5 formas de neutralizar seu vício em smartphones. Por Larry Rosen
Vivemos uma era de obsessão tecnológica e dependência de smartphones. Toda hora, escuto alguém dizer: “não vou a lugar nenhum sem meu telefone” ou “sinto-me ansioso quando não consigo checar meus e-mails” ou “quando
não acompanho meu feed de notícias nas redes sociais tenho a sensação de que estou perdendo alguma coisa”.
Como era de se esperar, as pesquisas mostram que o uso excessivo de tecnologia diminui nossa saúde mental e física, piora nossos relacionamentos, e muito mais.
Em vez de sair da rede, como podemos criar melhores hábitos em torno da tecnologia — preservando seus benefícios e minimizando os efeitos negativos? Aqui estão algumas estratégias apoiadas em pesquisas que eu recomendo e você pode implementar no trabalho e em casa.
Use “cc” e “responder a todos” judiciosamente. Os e-mails em grupo, embora sejam úteis para a colaboração em equipe, são uma distração cada vez mais problemática no local de trabalho. Depois do segundo ou terceiro “responda a todos” — quando a maioria das mensagens pode ser direcionada a apenas uma ou duas pessoas, em vez de todas — essas correntes começam a parecer opressivas, adicionando conteúdo irrelevante a nossas caixas de entrada já sobrecarregadas. Encorajo qualquer um que inicia um e-mail em equipe a pensar cuidadosamente sobre quem ele vai “cc”, certificando-se de incluir apenas os membros relevantes da equipe. Também recomendo evitar “responder a todos”, a menos que seus comentários sejam realmente destinados — e sejam úteis — a todos os membros do grupo. Afinal, quanto mais e-mails você enviar, mais você receberá.
Recalibre suas expectativas para o tempo de resposta. Não muito tempo atrás, as pessoas trabalhavam das 9h às 17h, e davam o dia por encerrado. Hoje, um dia de trabalho típico pode se estender por nove horas no escritório e até tarde da noite, para recomeçar de novo no momento em que acordarmos. Quando os colegas enviam e-mails, mensagens de texto ou alguma outra forma de mensagem, não importa a hora, uma resposta imediata é, em muitos casos, a expectativa não expressa. Sugiro um meio termo — usado em várias empresas multinacionais, incluindo a Volkswagen e a Deutsche Telekom — que é uma política de horário das 7h às 19h: é claro que as mensagens podem ser enviadas a qualquer hora, mas ninguém precisa responder antes das 7h ou depois das 19h. Na França, empresas com mais de 50 funcionários são obrigadas a fazer algo semelhante. No país, a lei pelo “direito de desconectar”, aprovada em janeiro de 2017, determina que essas empresas reservem horários em que os funcionários não precisem estar disponíveis por e-mail.
Faça intervalos regulares e revigorantes. O cérebro humano não é projetado para funcionar por horas a fio. Nós nos saímos melhor quando fazemos intervalos. Por exemplo, em um estudo com mais de 12 mil funcionários de escritório, aqueles que se afastaram do trabalho a cada 90 minutos relataram um nível de foco 30% maior, capacidade de pensar criativamente 50% maior, e nível de saúde 46% maior comparados aos pares que fizeram apenas uma ou não fizeram pausa durante o dia de trabalho. Mas mexer no smartphone ou navegar na internet não conta como intervalo. Quebras verdadeiramente revigorantes envolvem exercício, conversa ou reflexão. Isso significa fazer uma caminhar e respirar um pouco de ar fresco, conversar com alguém (sobre algo que não seja trabalho) ou fazer alguns minutos de meditação mindful. Dez minutos são suficientes, embora pausas mais longas ofereçam ainda mais benefícios.
Retome o contato com os amigos e a família. Não podemos deixar a tecnologia interferir em nossas relações interpessoais mais importantes. Mas é difícil ignorar seu smartphone quando ele está na sua frente, com alertas de notícias e mensagens de texto aparecendo constantemente. Meu conselho é designar áreas onde dispositivos pessoais simplesmente não são permitidos, em um esforço para facilitar conversas mais significativas com amigos e familiares. Exemplos incluem a mesa de jantar, a sala de jogos ou de TV, o carro, ou em restaurantes.
Mantenha a tecnologia fora do quarto. À medida em que o dia termina, seu cérebro começa a liberar melatonina, cujo acúmulo eventualmente o ajuda a adormecer. Mas de acordo com uma pesquisa da National Sleep Foundation e da Mayo Clinic, a luz azul dos smartphones, tablets ou laptopsretardam esse processo e liberam cortisol, sinalizando ao seu cérebro que ele deve ficar mais alerta. O resultado é um sono cada vez mais inquieto, que perturba o rejuvenescimento sináptico que deve acontecer à noite e reduz sua acuidade mental. A solução é simples: não leve seus dispositivos para a cama!
Na última década, a tecnologia tomou conta de nossas vidas. Embora ofereça acesso a informações, conexão e entretenimento, também foi demonstrado que ela diminui nosso poder intelectual e prejudica nossa saúde mental. Essas 5 táticas — que você pode implementar para si mesmo ou incentivar em sua equipe — são maneiras simples de garantir que esses dispositivos onipresentes causem menos danos do que benefícios.
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Larry Rosen é professor de psicologia da California State University, em Dominguez Hills, autor de “iDisorder” e co-autor de “The Distracted Mind”.
Artigo publicado originalmente em http://hbrbr.uol.com.br/e-mails-vicio-smartphones/