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“O jogo começa agora” – FHC, 25/01 (os hipócritas e o linchamento político). Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

Claro que não teria sido possível um julgamento como o que assistimos no última quarta-feira, 24/01, no TFR-4, se o clima apropriado a tal desfecho não tivesse sido artificialmente criado.

Jamais desembargadores de justiça se prestariam ao “teatro” que trouxeram a público – num processo com tantos vícios – se a condenação do réu não encontrasse amplo consenso nos setores políticos e da elite empresarial, financeira e midiática do país.

O linchamento do ex-presidente Lula, durante quase três anos, foi sistemático e conduzido por profissionais, da mídia e da política.

Após o julgamento, FHC, o líder intelectual do PSDB, e interlocutor maior dos tucanos com a elite brasileira, notadamente com a banca, com o Estadão, Folha, e com a Rede Globo, declarou: “O jogo começa agora”.

FHC foi figura central no linchamento de Lula. Em nenhum momento o defendeu, mesmo quando os abusos da operação Lava Jato contra o ex-presidente desafiaram a lei e o Código de Processo Penal. Deu a sua concordância, ainda que discreta, à caçada ao ex-presidente. Por cálculo político, como sua frase síntese após o julgamento no TRF-4 atesta: sim, era preciso afastar Lula, para começar o jogo no sentido de viabilizar o nome dos tucanos, o governador Geraldo Alckmim, ao Planalto em 2018. FHC sabia, tinha certeza, que Lula passaria por cima de Alckmin com facilidade caso pudesse disputar o pleito. Com já tinha feito no passado e como apontavam todas as pesquisas eleitorais para 2018.

Mas não só. Não apenas cálculo político.

Havia também uma conta a ser saldada. Entendo bem o drama pessoal do ex-presidente FHC com relação ao seu desafeto político. A inveja que o consumia com relação ao também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Inveja de homem, de intelectual refinado, é uma das mais sórdidas. Afronta a vaidade de quem se julga superior.

Tendo feito governos medianos, quando FHC imaginaria, quando ele poderia aventar a possibilidade, de que seria batido de forma tão insofismável pelo seu sucessor na preferência do povo brasileiro. Nunca.

A ele, coitado de FHC, sequer foi concedido o direito oferecido, no genial conto “Enoch Soames”, de Max Beerbohm, ao intelectual Enoch: “O fracasso, quando é um fracasso total, simples e sem verniz, sempre guarda certa dignidade”.

Não. Não. Oh, história, oh, tragédia! FHC fez governos medianos, nada mais do que isto. Nem o fracasso total, nem um bela aprovação. Nem a dignidade do fracasso, com coerência e simplicidade, nem a aprovação retumbante. Medíocre.

Como o “príncipe” de Higienópolis, condestável da rua Bahia, no passado, no casarão que sediava o CEBRAP, e hoje morador “onorevole” do elegante Ed. Chopin, debruçado sobre as colinas do Pacaembu, tinha sido pior avaliado, pelo seu povo, do que um político com origem no chão da fábrica, semi-letrado e morador da periferia da cidade grande?

Como? Inaceitável.

E a vingança se fez. Com a sua ajuda, ainda que discreta. Discreta, mas certeira.

Claudio Guedes é Empresário e Professor universitário

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