Aldeia Nagô
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ALGUÉM SE CANDIDATA A GOSTAR DE SALVADOR? por Sérgio São Bernardo

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura

A cidade da Bahia conhecida como a
cidade da fé barroca, das águas imantadas de prazer, e do sol da negrura da
terra, também é conhecida como a cidade do mijo, dos que não têm lugar onde
morar, dos que andam a pé, que não tem passeio público, que não tem estacionamento,
dos jovens que morrem nas periferias, que se privatiza e se fecha para o
restante da população


Salvador é uma cidade rica e plural, mas a diversidade é
hierárquica. Poder e dinheiro mandam por aqui. Temos dedicados políticos,
intelectuais e artistas que se vendem fácil para os grandes e ricos
investidores da cidade.

Um milhão de pessoas andam a pé na
cidade. O sistema habitacional necessita de 100 mil casas. Mais de duas mil
pessoas moram nas ruas. Entretanto, muitos vivem de estatísticas e relatórios
sobre a miséria e a morte dos outros. Continuamos a fechar ruas e prédios e a
transformar Salvador na cidade das Vilas, Residences e Palaces. Nas micro
cidades sitiadas. É o fim da Cidade?

Impõe-se um choque cultural e o
estabelecimento de um novo contrato social entre seus munícipes. Parece difícil
para os candidatos que querem ocupar o poder da cidade enfrentarem os
empresários gananciosos do setor imobiliário, do setor dos transportes, da
coleta do lixo e do setor hoteleiro que mandam na cidade e nem parecem gostar
tanto dela assim. O carnaval está chegando e precisamos saber qual o preço
filosófico e civilizatório da baianidade nagô. Os espigões da orla irão tapar e
privatizar a cidade enquanto pagamos para trafegar na cidade feita para carros.

Com a recente notícia da vinda de 70
bilhões de investimentos privados para o Estado, fica o desafio de se pensar
uma nova cidade. Salvador não nasceu apenas para ser uma fortaleza ou um centro
da Colônia. A superação do Enigma Baiano tem que ser mais do que edificar uma
forte indústria ou criar infraestrutura para acomodar grandes eventos. As
empresas nacionais e os políticos de esquerda e de direita, mas do que pão e
circo poderiam ajudar a protagonizar a refundação da cidade. A cidade precisa de
quem goste dela. Na verdade, a cidade precisa de quem goste de quem vive nela.

 

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