Política e derrota. Por Claudio Guedes
Na política, como na vida, derrotas são inevitáveis. Ninguém, nenhum partido, nenhuma força politica, em regimes democráticos – mesmo que sejam democracias com alto grau de imperfeição -, conquista vitória eterna.
Há a fadiga no poder, os erros cometidos no duro exercício do mandato e o crescimento da oposição que, apenas por existir, é sempre uma alternativa de poder.
A derrota não deve assustar ninguém que enxergue a política como uma atividade de construção do mundo, como parte do processo civilizatório, que não é linear e, pelo contrário, está sujeito a marchas e contra-marchas.
Após uma derrota, o que fazer? Primeiro, não se desesperar. Segundo, estudar. Terceiro, continuar a lutar.
Não se desesperar é fundamental. Estudar é bom. Ninguém perde algo estudando, buscando compreender as razões da derrota. Estudar é um jogo de ganha-ganha. Mas o mais importante, após uma derrota, é continuar lutando.
Quem perde lutando, quem continua na luta após perder, tem todas as condições de reconquistar vitórias.
Capitular, buscando acordo espúrio com vencedores – que representam visões antagônicas de mundo e de sociedade -, é opção mequetrefe, não é alternativa admissível.
Democratas honestos, liberais verdadeiros, pessoas de centro-esquerda ou de esquerda, todos que entendem a democracia com um valor universal, como um valor inegociável, todos que não aceitam o racismo, o preconceito, a discriminação e a perseguição de minorias, todos esses têm razões de sobra para estarem na oposição ao atual governo.
Oposição.
Marcação cerrada, crítica dura, contrapor alternativas às propostas do governo, é o papel da oposição. Essa história de “torcer” a favor é coisa de adesista.
Na política você é situação ou é oposição.
O governo Jair Bolsonaro possui fragilidades evidentes, cabe a oposição explorá-las. E derrotá-lo, nos marcos da democracia, nos embates nas instâncias sociais, no parlamento e nas próximas eleições.
O objetivo é substituí-lo por um governo com compromissos claros com a democracia, que se empenhe com políticas públicas distributivistas da renda nacional e que se engaje na preservação e ampliação das liberdades e dos direitos civis.
É uma boa agenda mínima. De oposição.
