Aldeia Nagô
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Álvaro Uribe e os crimes de lesa humanidade por Elaine Tavares

3 - 5 minutos de leituraModo Leitura

A mídia brasileira é pródiga em falar
do conflito armado na Colômbia, sempre na perspectiva do governo, até estes
dias, de Álvaro Uribe.









Este, geralmente foi mostrado como o grande democrata
que estava fazendo todo o possível para acabar com uma guerra civil que perdura
por décadas.  Jamais se ouviu ou se leu
na mídia comercial brasileira sobre a famosa “black list”, um documento
produzido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que mostra Uribe como
um narcotraficante. O documento é explícito: Álvaro Uribe é um senador (isso em
1991) que colabora ativamente com o cartel de Medelin, recebe dinheiro por isso
e é amigo pessoal de Pablo Escobar. Talvez por isso mesmo os EUA tenham apoiado
o então senador quando este quis ser presidente da Colômbia e o foi por dois
mandatos. Não é sem razão que Uribe permitiu a instalação de nove bases
militares estadunidenses no território colombiano.

Durante estes anos em que esteve à
frente do governo colombiano, Uribe certamente não deixou de ser um fiel
servidor do narcotráfico e não é à toa que agora inicia um processo de guerra
contra a Venezuela, alegando mentiras sobre a ligação do governo de Chávez com
os “terroristas” das FARCs. Segue o mesmo exemplo de seu chefe, George Bush,
quando quis fazer a guerra contra o Iraque, a partir de mentiras como a que o
Iraque teria armas químicas.   

Primeiro, as FARCs não são formadas
por terroristas. São exércitos regulares que lutam, armados, contra o exército
da Colômbia e tem um plano de libertação para o país. Segundo, Uribe tem todo o
interesse em se manter fora da cadeia, já que é um narcotraficante reconhecido
inclusive pelos EUA, então precisa criar sobre si uma cortina de fumaça. E
terceiro, durante seus mandatos promoveu tantos crimes e atrocidades que
igualmente deve ser julgado por crime de lesa humanidade.

Na última semana, uma fossa encontrada
no pequeno povoado de La Macarena, a uns 200 quilômetros de Bogotá, região que
é conhecida como uma das mais “quentes” no processo do conflito colombiano,
revelou parte de toda essa atrocidade que o terrorismo de estado tem praticado
ao longo dos anos. Mais de dois mil cadáveres foram encontrados, amontoados uns
sobre os outros, alguns ainda com as mãos e pés amarrados. Este se trata de um
dos maiores enterros coletivos de vítimas que se tem notícia na América Latina.
Segundo as informações dos jornais colombianos, a fossa teria corpos desde o
ano de 2005, sempre renovados.

O exército colombiano se apressou em
dizer que os corpos eram de guerrilheiros que haviam morrido em combate. Mas, o
povo da região não confirma isso. Pelo contrário, o que os moradores dizem é
que aqueles corpos são de líderes sociais, camponeses e militantes populares
que desapareceram sem deixar qualquer rastro.

A cova foi descoberta por conta da
denúncia realizada por gente que esteve por anos atuando junto aos
paramilitares e que se entregou sob a proteção de uma controvertida lei chamada
de Lei de Justiça e Paz. Esta lei garante aos informantes uma pena simbólica se
eles confessarem seus crimes. Durante estas sessões de “confissão”, um dos
chefes de um grupo paramilitar chamado John Jairo Renteria revelou que ele e
seu grupo chegaram a enterrar mais de 800 pessoas em uma fazenda na cidade de
Puerto Asís. Também confessou que os seus comandados usavam estas pessoas
(sindicalistas, militantes sociais, estudantes) para aprender como esquartejar
uma pessoa e revelou que alguns procedimentos eram feitos com as pessoas ainda
vivas.

A audiência e a localização dos corpos
da cova de La Macarena aconteceram no mesmo dia em que o governo de Santos,
atual presidente colombiano, pediu uma reunião urgente na OEA para denunciar a
Venezuela como um estado que estava acolhendo membro das FARCs. Nada mais do
que outra cortina de fumaça para tentar encobrir o horror da descoberta e das
outras tantas atrocidades produzidas pelo governo de seu amigo e antecessor
Álvaro Uribe.

O povo organizado da Colômbia quer que
tudo seja esclarecido e exige ainda a punição de Uribe por estes crimes,
imprescritíveis, de lesa humanidade.

Veja fotos da cova descoberta em La
Macarena.

www.iela.ufsc.br

 

 

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