2018. Por Claudio Guedes
Este ano acaba em algumas horas. Já vai tarde. Não foi um bom ano. Regressão, conflitos, ataques à liberdade e contestações primárias à diversidade da vida marcaram, com uma nódoa sombria, os longos dias de 2017.
A política no país alcançou um grau de irresponsabilidade e leviandade como pouco visto ao longo da nossa história, sem sempre gloriosa, nem sempre cordial.
Uma santa aliança entre os poderosos controladores da grande mídia, do empresariado, da banca (que continua a exercer ampla hegemonia sobre os destinos da nação) e políticos corruptos e hipócritas – alguns mais corruptos que hipócritas, outros mais hipócritas que ladrões – passou a controlar o poder político e segue firme no seu propósito, anti-democrático, de aniquilar as forças políticas que não aceitam essa espúria supremacia.
Um governo medíocre e pusilânime controla o Congresso Nacional a partir de benesses com recursos públicos e tenta enfiar “goela abaixo” da população uma série de reformas que não são – da forma proposta – aceitas pela maioria.
Todo país em desenvolvimento, ou mesmo desenvolvido, precisa sempre reformar leis, regras e procedimentos. Mas as reformas necessárias e possíveis precisam ser frutos de consensos negociados envolvendo o mundo do trabalho, os setores que detém o capital e as forças políticas da sociedade civil, e não apenas maiorias de ocasião constituídas no parlamento, a partir de práticas fisiológicas e corruptas.
2018 não será um ano fácil. Muito pelo contrário.
Os embates possuem datas marcadas, antes, durante e depois dos grandes pleitos que deverão escolher o novo presidente da República, a renovação do Congresso, novos governadores e as Casas Legislativas estaduais.
O governo Temer, acuado, desmoralizado, tentará, nos primeiros meses do ano, emplacar reformas que mexem em direitos dos mais pobres – isto num país já marcado de forma dramática pela desigualdade social. O judiciário politizado, constituído de torquemadas semi-analfabetos, tentará influir de forma decisiva cassando políticos que são seus adversários ideológicos. Os oportunistas e hipócritas de sempre, falsos vestais, protegidos por influentes justiceiros togados, tentarão surfar na onda de descontentamento popular.
Este é o cenário que enfrentaremos. Mas que nunca precisamos de lucidez e clareza. A necessária compreensão de que a democracia é luta cotidiana, é ação continua, é refrega permanente, espaço onde o que hoje se perde amanhã se ganha. Sem desespero, sem pessimismo.
A batalha de janeiro se aproxima, não será um processo simples. Lula precisa ser defendido. Sua causa é a defesa da democracia. Não é possível aceitarmos, no Brasil do século XXI, que um medíocre juiz de 1° Instância queria cassar um líder popular, impedindo-o de exercer o papel politico que o povo venha a ele delegar. Seja na situação, seja na oposição. Não podemos aceitar a judicialização do processo político. Não podemos.
De janeiro à outubro não haverá trégua. Nós, democratas, – pouco importa se de centro, liberais, de esquerda ou de direita, todos que acreditam na democracia como forma superior e civilizada de condução política da sociedade brasileira -, vamos ser chamados a exercer algum tipo de papel, ativo ou passivo.
A indiferença não terá lugar em 2018.
Das ruas às urnas, todos os brasileiros vão ajudar a escrever, para o bem, ou para o mal, a história em um ano decisivo para o país.
Vamos lá, exercer o papel que nos cabe.
Claudio Guedes é Empresário e Professor