Os valentes (sic). Por Claudio Guedes
Marice Corrêa de Lima, cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi presa em 2015 sob suspeita de ter depositado, via Caixa 24 Horas, recursos de origem ilícita na conta do cunhado.
Pediu a prisão dela o MPF e o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, a decretou. Marice cumpriu alguns dias de cana na sede da PF em Curitiba, teve a imagem escrachada na mídia, em particular na TV Globo, que filmou sua prisão e pôs em todos os telejornais.
Depois suas excelências do MPF e do juízo de Curitiba descobriram que ela não tinha qualquer relação envolvendo dinheiro com o cunhado e sequer era ela a pessoa que estava na fila dos caixas para fazer os supostos depósitos. Depósitos evidentemente de valores baixíssimos tal como autorizados em Caixas 24 Horas.
Hoje, 28/04/2018, pelo JN ficamos sabendo os detalhes dos depósitos da Odebrecht, cerca de R$ 27.000.000,00 – correspondente a € 6,500,000.00 – para o PSDB, em 2009/2010, na conta do ex-banqueiro e milionário tucano Ronaldo César Coelho, na Suíça.
O bacana disse que a grana foi para pagar (sic) o aluguel do seu avião particular que ele pôs à disposição de José Serra, então candidato do PSDB à presidência, e de outras lideranças tucanas.
Sei. Aluguel. De avião brasileiro, voando no país, recebido na Suíça. E que não foi pago pelo partido, mas pela Odebrecht. Fortes indícios de propina e lavagem de dinheiro, no mínimo. Não?
No despacho que mandou soltar a cunhada do petista, o juiz Sérgio Moro disse: “A posição deste Juízo tem sido no sentido de evitar a prodigalização da prisão preventiva, reservando a medida mais drástica, a bem da liberdade e da presunção de inocência, aos principais responsáveis pelos esquemas criminosos”.
Ronaldo César Coelho movimentou milhões. Todo o meio político sabe que ele sempre foi um ativo operador dos tucanos. Foi preso? Foi conduzido coercitivamente para depor? Foi indiciado? Não.
Marice nada movimentou. Foi presa e enxovalhada pela imprensa.
Ronaldo César Coelho é milionário e tucano. Não é nem mulher trabalhadora, nem petista.
Moro e Dallagnol bradam que a justiça é para todos. Mas afinaram frente ao poderoso tucano.
Por quê?
Claudio Guedes é empresário e professor