O visconde pedinte. por Claudio Guedes
Não sai dos jornais, notadamente da Folha, O Globo e do Estado. Dia sim, dia não, lá está ele. Dando lições de política e de moral. Quem não o conhece o compra facilmente. Mantém certo charme e postura aristocrática.
Tão bom de política que desde que deixou a presidência da República nunca mais conseguiu conduzir seu partido à vitória nos pleitos nacionais. Liderou a farsa do impeachment da presidente Dilma e, até agora, defende sem ruborizar o corrupto do Aécio Neves, ex-presidente do seu partido e ex-presidenciável, em 2014, escolhido com o seu apoio.
Exposto nos e-mails pedindo grana para Marcelo Odebrecht, o empreiteiro que institucionalizou a corrupção no país, tendo confirmado que suas solicitações foram atendidas, sem entretanto possuírem registro de doações legais, quando questionado apenas tergiversou, enrolou. O usual comportamento de um tucano pego em contradição com a imagem de vestal que procura “vender” à sociedade.
Falso vestal, não passa de um hipócrita. Credita ao PT as mazelas do sistema político brasileiro, mazelas que ele e seu principal operador e mentor – o “trator” Sérgio Motta – amplificaram para manter o PSDB no Planalto por oito anos, inaugurando o processo de reeleição para cargos do executivo.
O visconde de Higienópolis, FHC, também conhecido como professor Cardoso, é também um pedinte.
Mas essa é apenas parte pequena da história das relações dos tucanos com os empreiteiros. Se o ex-presidente da Odebrecht, Pedro Novis, com forte atuação em São Paulo, resolver algum dia contar tudo que sabe, o aristocrata do burgo de Higienópolis perderá algo mais do que a pose.
Vamos ficar atentos.
Claudio Guedes é empresário e professor
