e à água das quais dependem para viver que tem funcionado como a última barreira contra petroleiros e mineradores. E só a capacidade de se negar a usar um recurso supostamente precioso —a de deixar petróleo e carvão debaixo do solo, onde sempre estiveram— é que vai, em última instância, evitar que criemos um mundo no qual até o mais modesto crescimento econômico será uma impossibilidade física. O resto é conversa de quem acha que dá para beber gasolina e comer dinheiro. ?

Reinaldo José Lopes

Jornalista especializado em biologia e arqueologia, autor de “1499: O Brasil Antes de Cabral”.

Artigo publicado originalmente em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2021/01/o-crescimento-economico-ilimitado-e-um-mito-pernicioso-que-precisa-ir-para-o-lixo-o-quanto-antes.shtml

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *