Aldeia Nagô
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Arruda, O Grupo Abril e a Tempestade no Cerrado por Geraldo Galindo

5 - 6 minutos de leituraModo Leitura

"Numa cidade acostumada a
conviver com exibições grotescas de todo tipo de privilégio e
desperdício de
dinheiro público, o governador chegou pela contramão ( Revista Veja, 15
de Julho
de 2009, se referindo ao presidiário do DEM, ex-governador do
DF)


O jornalista Mauro Carrara publicou artigo recente onde
conclama os verdadeiros democratas a assumirem seus postos na defesa da
verdadeira liberdade de imprensa (veja: http://rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/carrara-a-midia-e-a-tempestade-no-deserto-e-guerra). 
Diz ele que está em curso no Brasil a operação "Tempestade no Cerrado",
que
seria um plano orquestrado pela mídia golpista na  tentativa de
desestabilizar o
governo e a candidatura da ministra Dilma Rousseff. Para Carrara
qualquer
escrito postado na internet e circulando por e-mail é uma forma de se
contrapor
ao cerco da imprensa burguesa.

Qualquer observador mediano percebe como funciona o plano da
ditadura midiática instalada no país. O esquema é simples: um jornal ou
revista
(Folha, Veja, Época, Estadão, O Globo etc) divulga uma denúncia, esta é
reverberada no noticiário da TV com todo estardalhaço, as oposições no
parlamento caluniam os acusados (normalmente gente do governo,
preferencialmente
do PT) e pedem instalação de CPIs. Centenas de artigos serão escritos,
debates
com figuras escolhidas a dedo "discutirão" os temas (como aqueles que
reúnem as
piruas do Jô) e milhares de preconceituosos e racistas desfilarão ódio  e
insultarão o presidente com e-mails e cartas aos jornais e revistas.

Seguindo a orientação de Carrara, assumo meu posto de combate
e abordarei aqui a forma como a Veja tratou o "escândalo" da Bancoop,
envolvendo
o tesoureiro do PT, João Vaccari e o escândalo do "mensalão" do DEM.
Antes é
necessário resgatar uma badalada entrevista feita com ex-governador do
Distrito
Federal nas privilegiadas páginas amarelas do semanário da  família
Civita.

É bom lembrar também que aquele espaço é concedido
normalmente a quem se afina com a linha editorial da revista,
marcadamente de
direita, defensora dos privilégios da elite corrupta e avarenta do país.
Era o
mês de Julho de 2009 e a oposição procurava um vice para Serra. José
Roberto
Arruda era um nome perfeito para a Veja, "homem na contramão do
privilégio e do
desperdício", conforme a texto introdutório da entrevista, que se
limitou a
levantar a bola  para deixar inteiramente à vontade o chefe de uma
organização
criminosa que seria desbaratada posteriormente pela eficiente Polícia
Federal 
fortalecida pelo  governo Lula. 

"O fisiologismo está entranhado na política. A única
diferença entre um governante e outro é o limite de tolerância em
relação à
prática". Esta frase foi uma das que a Veja costuma destacar nas
entrevistas.
Logo depois,  uma pergunta curiosa é feita para que o homem "do rigor e
da
seriedade" arrematasse: "Qual o seu limite?" E ele respondeu para
orgasmo do
entrevistador: – É o limite ético. Depois o ex-senador vai dizer que
quando é
abordado por alguém com interesses antiéticos ele se finge de bobo. Como
se vê,
não tinha nenhum bobo na conversa. A Veja queria ali fazer uma
contraposição de
um governo supostamente ético e eficiente ( o do DEM/PSDB) com  outro,
supostamente corrupto e fisiológico, o do  presidente Lula. Seis meses
depois, o
exemplo de administração pública do Grupo Abril se encontra 
olimpicamente
desmoralizado e seu executor do projeto, atrás das grades.

Até os iniciantes na política  sabem que o DEM (ex-ARENA,
ex-PDS, ex-PFL) funciona mais como quadrilha do que como  agremiação
partidária.  Seus principais quadros são quase todos originários das
oligarquias
corruptas e violentas que saquearam o país no tenebroso período da
ditatura. O
mais destacado quadro do "partido" no período recente foi o senador ACM,
uma
excrescência política, figura abjeta – deplovel em todos os
sentidos. Aqueles
senadores e demodeputados que clamam por ética, liberdade de expressão
naa
atualidade, foram os mesmos que apoiaram a censura,  as torturas e
assassinatos
políticos e  se enriqueceram mamando na tetas dos sofridos cofres
públicos.

Voltando ao assunto, a família Civita não deu uma capa sequer
à quadrilha do DEM/PSDB que se instalou em Brasília com ramificações em
outros
estados, mas já colocou em duas  o surrado caso  da Bancoop (de 2005),

divulgado por outra revista, que não teve repercussão alguma. Com base
em
depoimento de um procurador desqualificado e sem ouvir o tesoureiro do
PT, fez
denúncias requentadas no afã de alterar o quadro eleitoral – que a cada
momento
piora para o lado deles. É difícil de entender porque eles insitem nessa
tática
udenista de atacar pelo lado moralista – quando não tem moral alguma – ,
e pelo
fato desse caminho não ter sido suficiente para virar o quadro na
eleição
passada.

O resultado da pesquisa do Ibope desta semana demonstra que
apenas 5% dos brasileiros desaprovam o governo Lula que eles tanto
desqualificam. 53%  dos eleitores dizem preferir votar no (a) candidato
(a) 
apoiado (a) pelo presidente Lula, enquanto apenas 10% se inclina a votar
na
oposição. Assim, é de se  supor, como bem disse  Carrara, que denúncias
requentadas e infundadas virão por aí, e nós, aqueles que não se calam e
nem se
acovardam diante do rolo compressor do PGI (Partido da Mídia Golpista,
caracterização de Paulo Henrique Amorim para os barões da mídia e seus
associados) estaremos de prontidão para a defesa da democracia e da
verdadeira
liberdade de expressão.

(*) Geraldo
Galindo é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia, da Associação dos
Funcionários do BNB e membro da Executiva Estadual do PCdoB-Bahia.

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