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União Brasileira de Escritores lança antologia bilíngue e gratuita de contos em parceria com a Associação de Escritores de Xangai

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

A União Brasileira de Escritores (UBE) lança, em parceria com a Associação de Escritores de Xangai, o e-book bilíngue “Antologia Sino-brasileira de Contos” (E-galáxia). A coletânea gratuita reúne 16 contos – oito escritos por brasileiros, entre clássicos e contemporâneos, e oito de autores contemporâneos de Xangai. O e-book estará disponível para ser baixado gratuitamente a partir do dia 9 de setembro, no link: www.ube.org.br/antologia-sino-brasileira-de-contos/

Um aspecto relevante desta obra, que também caracteriza o seu ineditismo, é a apresentação dos contos nas versões em português e mandarim. Os contos chineses foram traduzidos diretamente do mandarim, sob a coordenação de Ho Yeh Chia, professora de língua chinesa do Departamento de Letras Orientais, da Universidade São Paulo (USP). Já os contos brasileiros foram traduzidos diretamente do português por Zhao Guagming.

O elenco brasileiro é formado pelos escritores Mário Araújo (“Rauziclíni”), Cinthia Kriemler (“O sêmen do rinoceronte branco”), Carla Muhlhaus (“Poesia de bilhete”) e Paulinny Tort (“Má sorte”), que se juntam aos cânones Machado de Assis (“A cartomante”), Lima Barreto (“O homem que sabia javanês”), Mário de Andrade (“O peru de Natal”) e Hilda Hilst (“Agda”) para representar a literatura produzida no país ocidental. Os contos foram selecionados pela UBE.

Para Sandra Espilotro, coeditora do livro e integrante da diretoria executiva da entidade, “editar esta antologia foi um desafio e tanto – e não poderia ser diferente. Claro que contamos com a dedicação total da equipe da Associação de Escritores de Xangai, mas a decisão de traduzir aqui no Brasil os contos chineses, diretamente do mandarim para o português e vice-versa na China, nos impôs um trabalho de controle e revisões muitas vezes maior do que o que fazemos ao editar traduções de línguas ocidentais, cuja estrutura é tão diferente. O resultado está aí, e a satisfação do pioneirismo é incrivelmente boa”.

Coordenada pela Associação de Escritores de Xangai, a seleção dos contos chineses priorizou a moderna literatura chinesa, que é pouco conhecida por aqui. Ao ler contos escritos por Pan Xiangli (“Os anjos e o chá da tarde”), Xiao Bai (“Offshore”), Yao Emei (“Menina velha”), Xue Shu (“O casamento de Peter”), Sun Wei (“A ilusionista”), Teng Xiaolan (“A mulher que dançava sob o céu estrelado”), Na Duo (“Despedida de inverno”) e Ren Xiaowen (“A vida da senhorita Zhu San”), nos surpreendemos com tantos traços em comum com os textos brasileiros.


“Ao divulgar a literatura do Bruxo do Cosme Velho aos nossos amigos chineses, assim como de outros grandes autores brasileiros clássicos e contemporâneos, e poder dar acesso à moderna literatura chinesa no Brasil, construímos pontes literárias entre duas culturas tão gigantes quanto diversas. Mazu, deusa do mar cultuada por pescadores em áreas costeiras da China, dá as mãos a Iemanjá neste oceano de palavras”, exulta o escritor Ricardo Fernandes, coeditor do livro e vice-presidente da UBE.

Os desafios da tradução do chinês para o português

Alguns exemplares físicos desta “Antologia Sino-brasileira de Contos” foram impressos exclusivamente para serem distribuídos nas bibliotecas do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB). É a chance de ampliar o alcance da obra e da milenar cultura e literatura chinesa no Brasil. Ao sentir o atrito que existe entre as duas línguas, os tradutores aprenderam a contornar as dificuldades, segundo a professora Ho Yeh Chia.


“Não temos uma tradição estabelecida de traduções do chinês para o português e vice-versa. Os tradutores de língua inglesa, por exemplo, têm na cabeça um conjunto de ‘casos difíceis’ com os quais irão se deparar e um conjunto de soluções padronizadas para esses casos. Isso ainda não existe na língua chinesa. Cada tradutor tem que começar do zero e cada problema tem que ser tratado sem o auxílio da experiência acumulada por outros tradutores que enfrentaram desafios análogos. É importante, por isso, que iniciativas como esta se repitam”, pontua Ho.

Um dos objetivos desta coletânea é justamente aproximar os leitores do Brasil e da China de suas respectivas literaturas neste 2024, ano que marca os cinquenta anos de retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

“Ao nos depararmos com a oportunidade de unir forças com a Associação de Escritores de Xangai, não paramos muito tempo pensando, logo ficou claro ser iniciativa importante. Unir textos de Brasil e China em edição bilíngue faria com que os dois universos leitores pudessem entrar em contato com culturas diferentes, e raramente vistas tão próximas. Fomos em frente e o resultado está aí. Não foi um caminho fácil, mas nos orgulhamos demais do que fomos capazes de construir”, comemora o escritor Ricardo Ramos Filho, presidente da UBE.

“Antologia Sino-brasileira de Contos”
E-galáxia
701 páginas

E-book com distribuição gratuita

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