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A esquerda morreu? Por Walter Takemoto

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura
Walter-Takemoto

Durante os debates realizados na UFBA no ciclo “Crise e Democracia”, alguns dos debatedores afirmaram que a esquerda morreu, estava derrotada…, falido, ou coisa parecida.

Como diz meu amigo Renato Souza, antes de mais nada é preciso dizer o que é a esquerda.

E nesse caso, é preciso dizer qual foi a esquerda derrotada ou que morreu.

Se foram os dirigentes do PT que tiveram a “ilusão de que ser governo bastaria” e a partir dos cargos se poderia mudar o curso da história que marca a burguesia brasileira como golpista, então podemos concordar que esses dirigentes estão derrotados. Mas eles não são a esquerda brasileira, graças a deus!

Se estavam se referindo aos que afirmavam até uns meses atrás que não haveria golpe, ou que hoje continuam afirmando que não existe golpe, e elegem o PT e o governo como inimigos a serem derrotados, então podemos concordar que essa esquerda está fadada a ser o que sempre foram, algo difícil de se identificar na teoria e na prática política. E também não representam a esquerda brasileira, graças a deus!

E quem é a esquerda brasileira? Para não ficar escrevendo linhas e mais linhas reproduzindo argumentos tradicionais da teoria política, simplesmente digo que:

– dos milhões que saíram às ruas nos dias 18 e 31, a imensa maioria não era militante de nenhum partido dito de esquerda, eram pessoas que estavam dispostas a lutar pela democracia e a liberdade;

– artistas e grupos culturais em todo o país estão mobilizados e realizando cotidianamente atos em defesa da liberdade de expressão e contra o golpe;

– professores, estudantes e trabalhadores de universidades por todo o país transformaram os campus e salas de aulas em espaços de debates e manifestações, ultrapassando as entidades e os órgãos universitários;

– grupos e movimentos culturais das periferias das cidades organizam atos e manifestações contra o golpe e o extermínio da juventude negra;

– torcidas organizadas transformaram as arquibancadas em palco de manifestação contra o golpe e a Globo.

E podemos listar muito mais.

E o que é isso tudo, senão uma demonstração que o golpe trouxe para o cenário político brasileiro uma esquerda viva, que rompe os esquemas tradicionais de análise do que é esquerda e direita, capaz de emocionar qualquer um que consiga sair da “cerca” dos velhos manuais.

A esquerda antifascista, que pode derrotar o golpe está nas ruas, e essa não morre nunca.

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