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Alerta Amarelo: A Globo nos tempos da dengue e do apagão elétrico por Luiz Carlos Azenha

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

Um leitor deste site deixou nos comentários um texto publicado pelo
jornal O Globo em editorial depois da fala do ministro José
Gomes Temporão na TV:  "As palavras tranqüilizadoras do ministro José Gomes
Temporão sobre a febre amarela em cadeia nacional na noite de domingo, tem
contra si a baixa credibilidade do governo. Se tantas vezes anunciaram que o
apagão aéreo havia acabado, e não era verdade, porque não fariam a mesma coisa
com a febre amarela?, pode-se perguntar o brasileiro ressabiado. Diante da maré
de descrença, resta a Brasília abastecer postos de saúde com vacinas e não
sonegar qualquer informação sobre o que acontecer com a doença."


Ou seja, como lembrou o leitor, eu interpreto esse texto como clara
convocação para TODA A POPULAÇÃO se vacinar, apesar de especialistas – de dentro
e de fora do governo – terem dito o contrário. Notem que não há nenhum alerta,
nenhum porém. O governo, segundo o jornal, deve abastecer os postos de saúde de
vacinas. E ponto.

Agora analisemos a lógica do jornal das Organizações Globo. O brasileiro iria
se vacinar levado pela suposta "maré de descrença" em torno do governo. Mas as
pesquisas, que são ainda o melhor método de avaliar o estado de espírito da
opinião pública, não demonstram "maré de descrença", pelo contrário, a aprovação
do governo tem sempre estado acima de 50% de ótimo e bom. Existe, sim, maré de
descrença de uma parcela minoritária da população brasileira em relação ao
governo, por diversos motivos. Um deles, talvez o principal, é que jornais como
O Globo e emissoras de televisão como a TV Globo
PROMOVEM
a maré para tentar afogar o governo. As famílias Civita,
Marinho, Mesquita e Frias, para falar de apenas algumas, se comportam como alas
de um mesmo partido político cujo objetivo é impor à maioria dos brasileiros
seus interesses políticos e econômicos. Promovem a polarização da opinião
pública e uma campanha em que mentem, omitem, distorcem e manipulam
informações.

Falo não de ouvir dizer. Falo como testemunha. Quando eu trabalhava na TV
Globo do Rio de Janeiro e houve a epidemia de dengue, durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso e tendo como ministro da Saúde José Serra, a ordem era
ajudar a população a combater o mosquito transmissor da doença, com reportagens
didáticas quase diárias no Jornal Nacional. Eu mesmo fiz várias destas
reportagens em subúrbios do Rio de Janeiro, ensinando a população a colocar uma
gota de água sanitária nos vasos, se livrar de pneus velhos e de água parada.
Fiz as reportagens com prazer, já que acho que essa é UMA das obrigações de uma
concessão pública de televisão, a de prestar serviços à população.

Lembro também, como testemunha, do apagão elétrico durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso. Também neste caso, a ordem era ensinar a população a
colaborar com a economia de energia. Eu mesmo fiz várias reportagens a respeito,
demonstrando como o chuveiro elétrico era coisa do passado. O único
eletrodoméstico sobre o qual  era proibido falar,  para efeito de comparação de
gastos de energia com os demais, era a televisão. Aparentemente, a Globo tinha
medo de que as pessoas decidissem economizar energia deixando de ver a
novela.

Não acredito que o papel de uma emissora de televisão, pública ou privada,
seja a de promover os governos de ocasião. A crítica é essencial. E nos dois
episódios citados acima ela aconteceu nos telejornais da TV Globo. O que me
espanta, agora, é ver que as Organizações Globo, conforme expresso no editorial
do jornal O Globo, abandonaram completamente o bom senso jornalístico,
suprimiram o contraditório e ajudam a criar a tal maré de descrença que, em
seguida, é usada para justificar o comportamento irresponsável – alguns diriam
criminoso – de "incitar" a população a tomar indiscriminadamente uma vacina que
tem o potencial de matar.

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