Ascensão e decadência do carnaval elitista, segregador e racista de Salvador. Por Valdélio Silva
A ocupação das ruas de Salvador pelos trios elétricos no passado foi uma revolução tecnológica, aproximou os artistas dos seus seguidores e democratizou o acesso do povo ao carnaval.
Os trios foram instrumentalizados, a seguir, pelos empresários dos blocos que os transformaram em fábricas de dinheiro e de exploração, sobretudo, da carne negra: contrataram com salário vil compositores e cantores das periferias, instituíram a classificação de raça, gênero e classe para os blocos e reinventaram o trabalho escravo com a criação dos cordeiros e dos capitães do mato dentro dos blocos.
Mais recentemente, esses empresários vampiros, com a conivência e a omissão dos governantes, inventaram camarotes luxuosos para promover orgias particulares dos brancos dentro do espaço que já fora do carnaval. Os camarotes do circuito Barra/Ondina são a expressão mais grotesca da falência do carnaval.
Na tentativa de se perpetuar, esse sistema violento e racista de organização do carnaval elege políticos, compra parte da imprensa, privatiza o espaço público, pois não poderiam prosperar sem o apoio dos poderosos, tudo isso para manter um carnaval lucrativo e segregado. Mas, há sintomas de que o modelo está falindo, um deles são as recentes tentativas de dar uma aparência democrática ao carnaval introduzindo o que eles chamam de “carnaval pipoca”! Isso é mais uma farsa! Carnaval democrático de Salvador é a Mudança do Garcia!
Valdélio Silva é Professor Universitário