Os BRASIS por Zuggi Almeida
Ele está de volta prostrado no meio da praça da matriz. Mais obeso como nunca, ainda transpira o cheiro acre da banha de porco trazida em barricas de madeiras pelas naus lusitanas. Arfa e expele gases contínuos por conta do sistema digestivo sobrecarregado pela gula que exige ingerir todo e qualquer tipo de alimento.
Pesado e obsoleto, um desses Brasis após pouco mais de uma década despertou do estado de letargia que foi submetido. Por conta da dedicação das vivandeiras de plantão, teve o organismo nutrido pelo plasma do inconformismo misturado à intransigência e a ignorância.
Esse Leviatã abandonado na via pública, preguiçoso e explorador retorna com o objetivo de resgatar os privilégios que acredita lhe ser de direito, por obra e graça divina outorgada por seus representantes no Vaticano.
O patrimônio acumulado ao longo dos séculos oriúndo da força do trabalho escravo e da perpetuação da pobreza, fez de um desses Brasis, um pária que manteve suas regalias e vícios perpetuando a miséria.
O Brasil racista, misógino, homofóbico e intransigente com a diversidade religiosa está na ordem do dia exposto nas telas da tv e capas dos jornais, tem na classe média sua audiência predileta e no judiciário, a legitimação para cometer seus arbítrios. As igrejas complementam a alienação e as delegacias, a repressão para o pensamento contrário.
Esse mastodonte acrescentou ao extenso currículo ao longo de dois anos, a demolição do parque industrial e energético do país, a extinção de mais de 13 milhões de postos de trabalho, a falência dos sistemas de saúde e educação; a entrega das pesquisas e desenvolvimento para corporações estrangeiras e o aumento da violência em todas as escalas.
Agora, esse Brasil pretende colocar um rinoceronte no poder. Será que eles não sabem que esse animal não sabe andar pra trás, só consegue andar e olhar pra frente ?
* zuggi almeida é baiano, roteirista e escritor.
