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SSA Mapping faz tela na Igreja do Bonfim a partir dessa Segunda, 2

9 - 12 minutos de leituraModo Leitura
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Não é novidade como a tecnologia tem se feito cada vez mais influente na rotina das pessoas. As suas interseções com a arte, no entanto, são ainda pouco frequentes nas experiências do público de Salvador, cidade que, por outro lado, abriga o maior festival de artes visuais e tecnologia do Norte e Nordeste do Brasil. Deslocando-se do centro da capital baiana pela primeira vez para fazer da simbólica Cidade Baixa o

seu grande palco, a 4ª edição do SSA Mapping terá uma semana inteira de programação totalmente gratuita, de 2 a 8 de outubro, sendo o final de semana o ponto alto de suas ações, com as obras visuais projetadas sobre a fachada da emblemática Igreja do Bonfim e shows ao vivo. Os destaques ficam nos encontros de VJ Gabiru com Gerônimo Santana e de VJ Grazzi com Ilê Aiyê. Idealizado e produzido pela Baluart Produtora e Agência Ilimitado, o SSA Mapping tem patrocínio do Nubank, com realização através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e Governo Federal.

 

“Retornar às ruas após tantos anos [a mais recente edição presencial ocorreu em 2018 no Fórum Ruy Barbosa] ganhou um significado especial por ser na Colina Sagrada, com as projeções mapeadas de mais de 50 artistas visuais na Igreja do Bonfim, um verdadeiro ícone da nossa terra e cultura. Nesta edição, estamos investindo mais em sustentabilidade, com um compromisso de encontrar maneiras de realizar um festival de grande porte em espaços públicos com impacto ambiental reduzido”, afirma Lívia Cunha, que compõe a direção do projeto ao lado de Fernanda Félix e Zé Enrique Iglesias.

A Colina Sagrada, parte mais elevada da Península de Itapagipe, vai virar um cenário de diversas intervenções. Serão montadas feira de artes, feira gastronômica e área interativa ideal para crianças e pessoas de todas as idades, tudo no clima tecnológico e de luzes, com funcionamento a partir das 17h. Para pessoas com deficiência, idosos e grávidas, haverá setor de acolhimento. Para quem quiser garantir uma cadeirinha de praia para sentar-se e assistir ao espetáculo, o SSA Mapping vai ofertar no local, mas também vale levar a sua de casa.

Tanto no sábado quanto no domingo, a agenda começa no fim de tarde, com passeios guiados, batizados de rolés, que partem às 16h. No primeiro dia, partindo do Terminal Marítimo da Ribeira, ele será conduzido pelo Guia Negro, plataforma de afroturismo que realiza experiências turísticas partindo do entendimento de que viajar é uma experiência transformadora e que pode também ser inclusiva; no segundo dia, o professor de História e comediante Matheus Buente – um dos destaques da nova comédia baiana, presente em séries da Multishow e da Globoplay – será responsável pelo trajeto, com ponto de encontro na Praça Irmã Dulce.

Chegando à Igreja do Bonfim e respeitando a sacralidade do local, a missa da Igreja do Bonfim das 17h entra como parte da programação. Depois o som começa a rolar e um dos domos montados no espaço será coberto para uma experiência imersiva em obra interativa criada pelo estúdio thecode, fundado por Francisco Barretto e Micaelle Lages e movido por uma equipe artística multidisciplinar. A instalação vai proporcionar uma jornada pelos intrincados padrões geométricos e fractais encontrados na natureza, incorporando elementos gerados por inteligência artificial que ganham vida através da participação ativa do público. 

Então, às 19h, começam as mostras artísticas, compostas por dezenas de visuais. A “Mostra Principal” tem curadoria de Spetto, o mais influente VJ do Brasil, que reuniu 12 nomes de todo o país: Ani Ganzala, Erms, Isabela Seifarth, Kambô, Kauê Lima, Lê Pantoja, Letícia RMS, Não Consta, NTHLCRVLH, P4nick, Paulo Cantowitz e Vi Amoras.

“São mestres em suas áreas fazendo lindos poemas audiovisuais para o deleite dos espectadores”, elogia VJ Spetto, cuja curadoria propõe apresentações feitas por conjuntos de artistas. “A intenção foi promover encontros diversos que fujam do padrão curatorial vigente, ou mesmo de eixos culturais recorrentes. Ao invés de chamar um artista para exibir cada obra, foram criados quatro supergrupos, cada um com três artistas com origens distintas, juntando Norte-Sul-Leste-Oeste em combinações improváveis. A receita foi formulada para exibir a beleza dos contrastes nos processos criativos. Essa mistura junta os regionalismos de forma a trazer um discurso único. Cada uma das obras dos supergrupos traz discursos profundos e grafismos que saltam à vista”, aposta Spetto.

Na “Mostra Especial”, serão exibidas duas obras: uma assinada pelo United VJs, coletivo de artistas visuais com atuação global, em conjunto com a VJ Lagolagoa; a outra, “Me gritaram negra”, com poema e atuação da peruana Victoria Santa Cruz (in memoriam), interpretado em Libras por Anne Magalhães e adaptado para mapping por Karol Azevedo. Há ainda a “Mostra Aberta”, que teve inscrições públicas e contará com prêmios do júri e do público.

Cada noite é então encerrada com performances música-imagem, apresentações inéditas com intervenções visuais criadas especialmente para os shows ao vivo, às 21h. No sábado, VJ Gabiru, que participou de todas as edições do SSA Mapping, foi o convidado para criar os visuais do show de Gerônimo Santana, chanceler da música baiana que completou 50 anos de carreira em 2023. Compositor de sucessos como “Eu sou negão”, “É D’oxum”, “Menino do Pelô” e “Jubiabá”, entre outros, ele é reconhecido por sua originalidade e mistura de ritmos como ijexá, samba, lambada, afoxé, reggae, axé, jazz, entre outros. De Salvador, VJ Gabiru se interessa por explorar a natureza anamórfica das imagens, desconstruindo-as num universo de cores e gráficos para criar relações com o caldeirão étnico-cultural do Brasil.

No domingo, é a vez de VJ Grazzi fazer a cena imagética para o Ilê Aiyê, bloco criado em 1974 com o compromisso de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira. Sucessos como “Que Bloco é Esse”, “Ilê de Luz”, “O Mais Belo dos Belos” e “Depois que o Ilê Passar” ecoam mundo afora. A banda, nomeada Band’Aiyê, tem Antonio Carlos Vovô como idealizador e produtor e é formada exclusivamente por artistas afrodescendentes. Com a contribuição de Mundão, artista visual do bloco há 18 anos, a brasiliense VJ Grazzi assume as projeções. Ela é bacharela em Cinema e Mídias Digitais, com especialização em Videomapping, VJing e Fulldome pela VJ University. Foi campeã do torneio VJ Torna International 2018 e produziu obras audiovisuais para diversos festivais de videomapping e de música, revistas e artistas, atualmente acompanhando Baco Exu do Blues.

O SSA Mapping teve sua estreia em 2017, na Praça Municipal, projetando imagens sobre o Palácio Rio Branco. Em 2018, a 2ª edição foi no Campo da Pólvora e Fórum Ruy Barbosa. Já em 2021, o Arquivo Público da Bahia, na Baixa de Quintas, foi a tela para as artes em uma edição virtual. Nestes três anos, mais de 120 artistas visuais se apresentaram para mais de 20 mil pessoas.

A 4ª edição do SSA Mapping conta com copatrocínio da Electrolux Brasil, apoio da Prefeitura de Salvador e apoio do Doca1 – Polo de Economia Criativa, restaurante Vila Criativa, Dom Art Brazil, Califórnia Media House, Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Educadora FM Bahia, Projete, Basílica Santuário Nosso Senhor do Bonfim e seu projeto Bom Samaritano. 

SELO EVENTO NEUTRO – Neste ano, o SSA Mapping recebe o Selo Evento Neutro, chancela de responsabilidade ambiental que atesta a neutralização de todas as emissões de carbono geradas pelo evento. Trata-se de uma ação sustentável, que busca minimizar o impacto no meio ambiente e os avanços da mudança climática, realizada em parceria com a renomada empresa de soluções ambientais Eccaplan. Com os gases de efeito estufa quantificados em 10 mil quilos, a compensação ambiental se dará na mesma proporção com a plantação de 600 árvores. A iniciativa demonstra o compromisso do festival em contribuir de maneira positiva com o meio ambiente, tornando-se também um exemplo inspirador e catalisador para a conscientização do público, reforçando a importância de ações conjuntas para preservar o planeta e suas riquezas naturais para as gerações futuras.

A SEMANA PRÉVIA – De segunda a quinta-feira, o SSA Mapping ocupa o Doca1 – Polo de Economia Criativa, no Comércio, e investe em ações formativas para iniciantes e intermediários da arte de vídeo-jockey, ou VJ: denominação do artista que faz projeção mapeada e performance visual em tempo real, incluindo a criação e manipulação de imagens através de meios tecnológicos e em diálogo com sons. O objetivo é de estimular a cena local das artes visuais e qualificar o repertório de futuros artistas. São três laboratórios que oferecem um total de 80 vagas, com inscrições já encerradas.

Dois laboratórios são para iniciantes: “Introdução ao videomapping”, ministrado por VJ Grazzi, que terá encontros nos dias 2, 3 e 4, das 18h30 às 21h30, para uma imersão no mundo dos VJs e da projeção mapeada. Já o de “Vídeo-jockey: da conexão criativa aos palcos globais”, conduzido por VJ Gabiru e Homem Gaiola, será no dia 4, das 14h30 às 18h30, numa jornada inspiradora na carreira destes dois renomados VJs, através de demonstrações práticas e conhecimentos sobre a integração entre arte digital e física.

Para pessoas com nível intermediário na área, tem o laboratório “Código e tela: explorando visuais interativos”. O artista computacional Francisco Barretto será responsável por orientar técnicas e conceitos da arte computacional em instalações interativas para grandes formatos. Ferramentas e linguagens de programação, interfaces convencionais e não convencionais, protocolos de comunicação de dados e otimização de desempenho estão na pauta. A aula será no dia 5 de outubro, das 14h30 às 18h30.

Ainda na quinta-feira, 5 de outubro, das 18h30 às 21h, também no Doca1, uma grande performance de lançamento do SSA Mapping 2023 se constrói de raios laser: “Ori Lux: Uma Jornada Luminosa entre Mapeamento e Simbologia”. VJ GabiruHomem Gaiola unem suas poéticas de imagem com o som de Telefunksoul. Os artistas descrevem: “‘Ori Lux’ é um assentamento de ideias em um mundo digital, projetado em feixes de laser. Um espaço digital vivo, um fluxo pulsante de luz, imagem, palavra e som, tudo diante da majestosa Baía de Todos os Santos. Uma fusão da herança africana sul-americana com a modernidade tupi digital. Uma tradução luminosa dos caminhos da vida, onde cada feixe de luz é um convite à descoberta e à conexão. O cenário é entre a Igreja da Conceição da Praia e o sagrado assentamento para Exu no fim do porto de cargas, um lugar onde o passado e o presente se entrelaçam”. Quando os raios laser encontram a arquitetura, nascem histórias que tratam sobre fluxos – de ideias, pessoas e informações.

Na véspera do final de semana, sexta-feira, dia 6, a orla da Ribeira anunciará a chegada do festival na Cidade Baixa, com o carrinho de café-projetor da artista visual e VJ Ani Haze. Num passeio à beira-mar, na orla da Ribeira, começando às 18h30, ela vai exibir suas artes e avisar que o SSA Mapping está na área. 

 

SERVIÇO

SSA Mapping 2023

Quando: 2 a 8 de outubro de 2023

Onde: Cidade Baixa

Doca1 – Polo de Economia Criativa | Orla da Ribeira | Igreja do Bonfim e Colina Sagrada

Quanto: Gratuito

Laboratórios

= Introdução ao videomapping

Com: VJ Grazzi

Quando: 2, 3 e 4 de outubro (segunda, terça e quarta), 18h30 às 21h30

= Vídeo-jockey: da conexão criativa aos palcos globais 

Com: VJ Gabiru e Homem Gaiola

Quando: 4 de outubro (quarta), 14h30 às 18h30

= Código e tela: explorando visuais interativos 

Com: Francisco Barretto

Quando: 5 de outubro (quinta), 14h30 às 18h30

Onde: Doca1 – Polo de Economia Criativa (Av. França, s/n – Comércio) 

Inscrições encerradas 

Performance de Lançamento 

“Ori Lux: Uma Jornada Luminosa entre Mapeamento e Simbologia”

Com: VJ Gabiru, Homem Gaiola e Telefunksoul

Quando: 5 de outubro (quinta), 18h30 às 21h

Onde: Doca1 – Polo de Economia Criativa (Av. França, s/n – Comércio)

Carrinho de Café-Projetor

Com: Ani Haze

Quando: 6 de outubro (sexta), 18h30 às 21h30

Onde: Orla da Ribeira

Rolés

Com: Guia Negro

Quando: 7 de outubro (sábado), 16h às 18h

Ponto de encontro: Terminal Marítimo da Ribeira

Com: Matheus Buente

Quando: 8 de outubro (domingo), 16h às 18h

Ponto de encontro: Praça Irmã Dulce

Missa

Quando: 7 e 8 de outubro (sábado e domingo), 17h

Onde: Igreja do Bonfim

Festival

Quando: 7 e 8 de outubro (sábado e domingo)

= 17h – Ocupação Colina Sagrada com feiras, área interativa e intervenções

= 18h – Instalação interativa thecode

= 19h – Mostras Artísticas

> Mostra Principal – Ani Ganzala, Erms, Isabela Seifarth, Kambô, Kauê Lima, Lê Pantoja, Letícia RMS, Não Consta, NTHLCRVLH, P4nick, Paulo Cantowitz e Vi Amoras

> Mostra Especial – United VJs e Lagolagoa | Victoria Santa Cruz, Anne Magalhães e Karol Azevedo

> Mostra Aberta – artistas selecionados em inscrições públicas

= 21h – Música-Imagem

Sábado: VJ Gabiru e Gerônimo Santana

Domingo: VJ Grazzi e Ilê Aiyê

Onde: Igreja do Bonfim / Colina Sagrada / Cidade Baixa

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