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Temer não é um sujeito ideológico, é um negociante, por Alexandre Tambelli

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura
ALEXANDRE_TAMBELLI

Lendo o último texto do Fernando Horta no GGN – Foucault, você e Temer – me veio a ideia de comentar o post buscando simplificar os raciocínios sobre Temer e o Golpe. Coloco aqui também:

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Temer não é um sujeito ideológico, é um negociante, este é o problema maior do Golpe.

Penso eu que Temer é apenas um sujeito que vive a vida com duas intenções:

Estar no Poder e ganhar dinheiro por estar no Poder.

Quando se tornou o Poder maior no Brasil não foi por motivo ideológico.

E por isto é que o Golpe não anda bem das pernas.

Precisam correr, ao que tudo indica, muitas malas de dinheiro (elas não findaram com a votação do Impeachment) para o êxito das reformas e benefícios desejados pela Elite econômica do Golpe.

A Elite econômica do Golpe foi ingênua. Não se ligou quem eram Temer, Padilha, Geddel, Cunha, Moreira Franco, etc. Queria por queria tirar Dilma e o PT, sem medir as consequências do ato.

Temer & Cia. viram a chance de encontrar o negócio da China, o pote de ouro, logo ali, na sua frente, e propuseram (elaboraram), pelo que sabemos hoje, eles mesmos, a tal da “Ponte para o Futuro” e apresentaram ao mercado, que abraçou a ideia.

Temer & Cia. se adequam ao Poder. A conjuntura é favorável à esquerda eles bandeiam para ela, se juntam a ela e fazem os seus negócios do mesmo jeito. Continuam a ganhar dinheiro e a estar no Poder. Mudou a conjuntura mudam juntos.

Hoje, com um ano de atraso, a Elite econômica do Golpe precisa tirar, desesperadamente, Temer e colocar um Presidente Ideológico, ou seja, um próprio neoliberal no lugar, para ter sobrevida o Golpe, para não vingar o clamor das ruas por Diretas Já!

Meirelles, o Banqueiro, não cobra para realizar os desejos do Mercado, os realiza por Ideologia.

– Coloquemos ele lá! Bradam os mercadistas!

E temos que nos lembrar do Legislativo, que é uma cópia fiel do Executivo de Temer.

Pensemos, ainda, na parte que Temer escolheu para compor o Executivo, e que o Mercado não impôs. Parte importante, porque controla a “máquina” do Executivo: CGU, AGU, Ministério da Transparência, Órgãos da Receita Federal, Ministério da Justiça, etc., sem contar o Ministério da Defesa e as nomeações de Ministros dos Tribunais Superiores.

Fiquemos atentos.

Não é pela questão da opinião pública que as coisas não dão certas no pós-Golpe, é porque quase todos os participantes, no Legislativo e no Executivo, tendem, a cobrar por votos favoráveis às reformas e anda muito custoso à Elite econômica, que patrocinou o Golpe, tanto na imagem das elites perante a sociedade, como nos gastos para manter em pé as reformas; e tem a realidade posta, o desgoverno Temer gera prejuízos enormes para a sobrevivência da Elite econômica nacional do Golpe.

Temer & Cia. não têm mais nada a perder. A negociação é como se safarão da impunidade e quanto vão ganhar para deixarem os neoliberais porem um preposto no lugar do Temer. A negociação está em jogo e tem o problema crucial: a opinião pública quer Eleição Direta e, hoje, pode dar Lula.

O entrave maior não é negociar com Temer & Cia. as suas saídas, e, sim, como se comportará o povo brasileiro, diante da tentativa de legitimar as reformas com um candidato eleito, que seja um neoliberal, com votos vindos diretamente do eleitor e sem a chance de Lula se candidatar em 2018. E, por hora, emplacar uma Eleição indireta.

Em eleições futuras, tentará, a Elite econômica do Golpe, um Congresso e um Executivo que casem suas ideologias com a do Mercado, como, por hora, não é assim, a estratégia utilizada é colocar a Política no Banco dos réus, para tentar na base da coerção midiático-jurídica, que ela vote as reformas na marra.

O simples fato de pagar caro para elegerem políticos aliados, vindos dos partidos tradicionais, não surtiu o efeito esperado, porque esses políticos associados ao Presidente Temer não têm o menor pudor em se beneficiar financeiramente e politicamente, até hoje, dessa simbiose com o Grande Capital.

Por isto, Temer pode até dizer que vai acabar com a JBS. A relação dele com o Grande Capital é apenas comercial. Ele é um negociante. Vendeu uma “Ponte” com data de validade próxima do vencimento.

E, para simplificar, podemos dizer:

Em sendo um negociante, não tem obrigação das coisas darem certos, para além dos seus negócios. Ele é o seu próprio patrão e não precisa, por isto, prestar contas a ninguém.

Perguntas finais:

O anti-petismo fabricado pela dobradinha Velha Mídia e Lava-Jato produziu um Congresso Neoliberal? Não, necessariamente. Produziu negociantes.

Nós das esquerdas concorreremos, no Futuro, com candidatos Ideológicos ligados ao neoliberalismo, treinados para exercer a Política e para nos convencer a votar neles? Parece que sim!

Dória seria uma aposta que não está dando certo, porque não tem o traquejo da coisa.

A grande questão é: qual seria o discurso de um candidato neoliberal de fora da política e não de um candidato pleno de fisiologismo político, seja para o Executivo, seja para o Legislativo?

A superestrutura Mídia, Judiciário, Capital Transnacional, Império pode convencer milhões e milhões a votar no candidato neoliberal depois do fiasco Temer?

A Escola Sem Partido é uma das pontas para chegar a este objetivo?

Como realizar uma Eleição em que os candidatos todos sejam apenas do mercado (desejo do Sistema) – fingindo existir um processo eleitoral plural?

Artigo publicado originalmente emhttp://jornalggn.com.br/blog/alexandre-tambelli/temer-nao-e-um-sujeito-ideologico-e-um-negociante-por-alexandre-tambelli

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