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A força dos fatos. Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

O embate entre o fato e sua versão está sempre presente no mundo contemporâneo. Mundo onde o poder das mídias é imenso e também grandiosa a capacidade que possuem de manipulação dos fatos.

Todo episódio da denúncia & julgamento do ex-presidente Lula, no caso Triplex do Guarujá, é um exemplo vivo desse embate.

Denúncia construída de forma artificial, a partir de uma reportagem da Rede Globo de Televisão, o MPF se empolgou com a parceira notável, conquistada de antemão, e extrapolou. Apenas o powerpoint denúncia apresentado publicamente pelo coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, o falastrão Daltan Dellagnol, num país com pleno funcionamento do estado de direito, seria suficiente para desclassificar a denúncia e remeter o procurador à sanção administrativa prevista na lei.

Atuando sempre em parceria íntima com a procuradoria, o juiz escalado também artificialmente para o caso, o ardiloso Sérgio Moro, não só aceitou a peça como dela fez a base para sua prolixa sentença.

De lá para cá, a histeria da Globo e das revistas semanais Isto É, Veja e Época, só se intensificou. Fingiram desconhecer detalhes importantes da denúncia a da sentença e passaram ao largo da discussão presente ontem, e com mais força hoje, na sociedade brasileira – Lula é culpado ou inocente ? A imprensa, com poucas exceções, adotou e adota postura persecutória e, mesmo antes do pronunciamento da 2° Instância do Poder Judiciário, sugere a prisão do líder petista. Mesmo a Folha de S. Paulo, a da propaganda da imprensa imparcial, assim age dia sim, outro também. Com exceção, como sempre, de Janio de Freitas e alguns poucos articulistas que não se dobram à orientação do patrão.

Mas e o fatos?

Mesmo fazendo de tudo para escondê-los, para não trazê-los ao conhecimento público, ao espaço da discussão saudável, os fatos possuem força própria e desafiam os manipuladores.

Nada, nem a manipulação desavergonhada, nem a obstinação do juiz celebridade, nem o histrionismo dos procuradores, nada, conseguiu impedir a verdade que irrompeu do processo.

As verdades:

1. A denúncia do MPF revelou-se inepta. Os procuradores não conseguiram, ao largo de meses de investigação, com recursos e pessoal ilimitados, estabelecer a prova que Lula recebeu o Triplex do Guarujá por ter facilitado a contratação da OAS pela Petrobras;

2. Os procuradores sequer conseguiram provar que o ex-presidente recebeu, de fato, o apartamento da OAS. Não existe qualquer ato de recebimento, nem em nome próprio, nem em nome de um “laranja”. Não há, nos autos, nenhuma prova que Lula tenha obtido para si qualquer vantagem relacionada ao recebimento, alegado pela procuradoria, do citado imóvel.

São fatos.

Apenas fatos com toda a simplicidade que os fatos objetivos possuem.

Em um país democrático, com plena vigência do estado de direito, para se condenar criminalmente um cidadão são necessárias provas concretas, provas objetivas. Para se condenar um cidadão que foi presidente da República, que é um líder popular reconhecido, as provas teriam que ser, além de concretas e objetivas, inquestionáveis. Sim, não poderia haver nenhuma possibilidade de questionamento sobre a veracidade e a materialidade das provas.

O que temos no affair Estado x Lula, processo do Triplex da Guarujá? Provas inexistentes, procedimentos da procuradoria e do juízo questionáveis e verdades que inocentam o réu.

Pode ser que o TRF-4, por espírito corporativo, por solidariedade com o juízo & procuradoria da Lava-Jato, acabe por corroborar a sentença condenatória de 1° Instância.

Pode ser.

Caso o TRF-4 venha a corroborar uma farsa, a justiça brasileira, e não o cidadão e líder político, Luiz Inácio Lula da Silva, é que terá sido julgada.

A força dos fatos acabará por condenar a justiça se esta se mostrar indigna, inconfiável.

A força dos fatos não deve ser, jamais, desprezada.

Claudio Guedes é Empresário e Professor Universitário

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