No que o programa Roda Viva se transformou? Em tudo, menos Jornalismo. É, inclusive, hora de rever até o nome, já que o título da música de Chico Buarque não dá mais liga narrativa àquele conteúdo.

Na segunda, 26/06, a entrevistada foi a candidata do PC do B à Presidência, a preparadíssima e inteligente Manuela Davila, que também é jornalista e mestranda em Comunicação.

Sofrível, infantil e até mesmo com pitadas de idiotia cognitiva. Assim entendi o nível médio dos “entrevistadores”, dentre eles um assessor político do candidato fascista.

Na maior parte, perguntas irresolutas e eivadas de clichês a la guerra fria, buscando resgatar cadáveres temáticos da conjuntura geopolítica internacional da década de 70 do século passado. Esqueceram que o mundo já quase fecha a segunda década do século XXI.
Que desastre.

No entanto, o nível imbecil da média da bancada, demonstrando ignorância absoluta em vários temas levantados, é um indicador do padrão intelectual da direita brasileira dita “ilustrada”.

Não obstante ter sido interrompida 62 vezes, a candidata comunista soube responder com eloquência, simpatia e, sobretudo, conhecimento de causa. Mesmo as indagações mais cretinas, mormente aquelas feitas por Frederico D’avila, assessor do candidato fascista.

Sim, ele mesmo o “mediador” escolhido pela Fundação Padre Anchieta.

Fica a lição. O Roda Viva deixou a marca do batom dessa quadra histórica. Ou seja, quando a direita dita liberal – tucanos e afins – pretende embotar o debate por falta de argumentos, sempre irá convocar seus pitbulls fascistas para marcharem.

O violência discursiva com que a bancada partiu para cima de Manuela não tinha propósito jornalístico e sim o destilar do ódio.

Uma espécie de freikorps midiática que não se propunha à entrevista, mas a agressão à candidata.

Creio que a direção do programa deve se preocupar com o desmembramento da pauta estendida na Internet.

O circo armado está sendo ressignificado nas redes sociais. E expondo a fragilidade da bancada, à semelhança do que ocorreu com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que também jantou o outro grupo de entrevistadores.

O Roda Viva é um defunto insepulto do Jornalismo.Parte superior do formulário

Zeca Peixoto é Jornalista e Professor