Aldeia Nagô
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Apoio à dieta verde por Neus Contreras

5 - 7 minutos de leituraModo Leitura

Dezenas de bois pendurados pelas pernas traseiras, prontos
para a comercialização. "Muitos se transformariam em vegetarianos se tivessem de
matar os animais que comem, ou simplesmente visitassem um matadouro." A frase é
comum em certos círculos, aqueles que optam por excluir de sua dieta os produtos
animais. Nem carne, nem peixe, nem aves. Os mais estritos nem mesmo ovos,
laticínios ou mel. Suas teses foram geralmente vistas com suspeita. Aos poucos,
porém, dieteticistas e nutricionistas admitem as vantagens desse tipo de
alimentação, tanto em suas correntes mais brandas como nas mais
estritas.


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Especialistas admitem as vantagens do vegetarianismo, mas com
supervisão. As suspeitas em relação à dieta dão lugar às análises de seus
benefícios. A Associação Americana de Dietética afirma que é uma opção benéfica
para a prevenção de certas enfermidades


"Não existe nenhum argumento para ser contra o vegetarianismo",
afirma o grupo de revisão e posicionamento da Associação Espanhola de
Dieteticistas-Nutricionistas (AED-N). E, com mais ou menos matizes e senões,
essa é a posição de consenso entre os especialistas consultados. "São dietas
perfeitamente compatíveis com uma nutrição correta", acrescenta Xavier
Formiguera, endocrinologista chefe da unidade de obesidade mórbida do Hospital
Trias i Pujol de Barcelona.

A doutora Lucrecia Suárez insiste nessa
mudança de postura progressiva, na qual se passou das suspeitas à aproximação
cautelosa do fenômeno. Pediatra do hospital Ramón Yves Cajal de Madri e
especialista em gastroenterologia pediátrica, Suárez afirma que foi demonstrado
que as dietas vegetarianas são benéficas à saúde. Desde que sejam bem
planejadas, acrescenta. A própria União Vegetariana Espanhola (UVE) salienta
isso. "Recomendamos a todas as pessoas interessadas nesse assunto que se
informem bem para poder adotar uma dieta vegetariana equilibrada, com o fim de
evitar possíveis carências ou desequilíbrios", explica David Román, seu
presidente.

De fato, esse é o segundo ponto de consenso entre uns e
outros: é imprescindível consultar um especialista. O controle e a revisão
personalizada, acrescenta o dieteticista-nutricionista Jordi Sarola, são
imprescindíveis antes de adotar uma dieta vegetariana. Seja qual for, embora no
caso das "vegans", as mais estritas, isso seja especialmente
importante.

As necessidades nutricionais de uma pessoa de 65 anos não são
as mesmas que as de uma de 20, explicam. Nem as das grávidas ou as de uma
criança. Inclusive pessoas da mesma idade podem necessitar de aportes diferentes
de ferro, por exemplo. O problema, continuam, é que não há consciência disso na
Espanha. "Aqui as pessoas se tornam vegetarianas por sua própria conta", resume
Suárez.

Nesse aspecto os EUA estão claramente na frente. Com cerca de
2,5% da população vegetariana, segundo os últimos dados, já estão conscientes de
que é preciso ter supervisão médica, dizem os especialistas. Além disso, o
posicionamento feito em 2003 pela Associação Dietética Americana (ADA) a favor
do vegetarianismo se transformou quase na bíblia desse movimento também na
Espanha. "As dietas vegetarianas adequadamente planejadas são saudáveis,
nutricionalmente adequadas e proporcionam benefícios para a saúde na prevenção e
tratamento de determinadas doenças."

Os estudos com vegetarianos mostram,
segundo a ADA, que estes têm valores inferiores de índice de massa corporal,
assim como menores taxas de mortalidade por doença cardiovascular. Sem esquecer
os níveis inferiores de colesterol, de pressão sanguínea e a menor incidência de
hipertensão, diabetes tipo 2, câncer de próstata e de cólon.

Claro que a
moeda também tem outra face, pois, como lembra Suárez, a descoberta dos prós da
dieta vegetariana não significa que não haja contras. "Se uma alimentação
vegetariana não for planejada adequadamente, podem aparecer certos transtornos
ou doenças", adverte o grupo de revisão e posicionamento da AED-N. Distúrbios ou
doenças, é claro, normalmente devidos a deficiências na alimentação.

A
grande diferença, acrescentam, talvez seja a velocidade com que aparecem os
distúrbios e a percepção de risco que daí se tira. Os sintomas ou doenças por
excesso, próprios da dieta onívora, costumam aparecer em longo prazo, segundo a
AED-N, enquanto os provocados por deficiência, caso dos vegetarianos, costumam
se manifestar em prazo mais curto. A população, no seu entender, teme mais a
"deficiência alimentar que o excesso", seguramente pelo fato de a primeira se
manifestar de forma mais visível.

A conclusão desse grupo é
esclarecedora: "Podemos dizer que o aumento do vegetarianismo entre a população
espanhola reduziria as doenças crônicas relacionadas à alimentação onívora, mas
também podemos chegar a supor que se poderiam acrescentar novos sintomas e
doenças à lista relacionada às deficiências".

Três dietas, três
filosofias

OVO/LACTO-VEGETARIANA
Atrás desse nome complicado se
esconde a dieta vegetariana mais freqüente na Espanha e no resto da Europa, além
de ser a mais branda. Como os demais vegetarianos, baseiam suas refeições no
consumo de cereais, verduras, hortaliças, frutas, legumes, sementes e frutas
secas. O que diferencia a ovo-lacto das outras correntes é que sua alimentação
inclui tanto os produtos lácteos como os ovos, algo totalmente renegado pelo
vegetarianismo mais estrito. Sua brandura também a transforma na dieta que exige
menos suplementos, segundo
especialistas.

LACTO/OVO-VEGETARIANA
Primos-irmãos dos anteriores, os
lacto-vegetarianos consomem leite e derivados, mas excluem os ovos, enquanto os
ovo-vegetarianos se inclinam justamente pelo contrário: não aos produtos
lácteos, sim aos ovos. A exclusão do leite e seus derivados da dieta é um dos
pontos mais polêmicos desse tipo de alimentação, já que tradicionalmente se
considera que sua contribuição de cálcio é imprescindível para o organismo.
Também é polêmica a rejeição aos ovos, pois estes contêm aminoácidos e,
sobretudo, a necessária vitamina B12.

VEGAN
A mais estrita. Os
"vegans", conhecidos como vegetarianos totais, recusam os produtos lácteos e os
ovos, e por isso são mais suscetíveis de precisar de suplementos, especialmente
de vitamina B12. Também é nesse tipo de alimentação que pesam mais as motivações
éticas, já que recusam tudo o que consideram exploração animal (mel, pele,
couro, touradas, experiências…). "Ela contribui para diminuir a fome mundial,
para a proteção do meio ambiente e para melhorar a qualidade de vida de todo o
planeta", afirmam.

Tradução: Luiz Roberto Mendes
Gonçalves

Publicado originalmente no La Vanguardia de Madri em 26/06/2007

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