Amanda Rosa lança clipe “Te Benzo Te Rezo” com direção da pesquisadora Anne Rodrigues
A música faz parte do EP Afiada e terá clipe lançado no dia 11 de setembro, que celebra os saberes ancestrais na criação das próximas gerações.
“Te Benzo Te Rezo” é uma composição já conhecida pelo público da artista nas performances de show. O single foi lançado em todas as plataformas no dia 28 de agosto, abrindo caminhos para a estreia do clipe dirigido pela pesquisadora Anne Rodrigues, que sai nesta quarta-feira, 11 de setembro.
Para ser assistir o clipe no lançamento: https://youtu.be/AfFR3zK22lA
O clipe foi gravado no terreiro Rocinha Força do Vento, na comunidade de Foz de Imbassaí, e traz na sua narrativa a ancestralidade através de uma simbologia entre gerações. A história dá destaque ao saber ancestral apresentado através da figura de Dona Maria, mais velha de 78 anos da comunidade de axé, e a continuidade destes saberes na atuação de Ayan Onan, de 6 anos. Amanda conecta as gerações através da mensagem desta música que vira filme através da Direção assinada por Anne Rodrigues, Direção de Fotografia de Marcelo Pinheiro, câmera de Tamires Almeida e Direção de Arte de Clara Matos.
“Ter gravado esse clipe no terreiro onde é minha casa foi o que tinha que ser, porque pra mim o terreiro é o lugar que melhor simboliza o que falo na letra sobre a sabedoria ancestral ser o caminho prático para nós. Os conhecimentos que vem do estado não entendem a ancestralidade como uma sabedoria e a gente traduziu em imagem exatamente o que eu acredito, tecnologias ancestrais que vem da natureza, é que ditam como a gente deve viver nessa terra. Ter a honra da presença de Dona Maria, filha do velho Obaluaê, na frente da casa dele, foi muito forte, e a certeza de que esse é o caminho, o meu caminho”, compartilha a artista Amanda Rosa.
“O clipe precisava plasmar essa relação com o saber e com o saber das pessoas que não acessam os sistemas formais de ensino, a ideia cíclica das pessoas mais velhas também estar na criança e de uma forma muito sensível, sofisticada e elegante, falar algo que está no cotidiano dos lares, dos jornais, que é a violência contra a juventude negra. A gente não queria fazer uma música pesada, mas que se tornasse trilha sonora e fosse espiritualmente conectada com as referências da diáspora musical e ao mesmo tempo, que passasse uma áurea, um mantra, expressando esse sentimento de amor entre mães e filhos”,
explica a diretora Anne Rodrigues.
As câmeras foram escolhidas através da direção fotográfica de Marcelo Pinheiro para imprimir a religiosidade de estar na Terra, produzindo saber e o tempo de vida, de existência de uma pessoa negra, como algo sagrado. E as luzes foram o ponto central do clipe, trazendo discursos indiretos quando, por exemplo, o giroflex é reproduzido, mas também espiritualidade e metafísica.
A diretora Anne Rodrigues sobre traduzir Te Benzo Te Rezo em linguagens artísticas ainda diz que, “foi olhar a vida como o ciclo das marés e perceber que o antigo e o futuro só existem no presente.” Ela relata que o primeiro desafio foi fazer uma música com um arranjo que trouxesse de forma sensível e minimalista tudo que seria conversado enquanto sagrado, reza, poder das folhas e enquanto o amor de uma mãe para um filho no clipe. De forma que o primeiro ponto da tradução é na música, que foi a trilha sonora para o clipe.
Feita a partir de referências contemporâneas de synth e neo soul, “Te Benzo Te Rezo” leva o rap nordestino ao encontro da MPB e os cantos de aboio. A música, que é originalmente uma poesia de clamor materno por proteção aos filhos, traz a tecnologia ancestral dos povos originários e povos de África, em contraponto ao conhecimento eurocêntrico disseminado pelo estado. Ganha força com a Direção Artística da pesquisadora musical Anne Rodrigues, produção musical do baixista Ejigbo, percussões de Tainã Troccoli e guitarras de Jad Ventura. O projeto foi lançado através do Selo Som Por Elas, que tem a missão de proporcionar segurança fonográfica e dignidade a mulheres da música em seus lançamentos musicais.
O projeto “Afiada: ATO I – Te Benzo Te Rezo” foi contemplado pelo edital SalCine, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Sobre Amanda Rosa
Amanda é atriz, poeta, mc, cantora, compositora, artesã e produtora cultural. Natural de Seabra, Chapada Diamantina/BA, atua em Salvador há mais de 13 anos. Começou sua atuação na música através das batalhas de freestyle e fez parte da produção da primeira batalha de MCs feminina na Bahia, Batalha das Bruxas. Ocupou programações de festivais como Panteras Negras, Cajacity, Batida das Pretas, Quixabeira, Frequências Preciosas, Asé Orin e Festival Fala. Em 2020 foi premiada no Festival de Música da Educadora FM, na categoria melhor música com letra com Oxe Não se Bote, parceria com Candace. Após se tornar mãe, faz parceria com a AfroTv com o projeto Mães da Quarentena, com um clipe da música Dança do Viver, e logo após lançou seu primeiro EP, A Filha Revolta. Atualmente está trabalhando no seu primeiro EP de estúdio, intitulado Afiada. Como poeta participou no Palavra Preta-Festival Latinidades-BSB, foi jurada em Slam Pandemia Poética-BA, tem passagem pelo Slam da Resistência-SP, Slam Clube da Luta-MG, Slam das Minas-BA, Slam No Front-SP, entre outros. Tem formação como atriz pelo Curso Livre de Teatro da UFBA e atuou em peças como Casa de Oração, Mar Morto Revivido, no clipe musical Duas Meninas de Karla Silva e no curta da +1 Filmes. Trabalhou como professora de teatro no Colégio Gregor Mendel, como assistente de direção de Angela Dantas no grupo Art’in Cena e Inter’arte. Fez direção musical do espetáculo Escandalosa, foi aderecista no espetáculo +de dança O Baile.
Sobre Anne Rodrigues
Inventiva, criadora e criativa, tem realizado trabalhos que misturam história, arte e política. Desenvolve conceitos e metodologias únicas para cada projeto, traz no seu repertório a formação em História pela UNEB e pesquisa dos gêneros musicais forjados na diáspora do Atlântico. No currículo acumula expertise em muitas frentes artísticas. Trabalhou como assistente de Produção do Projeto Salvador Negro Amor. Realizou produções para o Fundo Brasil de Direitos Humanos, Débora Small, Instituto Fala e Anistia Internacional. Coordenou a Plataforma Mundo Afro, no qual trabalhou com os blocos afros Ilê Aiyê, Malê Debalê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. Em 2018 criou a disciplina História da Música na Diáspora Negra ministrada no Centro de Formação em Artes da Funceb no qual trouxe os gêneros musicais para uma perspectiva de fatos sociais e históricos. Criou em 2013 junto com Fall Clássico o Clube do Ragga , evento especializado em música Jamaicana. Professora do Laboratório Rumpilezzinho desde 2013, faz parte atualmente do Conselho Pedagógico do Instituto Rumpilezz, onde também compõe o Conselho Curador desde 2019. Foi Diretora Artística do Festival da Rumpilezz Ano II em 2022 e escreveu o roteiro do espetáculo Travessias a memória de corpo durante o Festival Rumpilezz no TCA Teatro Castro Alves em junho deste ano. Ainda em 2022 fez a Direção Artística e de Produção do Festival Fala 2022 em Salvador e a curadoria do da exposição Letieres: o maestro que virou música.