Aldeia Nagô
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Álbum de estreia de Juliane Gamboa chega às plataformas digitais nesta quinta-feira, dia 21

5 - 7 minutos de leituraModo Leitura

Juliane Gamboa é a raiz de uma flor de lis, o fino de uma nova bossa, que conecta samba e jazz, ancestralidade e modernidade, Elis Regina e Esperanza Spalding, Sade e Djavan, fazendo do improviso uma arte e da música uma libertação”. 

Carlos Albuquerque (jornalista e produtor)

Quinta-feira, dia 21 de novembro, chega às plataformas de música JAZZWOMAN, álbum de estreia da cantora e compositora Juliane Gamboa, via Biscoito Fino. Fortemente influenciada por grandes intérpretes e compositores do samba, da MPB e do jazz, Juliane mistura e atualiza referências, reverberando um pouco de tudo que lhe interessa.

Filha de pai percussionista, samba e pagode foram a trilha sonora da primeira infância de Juliane. Com o passar dos anos, novas informações musicais foram chegando. “Quando a nossa família se tornou religiosa, passamos a ouvir muita música católica, que já tinha bastante influência jazzística. Também fui uma criança muito fã de Michael Jackson, que me levou ao soul, ao R&B, ao hip hop, e mais tarde ao jazz“, pontua Juliane. Através da sua mãe, fã de Milton Nascimento, Nana Caymmi, Elis Regina, Elza Soares, Jovelina Pérola Negra e Djavan, se aproximou da MPB na adolescência, “já tocando violão, e entendendo que a música deles era um caminho que me interessava bastante”, complementa.

Juliane Gamboa compôs “Transeunte”, música que abre JAZZWOMAN e que, segundo ela, elabora todo o disco. “Ela fala de um desejo enorme de experimentar um pouco de tudo, transitar, fluir com o próprio corpo, e assim criar a sua própria subjetividade de forma mais expandida”. É da avó da cantora, Néa Martins, a voz que se ouve em três vinhetas, que surgem em pequenos interlúdios para narrar o álbum.

JAZZWOMAN toca na autonomia da mulher preta, no poder e criatividade, na magia que ela tem ao mover universos a partir de seu axé.  A narrativa musical reflete sobre a ancestralidade em “Banzo” (Marcos Valle e Odilon Olynto),  com citação de “All Africa”, e “Herança”, de Rômulo Fróes e Alice Coutinho; esbarra na melancolia de “20 anos blues”, clássico de Vitor Martins e Sueli Costa; reafirma a sensualidade em “Eu sou mulher” (Filó Machado e Judith de Souza) e “Paracaê” (Thati Dias); inspira liberdade em “Vozes-mulheres” (Conceição Evaristo) e “Transeunte”, e louva o poder da imaginação radical das mulheres negras em “Sonho Juvenil” (Almir Sant’anna e Guará) e “Solitude (Reimaginada)”(Duke Ellington, Eddie Delange, Irving Mills), homenageando Jovelina Pérola Negra e Billie Holliday,  duas fortes referência para Juliane Gamboa.

A tradição do jazz se faz presente no álbum, mas a autoridade está nas mãos do improviso, das tecnologias e da espiritualidade. “Com arranjos de Lucas Fixel e direção musical compartilhada comigo, trabalhamos com um repertório de canções de dentro e de fora do universo do jazz, buscando trazer cores que dialogassem com a história que está sendo contada. A sonoridade traz uma atmosfera bastante espiritual e profundamente íntima, pois percebo a individualidade como algo muitas vezes negado às mulheres negras por conta dos traumas da escravização que continuam a reverberar, mesmo após tantas gerações”, reflete Juliane.

Antes de JAZZWOMAN, Juliane Gamboa havia lançado os singles “Vambora” (2020) e “No Espelho” (2020), além de duas faixas que aqueceram a chegada do novo álbum às plataformas. Como cantora, colaborou com artistas como Zélia Duncan, Ana Costa e Preta Gil.  “Eu sou uma artista ‘transeunte’, gosto de beber de diversas fontes. A Preta Gil, para mim, é uma verdadeira JAZZWOMAN: uma mulher que rompeu o silêncio diversas vezes para defender as minorias. Estar ao seu lado como backing-vocal me serviu de inspiração para continuar cumprindo o meu papel, no meu próprio nicho. No trabalho com Zélia e Ana, em ‘As Sete Mulheres pela Independência do Brasil’, além de cantar, tive uma aula de história a partir de letras que narram e poetizam a história – muito apagada – de mulheres que foram essenciais no processo revolucionário”.

Em JAZZWOMAN Juliane Gamboa trafega com segurança por vários estilos e influências musicais, dando coesão a um repertório plural e intimamente ligado às suas convicções como mulher e artista negra. “Cantar, pra mim, é romper o silêncio pela minha dignidade, pelo meu descanso, pelo meu prazer. Eu confio no autocuidado e no autoamor como estratégias do povo preto contra o racismo. Sendo artista, estando neste ofício de criar e portar a voz, é a mensagem principal do meu trabalho”.

Sobre Juliane Gamboa

Em 2022, a cantora e compositora integrou a residência artística MARES, no Oi Futuro. Em 2023, estreou o projeto “Jazzwoman”: no ano seguinte, em 2024, foi selecionada para o programa internacional OneBeat (EUA). Seu trabalho vem ganhando o reconhecimento de artistas como Chico César, Angela Ro Ro e Teresa Cristina, além da cantora de blues norte-americana JJ Thames, e reverberando nas redes sociais.

Juliane já participou do projeto “Um café lá em casa”, do músico Nelson Faria, e foi  selecionada para participar da residência “Stop Over 3”, em Berlim, em janeiro de 2025, ao lado de grandes artistas da cena do jazz internacional, como Natalie Greffel, Tonina Saputo, Tara Sarter e Kayla Briët.

Repertório e ficha técnica:

1-VINHETA 1 – JAZZWOMAN

Feat: NÉA MARTINS

2. TRANSEUNTE (JULIANE GAMBOA)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Sintetizadores – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

3. 20 ANOS BLUES (VITOR MARTINS e SUELI COSTA)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

4. SOLITUDE (Reimaginada) (DUKE ELLINGTON, EDDIE DELANGE, IRVING

MILLS)

Teclado -Antonio Fischer-Band

Montagem eletrônica – Pitter Rocha

5. BANZO (ALL AFRICA) (MARCOS VALLE & ODILON OLYNTHO)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

Trombone – Josiel Konrad (part. especial)

6. EU SOU MULHER (FILÓ MACHADO e JUDITH DE SOUZA)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

Trombone – Josiel Konrad (part. especial)

7. PARACAÊ (THATI DIAS)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

8- VINHETA 2 – PASSEIO NA PRAÇA

Feat: NÉA MARTINS

9. SONHO JUVENIL (ALMIR SANT’ANA / GUARÁ)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo acústico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

Trombone – Josiel Konrad (part. especial)

Percussão: Lucas Fixel

10. VOZES MULHERES (CONCEIÇÃO EVARISTO)

Sintetizadores – Lucas Cypriano

Guitarra preparada – Pitter Rocha

Vocais – Natalie Greffel

11. HERANÇA (ROMULO FRÓES e ALICE COUTINHO)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Sintetizadores – Lucas Cypriano

Guitarra – Pitter Rocha

Baixo elétrico – Bruno Repsold

Bateria – Lucas Fixel

Percussão: Lucas Fixel

12 – VINHETA 3 – NÉA

Feat: NÉA MARTINS

13 SOLITUDE (Reimaginada) alternative take (DUKE ELLINGTON, EDDIE

DELANGE, IRVING MILLS)

Teclado – Antonio Fischer-Band

Trombone – Josiel Konrad (part. especial)

Juliane Gamboa- intérprete

Teclado e Synth – Antonio Fischer-Band

Guitarra/Eletrônica – Pitter Rocha

Baixo acústico/baixo elétrico – Bruno Repsold

Bateria/percussão/arranjos/direção/produção – Lucas Fixel

Trombone – Josiel Konrad

Lucas Cypriano – sintetizadores

Natalie Greffel (Moçambique/Dinamarca)

Produção, arranjos e direção musical: Lucas Fixel

Engenheiro: Felipe Moura

Mix/Master: Guilherme Marques

Estúdio Frigideira

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