Aldeia Nagô
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A história é sempre a mesma. Por Elaine Tavares

16 - 22 minutos de leituraModo Leitura

A crise que hoje se expressa na Bolívia não é nenhuma novidade para os
povos latino-americanos e também de outras regiões do mundo. Este tipo de ação
conjunta entre as elites predadoras nacionais e o estado terrorista ianque é
recorrente e parece seguir sempre o mesmo método: criação de focos
desestabilizadores, instrução militar, apoio financeiro e mentiras, muitas
mentiras.


 Estas, são reproduzidas à exaustão pelos grandes meios de comunicação,
na eterna lógica de desinformação e de fortalecimento da ideologia dominante.
Assim, com o mesmo velho método já utilizado em 1836, quando insuflou a elite da
região do que hoje é o Texas a se separar do México, os Estados Unidos atenta
contra a soberania dos povos sempre com o mesmo objetivo: garantir o seu domínio
sobre países e as riquezas dos povos.

Quem conta esse momento fundador das tramóias
ianques – que nada tem de teoria da conspiração, são fatos mesmo – é o
historiador estadunidense Howard Zinn, no seu livro "A outra história dos
Estados Unidos". Ele mostra que foi esta trama urdida desde Washington para
assimilar o estado do Texas que deu origem a guerra empreendida pelos EUA contra
o México. O confronto, que iniciou depois de uma provocação militar
estadunidense, acabou garantindo aos Estados Unidos um imenso pedaço do
território mexicano. Durante a guerra foi fundamental a batalha de desinformação
travada na mídia, tal e qual se pode observar hoje. Ao ler as páginas do livro
de Zinn a impressão que fica é de que nada mudou. Ele lembra ainda, que a famosa
Doutrina Monroe, divulgada em 1823, quando os países da América Latina
principiavam seus movimentos de libertação, já deixava claro que o país do norte
considerava toda essa região debaixo de sua esfera de influência. Zinn ainda
denuncia que entre 1798 e 1895, os Estados Unidos intervieram nos assuntos de
outros países 103 vezes.

Outro estadunidense que conta sobre o processo de
militarização do mundo pelos Estados Unidos é o ex-agente da CIA, Chalmers
Johnson. No seu livro "As aflições do império", ele afirma que este jeito de
fazer as coisas se fortaleceu no ano de 1898 quando o país estava em tratativas
com a Espanha pela independência de Cuba, da qual se considerava "tutor". No
meio das negociações, no dia 15 de fevereiro, uma misteriosa explosão destruiu
um navio de guerra estadunidense que estava ancorado na costa cubana, o USS Maine. Quase 300 soldados morreram e
os meios de comunicação inundaram as cabeças das gentes com a seguinte versão: a
explosão tinha sido obra da Espanha. Esse fato provocou um furor bélico na nação
e todo mundo exigia a guerra. Então, com o beneplácito do povo, os Estados
Unidos declarou guerra à Espanha, que sempre negou ter sido a responsável pela
explosão. Nunca ninguém conseguiu provar o que aconteceu com o USS Maine, mas a considerar a história,
é bem provável que tenha sido destruído pelo próprio serviço secreto
estadunidense para dar motivo à guerra. Qualquer semelhança com o 11 de setembro
não é coincidência, até porque há registros de uma carta do presidente Theodore
Roosevelt, em 1897, que dizia a um amigo: "Em estrita confidência, agradeceria
quase qualquer guerra, porque penso que este país está precisando de
uma".

A guerra hispano-americana serviu ainda para os
Estados Unidos conquistarem as Filipinas, um conjunto de ilhas que fica bem
próximo ao Japão, estendendo os braços do nascente império para a Ásia. Mais de
200 mil filipinos morreram neste processo, visto pela mídia estadunidense como
"ato de amor" dos Estados Unidos. Por considerarem os filipinos "uma gente senil
e selvagem", acreditavam que, com a ocupação, o país estava levando o
cristianismo e a civilização ao oriente.

Esta jogada de mestre que acabou expandindo o
território pela via militar abriu uma porta muito lucrativa para o empresariado
estadunidense. "Os imperialistas são os parasitas do patriotismo… nunca perdem
de vista as oportunidades de negócios lucrativos", diz o economista John Hobson.
E a prática tem mostrado que é assim mesmo. A guerra desde então virou um
negócio para os capitalistas e, hoje, grande parte da economia estadunidense
está ancorada neste "setor". Só para se ter uma idéia, pouco antes do início da
guerra no Iraque, em 2002, o governo estadunidense encomendou a duas grandes
empresas de cosméticos 273 mil frascos de filtro solar, elevando em mais de três
vezes a produção das indústrias. Proteção (?) para os soldados e para o lucro de
uns poucos. Além disso, todas as decisões levam em conta o marquetim, conforme
se pode notar da declaração do chefe de gabinete da Casa Branca à época do
início do confronto, Andrew H. Card Jr:  "Do ponto de vista do marquetim, não se deve
lançar um produto em agosto". Daí a guerra ter iniciado no mês seguinte, junto
com os grandes lançamentos da indústria de Hollywood. Nada mais do que bussines.

Rede de
intrigas

Tão logo acabou a guerra hispano-americana os
Estados Unidos voltaram seus olhos para a América do Sul. Estava em andamento um
projeto grandioso que visava abrir um canal entre os dois oceanos, Pacífico e
Atlântico. Pois usando as mesmas técnicas de mentiras, enganos, intrigas e
formação de grupos armados desestabilizadores, o país do norte criou um foco
separatista na região do que hoje é o Panamá, justamente o lugar onde estava
sendo construído o canal. Também ali o jogo foi vitorioso. Com a ajuda ianque o
Panamá declarou independência da Colômbia e o primeiro ato do governo recém
constituído foi fechar um acordo leonino com os Estados Unidos sobre a questão
do canal. Os EUA terminariam as obras do canal e ficariam com o direito de
usufruir o mesmo por um século inteiro. É justamente no ano de 1903 que os
Estados Unidos criam, internamente, o Estado Maior e a Escola de Guerra do
Exército. Já haviam percebido que toda a expansão sonhada viria pela força das
armas. Preparavam-se para ser o império da vez.

Na aurora do século XX outra "ameaça" passa a
pairar sobre as propostas de civilização dos Estados Unidos: é socialismo. Mesmo
dentro do país este inimigo abria suas asas, com grandes greves dos
trabalhadores – fomentadas pelos imigrantes anarquistas e socialistas que haviam
arribado na "terra das oportunidades" – chegando a protagonizar grandes batalhas
com a Guarda Nacional. Para esconder o movimento dos trabalhadores da mídia os
Estados Unidos providenciaram uma guerra com o México outra vez em 1911,
alegando que em Vera Cruz haviam aprisionado alguns soldados e se recusavam a
pedir desculpas. Por conta disso, atacaram a cidade, bombardearam e mataram mais
de 100 mexicanos. Isso tirou de cena a luta trabalhista. Não bastasse isso,
durante toda a revolução mexicana os Estados Unidos faria intervenções
procurando minar a vitória dos camponeses e trabalhadores.

Logo em seguida, a primeira guerra mundial vai
ocupar as manchetes e, mais uma vez atiçar a sede de domínio do governo
estadunidense. O presidente Woodrow Wilson insistia em não entrar no conflito,
mas com o afundamento do navio inglês Lusiana, o velho discurso enganador do
governo foi usado outra vez. Com o argumento de que no navio estavam mais de 100
estadunidenses e que aquela era uma nave de paz, os Estados Unidos entraram na
guerra com a anuência da população. Mas, o navio não era de paz. Segundo Howard
Zinn, o Lusiana estava fortemente
armado e levava milhares de caixas de munição. A lista do carregamento foi
falsificada. De novo, a política da mentira.

Em 1915 os Estados Unidos invadiram o Haiti, onde
uma força da marinha desembarcou na capital Porto Príncipe, dirigiu-se às caixas
fortes do "Banco Nacional do Haiti" e, em plena luz do dia, armada até os
dentes, passou a mão nos mais de quinhentos mil dólares que ali havia,
levando-os para os City Bank. As forças estadunidenses ficaram no país até 1934,
quando deixaram o povo entregue a uma das dinastias mais sanguinárias da região:
a família Duvallier: Fraçois (de 1957 a 1971) e seu filho Jean-Claude até 1986.
Hoje, a vergonhosa ação que novamente submete o país, inclusive sob o mando de
tropas brasileiras, nada mais é do que a continuidade destas intervenções, só
que desta vez com a gerência de outras "nações amigas".

No ano de 1916, foi a vez de as tropas
estadunidenses invadirem República Dominicana, onde permaneceram até 1924,
deixando como presidente do país outro ditador da pior estirpe: Leônidas
Trujillo, mais conhecido como "o chacal do Caribe", que ficou no poder por 31
anos. A este, a mídia cortesã nunca chamou de ditador e somente quando ele se
tornou um entrave para a política estadunidense é que acabou sendo morto pela
própria CIA. Tanto no Haiti quando na República Dominicana os argumentos para as
invasões  foram os de "levar a
democracia". A história mostra muito bem os horrores dos regimes que lá ficaram
sob as ordens do império.

As invasões não param

A segunda guerra mundial leva mais de 18 milhões
de estadunidenses para as Forças Armadas e as atrocidades de Hitler fazem com
que este conflito se transforme na guerra mais popular vivida pelos Estados
Unidos, sendo inclusive apoiado pelos trabalhadores ligados à esquerda. Foi ali
que o país consolidou a sua fama de paladino do bem, salvando a humanidade do
então denominado eixo do mal. Todo este "saber-fazer" os Estados Unidos colocava
a serviço da "democracia" e, de alguma maneira, aos olhos da opinião pública,
veio respaldar as ações de guerra nos demais países. Não foi à toa que a lógica
de ocupação e usurpação da soberania continuou.

Em 1946, quando assumiu a presidência da Bolívia
um jovem militar nacionalista apoiado pelas forças populares, os Estados Unidos
foram criando instabilidades internas, no seu velho estilo, até que conseguiram
organizar o linchamento e o assassinato do presidente. Com isso a Bolívia saiu
da influência das idéias "esquerdistas". Também a Guatemala nacionalista, sob o
comando de Jacobo Arbenz, sofreu o peso da mão dos Estados Unidos, aborrecido
com o tratamento dado a sua empresa United Fruit que também fazia o favor de
levar "civilidade" ao país. Para mostrar que ninguém mexe, impunemente com as
empresas dos EUA, o país foi invadido em 1954 e o presidente deposto.

Ainda no mesmo ano, os olhos se voltaram para o
Brasil e, usando o mesmo jogo de intrigas e mentiras, a CIA consegue levar a
bancarrota o governo de Getúlio Vargas, com o providencial suicídio do
presidente. No ano seguinte foi a vez de derrubar Juan Domingos Perón e entregar
toda a indústria estatal argentina nas mãos privadas, provocando o
desmantelamento e a desnacionalização da economia. No ano de 1961 os ianques
tentam acabar com a revolução cubana a partir de uma invasão via Playa Girón. O
exército, formando basicamente de mercenários, foi fragorosamente derrotado, o
que não impediu que os Estados Unidos seguissem com sua política de domínio no
resto da América Latina. Tanto que em 1964 já estavam eles, entre as tramóias
montadas para depor o presidente João Goulart, aqui mesmo, no Brasil. Inclusive,
agora, começam a aparecer as provas de que a morte de Jango no Uruguai tenha
sido um envenenamento urdido pelo serviço secreto. Veio a ditadura militar e
todo o horror que se repetiu em quase toda América latina.

Em 1965, ainda buscando acabar com todo e qualquer
foco revolucionário na região do seu "quintal" os Estados Unidos invadem outra
vez a República Dominicana, onde principiava emergir um levantamento
revolucionário popular. Tudo foi aplastado. Não satisfeitos com estender seus
tentáculos para a América Latina o país do norte empreendeu uma longa caminhada
para o oriente, fazendo acontecer a guerra do Vietnã, numa clara intromissão nos
destinos das gentes daquele lugar. Tudo para evitar que elas caíssem sob o
"domínio do mal", é claro: o socialismo. Foram dez anos de guerra, com os
requintes de crueldades em inovações de armas químicas, que custaram milhares de
vidas. Lá também os EUA saíram derrotados, mas não perderam a arrogância. Até
hoje, nos filmes que Hollywood faz sobre os fatos, os mocinhos sempre são os
gringos.

No ano de 1973 os Estados Unidos voltam
outra vez os olhos para a América Latina. No Chile de Salvador Allende
incendiavam-se os desejos de vida digna e soberania. Falava-se em socialismo e
os senhores da guerra usaram de seus velhos truques. Atuando junto à direita,
cooptando sindicalistas e lideranças sociais, foram criando o caldo da
contra-revolução até culminar com um golpe de estado que colocou no poder
Augusto Pinochet. Este encharcaria de sangue o país, sob as bênçãos da CIA e da
Escola das Américas, que ensinava aos militares as técnicas mais sofisticadas de
tortura.  Também o Uruguai sofreu a
intervenção alheia e uma ditadura sanguinária se instalou.  Dois anos depois era o Peru que caia a partir
de um golpe contra o presidente nacionalista Juan Velasco, que havia
nacionalizado empresas estadunidenses e feito uma reforma agrária que
beneficiara mais de 370 mil famílias. 

Nos anos 80 os Estados Unidos estiveram por trás
de todos os movimentos contra-revolucionários da América Central, combatendo com
mercenários a soldo os partidários de transformações radicais naquela região.
Tirando os sandinistas que lograram vencer na Nicarágua, os demais não
conseguiram. E ainda assim, depois de algum tempo, são os Estados Unidos que
fomentam a derrocada dos sandinistas, com sua títere, Violeta Chamorro, em 1990.
Durante os anos anteriores ao sandinismo, eram os EUA quem treinavam e
financiavam a ditadura de Somoza.

Em 1981 são as tramas secretas dos agentes da CIA
que viabilizam o assassinato de Omar Torrijos no Panamá, um presidente
nacionalista que logrou rever a questão do canal, viabilizando um acordo de
devolução para 1999. Em 1982, ajudam, pela segunda vez na história, a Inglaterra
na vilania de abocanhar as ilhas Malvinas da Argentina. A base estadunidense na
ilha Ascensión, os satélites ianques no espaço, as armas, combustíveis, mísseis,
e até o serviço diplomático, tudo foi colocado a serviço da agressão
colonialista inglesa. No ano de 1983 os Estados Unidos promoveram a invasão a
pequena ilha de Granada, que caminhava pela senda do socialismo. Pois o governo
estadunidense iniciou uma campanha contra o governo, acusando-o de ter em seu
território bases soviéticas que iriam ajudar as guerrilhas da América Central. A
mesma mentirosa história tantas vezes engolida.

Em dezembro de 1989, Bush pai mandou invadir o
Panamá e lá aportaram mais de 26 mil soldados. O objetivo era depor Manuel
Noriega, que tinha sido um bom aliado – e agente da CIA – mas estava querendo
caminhar com os próprios pés. Assim, com o argumento de que ele liderava um
cartel de drogas, o exército estadunidense baixou em Ciudad Panamá e, no ataque
ao bairro mais populoso da capital, El Chorrillo, mais de quatro mil civis
morreram. Durante os anos 90 os EUA não se limitaram a fomentar desgraça na
América Latina, também estiveram presentes em "ações humanitárias" na Somália,
Bósnia e Kosovo. No Afeganistão mantiveram bem armados os exércitos do talibã e
só depois é que vão considerá-los inimigos, destruindo-os na guerra pós 11 de
setembro de 2001.

Em 1995, os ianques invadiram mais uma vez o
Haiti, com o argumento de que o governo de Bertrand Aristide era corrupto.
Então, para "salvar" o povo, lá foram os marines promover arruaças. Estão lá até
hoje, junto com tropas de outros tantos países títeres, entre eles o Brasil. A
partir de 1999 entram também na Colômbia, desta vez com a bênção dos governantes
locais. Sob o pretexto de combater o tráfico de drogas implementam o Plano
Colômbia que nada mais é do que manter a região sob o seu domínio militar, bem
ás portas da Amazônia, berço da maior biodiversidade do planeta.

Em 2002 avançam sobre o Afeganistão e depois
invadem o Iraque, sempre ancorados em fragorosas mentiras. E o mais incrível é
que as mentiras seguem sendo as mesmas, desde o 1800. Daí que parece
completamente inverossímil o fato de os jornalistas não saberem de todas estas
informações, disponíveis em vários documentos e livros escritos desde os Estados
Unidos.

Hoje na Bolívia, na Venezuela e no
Paraguai


Desde 1998, quando Hugo Chávez assume a
presidência da Venezuela, os Estados Unidos vêm tentando colocar por terra todas
as idéias nacionalistas que foram se conformando no andar do governo. E, quando
Chávez começa a falar em socialismo, aí mesmo que a situação se complica.
Nacionalização da PDVESA, combate à ALCA, aproximação com Fidel Castro, tudo
isso configura perigo ao poderia estadunidense. Até que o serviço secreto inicia
a mesma sorte de tramas, intrigas e formação para o golpe. Este acontece em
abril de 2002, mas dura pouco tempo. As gentes da Venezuela saíram às ruas e
exigiram o respeito à Constituição. O golpismo da direita entreguista e seus
aliados gringos se esfacela diante do poder popular. Chávez volta e aprofunda as
reformas. Anos mais tarde, na Bolívia, vence as eleições um aymara, que tinha no
seu programa a proposta de nacionalizar as riquezas até então em mãos
estrangeiras e dar autonomia às nações originárias. A vitória esmagadora de Evo
Morales lhe dá a condição de iniciar as reformas. Tudo isso arrepia o cabelo da
oligarquia branca de Santa Cruz, que começa a chamar o separatismo. Tudo isso
muito bem orquestrado com os "criadores de crise profissionais" do estado do
norte. Não bastasse isso, Rafael Correa vence as eleições no Equador, também com
um programa mais próximo de Hugo Chávez e Evo Morales. Era a formação de "eixo"
de esquerda que tinha de ser estirpado.

O jogo midiático de mentiras e intrigas é
alimentado todos os dias pela grande mídia, que representa os interesses das
elites locais. É desde estas usinas ideológicas que vai se formando uma opinião
pública, totalmente distorcida diante da descarga avassaladora de mentiras e
meias verdades. Agora, com a eleição de Fernando Lugo no Paraguai e suas
promessas de reforma agrária, também o país do sul está na mira dos ianques, já
ameaçado de golpe.

Enfim, a América Latina vive mais uma vez um feroz
ataque da águia estadunidense e as gentes parecem não saber. Cabe aos
jornalistas, analistas e agentes de comunicação popular puxar o véu, destapar
toda esta muralha de mentiras para que as populações possam ter a condição de se
posicionar diante dos fatos. A violência na Bolívia, provocada pelos
separatistas brancos e oligarcas, não é uma coisa isolada, limitada as
fronteiras bolivianas. É mais uma ação do mesmo patrão de sempre, na sua eterna
missão de separar, intrigar, dividir, para continuar reinando. Este império já
teve suas derrotas: em Cuba, na Nicarágua, no Vietnã, no próprio Iraque. Não é
invencível. Só as gentes, informadas e unidas, poderão dar a resposta necessária
a toda essa rede de intrigas. Na Venezuela foi o povo organizado que restituiu o
caminho da revolução bolivariana. Agora, na Bolívia, será o povo quem vai
conduzir os destinos da nação. Lutar pela garantia das mudanças constitucionais
ou embarcar nas armadilhas das marchas da direita. Esta é a decisão. Esperamos
que seja sábia.


A
Unasur


Este também foi um momento histórico. Pela
primeira vez, numa situação de ataque a uma nação latino-americana os países da
América do Sul, já organizados numa instituição, se reuniram de forma
emergencial num lugar muito simbólico: o Palácio de La Moneda, onde há 35 anos
foi assassinado o presidente chileno, Salvador Allende, vítima das tramas
urdidas pelos Estados Unidos. Disse Hugo Chávez que naqueles dias todo o mundo
guardou silêncio, mas hoje não, "todos estão aqui para apoiar o governo
democrático de Evo Morales". Lembrou o presidente venezuelano que a Bolívia é um
país que vive de forma radical a sua democracia e tudo o que acontece lá por
estes dias é fruto da intervenção estadunidense.

A Unasur terminou sua reunião com uma série de
encaminhamentos práticos. Criar uma comissão para investigar as mortes na região
de Pando, outra estará em permanente contato com o presidente Evo Morales,
acompanhando os fatos, e mais uma dará todo o apoio logístico necessário para o
governo boliviano enfrentar os ataques que vive atualmente.

Evo Morales, presente à reunião, agradeceu
emocionado a esta posição firme e inédita dos países da Unasur de defender a
democracia boliviana. Insistiu que vai lutar para manter em andamento as
transformações profundas que acontecem hoje no país, refundando a Bolívia desde
a perspectiva popular.

Existe vida no Jornalismo
Blog da Elaine:
www.eteia.blogspot.com
América Latina Livre – www.iela.ufsc.br
Desacato –
www.desacato.info
Pobres & Nojentas – www.pobresenojentas.blogspot.com

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