Aldeia Nagô
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Yalorixá Mãe Nete de Oxaguian, do Terreiro Ilê Obá Tundê,  denuncia hospital de Salvador por intolerância religiosa

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura

No dia 13 de fevereiro de 2025, a Yalorixã Mãe Nete de Oxaguian deu entrada no Hospital de Brotas (Planserv) com uma forte dor de cabeça o que viria a ser diagnosticado como AVC hemorrágico, que demandava internação e cuidados médicos por tempo indeterminado na unidade intensiva do hospital.

Mãe Nete de Oxaguian assumiu a liderança do Ilê Obá Tundê em XXXX, fundado em 17 de Fevereiro de 1953, por seu pai, o Bàbálóòrìsà Jorginho de Sòngò, como responsável em dar continuidade às demandas religiosas do terreiro, não deixando de lado a maternidade e os caminhos profissionais na atuação como dirigente escolar em uma escola pública de Salvador. Não diferente de nossas avós, mães e ancestrais, que assumem papéis de responsabilidade na formação de indivíduos, maternidade solo, além do cuidado espiritual que demanda responsabilidade pelo caminhar de tantos.

Infelizmente muitas dessas mulheres, que tanto cuidam de nós, e priorizam nosso “bem estar” no mundo em condições saudáveis, quando precisam de cuidado, não recebem o mesmo de pessoas que estão sob suas mãos, diante de um contexto de vulnerabilidade.

E assim aconteceu com Mãe Nete. Durante sua internação na UTI, no Hospital de Brotas, Mãe Nete foi vítima de intolerância religiosa por parte dos profissionais de saúde, que a insultaram com falas preconceituosas e humilhantes. Não bastando estar longe das filhas, precisando de cuidados e apoio.

Apesar da denúncia à direção do hospital, além disso, Mãe Nete foi intimidada a não relatar o ocorrido, e nenhuma providência foi comunicada, até a redação deste texto, em abril de 2025.

O caso foi denunciado aos órgãos competentes de Salvador: à SEPROMI, à DECRIN e ao Ministério Público, e as medidas legais já estão em andamento para responsabilizar os envolvidos.

Refletimos como é que a cidade mais negra fora de África, a cidade que tem em suas raízes a religiosidade de matriz africana, segue tendo casos e mais casos de intolerância de religiosidade dentro e fora dos terreiros?

Exigimos respeito às religiões de matriz africana e às mulheres que nos ensinam, nos cuidam e nos fortalecem para estar nesse mundo em busca de transformação e mudança para um lugar melhor, exigimos justiça por Mãe Nete! Não aceitamos e nem aceitaremos que crimes como este sigam impunes.

Informações: Camilla Prado

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