11 de setembro – Fuga de Bento Gonçalves e aniversário da Sabinada são lembrados pelo IGHB
Para discutir os 180 anos da fuga de Bento Gonçalves e também o aniversário da Sabinada, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBa), o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRS) e o Centro Gaúcho da Bahia promoverão no dia 11 de setembro uma palestra, seguida de debate, nesta segunda-feira (11), às 16 horas, na sede do IGHB (Piedade).
O palestrante será o jornalista e pesquisador gaúcho Euclides Pinto Torres, diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRS). Ele possui uma vasta carreira profissional em jornais, revistas e rádios, tendo sido também professor de Jornalismo em faculdades gaúchas. Escreveu “Farrapos & Sabinos”, publicado em 2011, que contém um capítulo sobre a fuga de Bento Gonçalves, quanto ela custou e quais os baianos encarregados de tirá-lo do Forte São Marcelo e escondê-lo até o embarque para o sul do Brasil. Autor de outros dois livros sobre a história do Rio Grande do Sul, tema em que se especializou, Euclides Torres aponta no livro que as revoltas ocorridas no Brasil no século XIX nem sempre foram episódios localizados e que havia entre elas um sentimento comum e até conexões objetivas, como entre a Revolução Farroupilha e a Sabinada. Pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia falará o também jornalista e pesquisador Jorge Ramos.
O IGHB é uma das 15 instituições apoiadas pelo programa Ações Continuadas a Instituições Culturais, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) através do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA).
FARROUPILHA
A Revolução Farroupilha durou dez anos (1835-1945) e começou com a insatisfação dos gaúchos contra os pesados tributos cobrados pelo governo imperial sobre o charque (carne seca), erva-mate, couro, sebo e graxas, principais produtos da então Província de São Pedro do Rio Grande, o que provocou a insatisfação dos estancieiros, a classe dominante local. Com as primeiras vitórias sobre as tropas imperiais o movimento se expandiu e assumiu caráter separatista e republicano, tendo sido criada em 1836 a República Rio-Grandense para cuja presidência foi aclamado Bento Gonçalves. Preso nesse ano, após uma batalha na Ilha do Fanfa, o líder farroupilha foi levado para o Rio de Janeiro e depois trazido para Salvador. O governo imperial acreditava que levando um dos seus principais líderes para distante da zona de conflito a rebelião fosse debelada. Com a fuga e o retorno dele, o conflito recrudesceu e durou ainda oito anos. Mas terminou em 1845 com a vitória das tropas imperiais sob o comando do Duque de Caxias. O governo fez algumas concessões e decretou anistia geral, pondo fim à também chamada Guerra dos Farrapos, que deixou milhares de mortos e destroçou a economia da província. Foi a mais longa revolta da história do Brasil e exerceu influência sobre outras rebeliões regionais.
SABINADA
Em 1837 havia muita insatisfação da elite baiana (médicos, advogados, comerciantes e militares) contra a centralização monárquica e o governo regencial, pelos elevados impostos e falta de autonomia da província, inclusive para nomear os cargos principais da estrutura do governo. Mas o estopim da revolta foi o recrutamento obrigatório de homens para o Exército Imperial afim de combater a Revolução Farroupilha. Os maçons baianos, que se identificavam com os ideais dos revoltosos gaúchos e haviam dado fuga a Bento Gonçalves, lideraram a revolução, iniciada em 7 de novembro com a deposição do governador Francisco de Souza Paraíso e dos principais chefes militares leais à monarquia. Os revoltosos proclamaram a República Bahiense, que vigoraria até que o imperador Dom Pedro II, então com doze anos, atingisse a maioridade e assumisse o Trono. Na época, em nome dele, o Brasil era governado por regentes, escolhidos pelo Parlamento.
Mas ao contrário da Revolução Farroupilha, que mobilizou o interior da Provìncia de São Pedro do Rio Grande sem nunca ter alcançado a capital, a Sabinada ficou restrita a Salvador e não atingiu o interior, onde as forças legalistas se abrigaram e resistiram. Com o envio de embarcações com tropas imperiais, que ocuparam a Baía de Todos os Santos, Salvador ficou cercada por terra e mar e em março de 1838 a Sabinada – que recebeu este nome por causa de um dos seus principais líderes, o médico e jornalista Sabino Álvares da Rocha – estava contida. Houve intensa repressão contra os revoltosos, com fuzilamentos, prisões e o desterramento dos principais líderes.
BENTO GONÇALVES
Há 180 anos, em 10 de setembro de 1837, Bento Gonçalves, o principal líder da Revolução Farroupilha – que estava preso no Forte São Marcelo (na época chamado Forte do Mar), em plena Baía de Todos os Santos – fugiu espetacularmente com a ajuda de maçons da Bahia e retornou ao Rio Grande do Sul para assumir a Presidência da República Rio-Grandense e o comando do movimento sedicioso que desafiava o Império. Dois meses depois, em 7 de novembro, esses mesmos membros da Maçonaria baiana deflagraram a “Sabinada”, uma revolta que possui elementos comuns com a Revolução Farroupilha. Ambas reivindicavam maior autonomia para as respectivas províncias, protestavam contra os pesados impostos cobrados pelo governo imperial e, principalmente, tiveram caráter republicano.
Palestra/Debate : Segunda-feira (11/09)
16 horas – Sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBa.) – Piedade
Palestrantes : Eurico Pinto Torres (Rio Grande do Sul) e Jorge Ramos (IGHB).
(após a palestra, haverá apresentação de dança e música gaúchas)
SERVIÇO
IGHB – Avenida Joana Angélica, 43
Piedade – Salvador – BA
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